O juiz Sergio Moro disse, nesta terça-feira 6, que atuará no comando do Ministério da Justiça e Segurança Pública no governo de Jair Bolsonaro (PSL), a partir de 2019, utilizando o modelo de forças-tarefas ao estilo da Operação Lava Jato para combater o crime organizado no país.
Em entrevista coletiva em Curitiba — a primeira concedida após ele anunciar que aceitou o convite do presidente eleito, e a segunda desde quando assumiu operação federal —, Moro afirmou que pretende “avançar na pauta do enfrentamento não apenas à corrupção como ao crime organizado”.
“Nova York, na década de 1980, combateu cinco famílias poderosas por meio da criação de forças-tarefa. O FBI, em conjunto com as Promotorias locais ou federais, logrou desmantelar organizações”, afirmou o magistrado.
Para integrar sua equipe na pasta, já chamada de superministério por retomar o controle da Polícia Federal (PF) e outros órgãos de controle, Moro confirmou que vai convidar “nomes da Lava Jato”.“Pretendo chamar pessoas absolutamente qualificadas e nomes da Lava Jato”, disse.
Moro disse que sua intenção “é apresentar uma série de propostas legislativas para aprimorar o quadro legal contra corrupção e crime organizado”. Ele também defendeu “a proibição de progressão de regime prisional quando houver prova de ligação do preso com organizações criminosas” e destacou que pretende resgatar parte das propostas das 10 Medidas contra a Corrupção do Ministério Público Federal (MPF). “A ideia é que essas reformas sejam propostas simples e possam ser aprovadas em um breve tempo”.
Sergio Moro repudiou a crítica de que persegue o PT e de que sua nomeação tenha sido uma espécie de recompensa. “Não foi feito isso durante a Operação Lava Jato, as pessoas foram condenadas com base nos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa e com base em provas robustas, e não com base em suas opiniões políticas. Não vai ser no ministério que eu vou começar a realizar isso”, afirmou.
A Lava Jato
Deflagrada na capital do Maranhão em março de 2014, quando prendeu o doleiro Alberto Youssef, a Lava Jato desbaratou um forte esquema de corrupção e cartel instalado na Petrobras.
A força-tarefa da operação reúne a PF, a Procuradoria Geral da República (PGR) e a Receita Federal do Brasil (RFB), em alto grau de entrosamento com o Poder Judiciário.
Nas já 53 fases ostensivas, levou à prisão poderosos empreiteiros, doleiros, ex-dirigentes estratégicos da estatal petrolífera e políticos, dentre eles o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (MDB-RJ), e ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Principalmente após a prisão do petista, a operação passou a ser foi alvo de críticas, inclusive do governador Flávio Dino (PCdoB).
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