O deputado estadual Duarte Júnior (PCdoB) usou uma fake news para tentar se promover moralmente e atacar a imprensa que utiliza a ferramenta virtual blog, nesse sábado 27, durante o XI Congresso Nacional de Direito, promovido pelo Instituto Maranhense de Defesa do Consumidor e Ensino Jurídico (Imadec).
Em palestra sobre “educação e democracia em tempos de crise”, o parlamentar distorceu uma pergunta feita nesta semana pelo jornalista Samartony Martins, numa live pelo Facebook do jornal O Imparcial, e afirmou aos participantes que sua viagem para Harvard, em Boston (EUA), não gerou custo ao Estado.
“Eu tive a oportunidade de passar uma semana estudando em Harvard, e até nisso fizeram fake news. Fui dar uma entrevista ontem ao jornal O Imparcial e o repórter falou assim: Duarte, como é que foi o passeio? Aí eu: primeiramente, quero destacar que não foi uma viagem a passeio, eu fui pra estudar, e não houve nenhum custo pro Estado, mas o que rolou no blogs, foi que de que eu estava gastando milhões, um absurdo. Apresentei o Portal da Transparência, tudo direitinho, mas, houve a fake news”, disse.
A informação, porém, como mostrou o ATUAL7 no último dia 13, é falsa.
Segundo consta no Portal da Transparência do Governo do Maranhão, Duarte Júnior pediu o reembolso de cinco diárias para a Assembleia Legislativa, tendo recebido do Poder Legislativo o total de R$ 4 mil, desde o dia 5 deste mês.
Além de mentir sobre os custos gerados ao erário estadual, o deputado também tem se omitido a comentar sobre o assunto. No último dia 6, portanto um dia depois dele haver embolsado o dinheiro público, o ATUAL7 enviou à sua assessoria questionamento sobre os gastos com a viagem, mas até o momento não recebeu qualquer resposta.
Ainda durante a palestra sobre “educação e democracia em tempos de crise”, Duarte Júnior aproveitou a disseminação da fake news sobre o custo gerado ao Estado com sua ida à Harvard para atacar os blogs – utilizando para isso o mesmo discurso de ódio de corruptos e malfeitores descobertos e denunciados por esse canal de comunicação jornalística.
Segundo o deputado, “para transformar o país numa verdadeira pátria educadora”, a primeira ação a ser adotada é não ler blogs, além de denunciá-los, pois, segundo ele, todos publicam apenas conteúdo pago.
“Primeiro passo é não ler blogs, pronto! Saiam disso. Vai lá no computador de vocês (sic), denunciem todos os blogs. Não leiam blogs. Por que blogs, senhoras e senhores, eles publicam aquilo que eles são pagos para publicar”, declarou.
Ainda ontem e, novamente, neste domingo 28, o ATUAL7 tentou contato por e-mail e por telefone com Duarte Júnior, por diversas vezes, para que ele pudesse apontar qual fonte oficial utilizou para garantir aos participantes do XI Congresso Nacional de Direito que não houve custos aos cofres do Estado com sua ida à Harvard; quais blogs teriam publicado que ele gastou milhões com a viagem; onde ou para quem ele “apresentou o Portal da Transparência, tudo direitinho”; e para que, diante das graves acusações, apontasse algum caso que comprovasse as declarações contra os blogs.
Até o momento, porém, não houve retorno da nota solicitada, e as diversas ligações chamaram até cair ou foram binadas pelo parlamentar.
Imadec diz que opinião de Duarte Júnior não representa a do instituto
Também procurado pelo ATUAL7, o Imadec encaminhou nota, assinada pelo seu diretor-geral Kelson Castelo Branco, em que assegura não concordar com as declarações do deputado Duarte Júnior sobre blogs.
Afirmando que o foco das palestras era a discussão acadêmica, o instituto se coloca contra a censura e à favor da liberdade de expressão.
Confira abaixo a nota do Imadec:
“Este instituto, em resposta à informação solicitada, declara que, tratou-se de evento acadêmico em que os convidados/palestrantes puderam expor/debater acerca dos mais variados temas da área jurídica. Neste sentido, as opiniões então emanadas são de inteira e exclusiva responsabilidade dos respectivos palestrantes, não representando, portanto e necessariamente, a opinião deste instituto. Vale lembrar que nunca houve (e nunca haverá) censura à liberdade constitucional de expressão, bem como reiterar que o foco era a discussão acadêmica entre todos os operadores do Direito presentes. Atenciosamente, receba meus respeitosos cumprimentos, com desejo de um excelente domingo.”
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