Uma certidão apresentada pelo próprio governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), aponta que o comunista, possivelmente, tomou conhecimento antecipado de que havia sido denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PRG) por suposto recebimento de R$ 400 mil de propina da empreiteira Odebrecht, descoberto durante investigações da Lava Jato, maior esquema de corrupção do país já desbarato pela Polícia Federal.
De acordo com a documentação, divulgada pelo chefe do Executivo estadual nas redes sociais, é confirmado que ele, de fato, embora relator na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara do projeto de interesse da Odebrecht, não apresentou qualquer manifestação sobre a matéria.
Contudo, chama a atenção a data da certidão apresentada pelo comunista, de 17 de março deste ano, três dias após o chefe da PGR, Rodrigo Janot, haver pedido ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de 83 inquéritos contra políticos delatados pelos funcionários da Odebrecht na investigação da Lava Jato.
Entregue em dez caixas, o calhamaço é baseado nos 950 depoimentos de 78 delatores da Odebrecht e centenas de provas, dentre estas as apresentadas pelo ex-diretor da empreiteira, José de Carvalho Filho, que denunciou o suposto pixuleco ao então deputado federal comunista, em troca de voto favorável ao Projeto de Lei 2.279/2007, que se aprovado atribuiria “segurança jurídica a investimentos do grupo Odebrecht”. O temor da empresa era que leis americanas vedando investimentos em Cuba fossem aplicadas no Brasil.
Flávio Dino, como se sabe, é irmão do subprocurador-geral da República, Nicolao Dino, possível substituto de Janot.
Além disso, embora Dino tenha sido assessor direto do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, dono de um instituto para o qual o governo comunista já repassou mais de R$ 1,4 milhão por um curso on-line, o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo, assinou eletronicamente a determinação da abertura de inquérito contra o governador do Maranhão e os outros acusados somente na semana passada, dia 4 de abril, quase um mês depois do comunista já haver solicitado a tal certidão à Câmara.
Apesar da suspeita do possível conhecimento prévio de que havia sido denunciado ao STF por caixa dois, não há, porém, confirmação de que o suposto vazamento partiu e se partiu da PGR. Ainda assim, fica levantada a estranheza do interesse do governador em buscar uma certidão da Secretaria-Executiva da CCJC da Câmara, exclusivamente, sobre esse projeto, apresentado por ele e anilhados como especie de “salvo-conduto” somente agora.
Deixe um comentário