O presidente da Comissão de Ética da Assembleia Legislativa do Maranhão, deputado Rogério Cafeteira (PSB), deve reunir o colegiado, nesta quarta-feira 25, para designar a subcomissão de inquérito destinada a apurar as representações que pedem a cassação dos mandatos dos deputados Levi Campos (PCdoB) e Cabo Campos (PEN), por quebra de decoro parlamentar.
Cafeteira é líder do governo Flávio Dino na Casa. Os próprios Levi e Campos também fazem parte da base governista no Palácio Manuel Beckman.
Levi Pontes
Em março, Levi Pontes foi novamente flagrado em áudio utilizando a estrutura pública do Palácio dos Leões, em troca de votos no município de Chapadinha, onde mantém feudo eleitoral. Em 2016, ele já havia sido flagrado negociando pescado adquirido com recursos públicos da prefeitura de Chapadinha, também em troca de votos. Os peixes seriam distribuídos para pessoas carentes na cidade durante a Semana Santa, mas Levi queria direcionar o produto para outras cidades onde também faz política. Apesar da gravidade, o caso acabou arquivado pela Comissão de Ética, sob a alegação de que o áudio, embora gravado e enviado num grupo de WhatsApp pelo próprio Levi, era clandestino.
Na nova gravação, ele explica que a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Chapadinha é de responsabilidade do município, mas o governo Dino teria assumido o compromisso de mantê-la até o fim do mês de março, quando a SES pretende entregar o Hospital Macrorregional da cidade. Num dos trechos, ele revela que estaria chantageando o prefeito da cidade, Magno Bacelar (PV).
“Me pediu [Magno Bacelar] para manter e para melhorar a prefeitura pelo menos um pouco, mais um ano. Resposta minha: ‘depende, prefeito. Se o senhor me tratar bem eu posso conseguir’. Porque do jeito que eu consegui para botar para funcionar, eu consigo que o governador devolva o que é dele”, disse.
Em outro trecho, Levi Pontes direciona ofensas à figura do próprio governador Flávio Dino, afirmando que tem ajudado o chefe do Palácio dos Leões, e que por isso, também exigiria ser ajudado.
“Botar retrato de macho dentro de casa… Até no meu quarto de dormir eu tirei o da mulher e botei o dele [Flávio Dino]. Não é possível que esse filho da puta [sic] não me ajude […] Mão lavada, lava a outra. Se eu estou ajudando ele, então ele tem que me ajudar. Não tem comida de graça”, completou.
A representação contra Levi Campos foi movida pela deputada Andréa Murad (PRP).
Cabo Campos
Já contra o deputado do DEM, a acusação é de violência doméstica.
Em fevereiro desde ano, Cabo Campos foi acusado pela própria mulher, Maria José Campos, de agressão verbal e física. Em boletim registrado na Delegacia Especial da Mulher (DEM), ela relatou que, após uma discussão, foi atingida com golpes na cabeça e na boca, na presença de dois filhos. Ainda segundo a vítima, ultimamente ela vinha sendo agredida verbalmente e constrangida pelo marido. Numa foto que circula nas redes sociais, ela aparece hospitalizada, com hematomas, parte do lábio inferior ferido e utilizando um colar cervical.
Apesar do caso não ter qualquer relação com a função parlamentar, o processo contra Campos tramita no Tribunal de Justiça do Maranhão, por alegação do deputado possuir prerrogativa de foro. Como medida protetiva à Maria José, o desembargador-relator José Luiz Almeida, inclusive, determinou o afastamento do deputado da residência do casal, e deferiu outras três medidas protetivas em favor da esposa agredida, dentre elas a proibição de o parlamentar chegar a menos de 200 metros dela ou tentar qualquer tipo de comunicação.
“A vítima informou que ultimamente tem sofrido agressões verbais e constrangimento moral de seu esposo e que durante uma discussão entre o casal foi agredida de forma violenta e inesperada, tendo o agressor desferido golpes em sua cabeça e boca, lesionando-a, e que os fatos ocorreram na presença de seus dois filhos”, relatou o magistrado em sua decisão.
A presentação contra Cabo Campos foi movida pelo Fórum das Mulheres, com o auxílio da Procuradoria da Mulher na Assembleia Legislativa do Maranhão, que tem como presidente a deputada Valéria Macedo (PDT).
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