O debate entre os candidatos à prefeitura de São Luís, transmitido online pela iMirante e O Estado na noite dessa terça-feira 20, foi marcado pela troca de acusações entre quase todos os adversários. Apenas Yglésio Moyses, candidato do PROS ao Palácio de La Ravardière, foi propositivo e técnico, mantendo o perfil de debates anteriores.
Temas como corrupção e regalias custeadas com recursos públicos deram o tom do debate. Apenas Rubens Pereira Júnior (PCdoB) tentou nacionalizar a discussão, ao falar que tem o apoio do ex-presidente Lula (PT) e que Eduardo Braide tem —mas, segundo ressaltou, esconde— o do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
O candidato do Podemos foi o alvo preferencial dos adversários, sendo questionado por Bira do Pindaré (PSB), Neto Evangelista (DEM) e Duarte Júnior (Republicanos) sobre o período em que foi presidente da Caema (Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão) e a respeito de problemas históricos de abastecimento de água e falta de saneamento básico em diversos bairros da capital.
“Em algum momento da sua vida você já esteve satisfeito com a Caema?”, questionou Neto aos que acompanhavam o debate.
Em resposta, o candidato do Podemos disse que fez concurso público na Caema para mais de 1 mil vagas, e que criou um programa que teria levado água para os então 100 municípios mais pobres do Maranhão, aumentando o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) de cada um deles. Afirmou ainda que as praias da capital não eram poluídas quando presidiu a Caema.
Neto Evangelista e Duarte Júnior trocaram críticas sobre uso de regalias concedidas por lei aos parlamentas da Alema, como a verba de gabinete e 18º salário —este último já extinto pela Mesa Diretora da Casa. Nesse embate, o candidato do Republicanos saiu-se melhor, ao relembrar que o adversário, em meio à pandemia, deu versões distintas sobre a participação em um churrasco, sem uso de máscara e em outra cidade, no período em que São Luís estava de confinamento para evitar a propagação do novo coronavírus.
“Durante a pandemia, você foi para Santa Rita fazer um churrasco. Você mentiu nas redes sociais, fez dois vídeos. Perceba que, primeiro você erra, aí consciência pesa ou alguém sopra ao seu ouvido, e você vai lá e muda de ideia”, disse Duarte Júnior a Neto, relembrando sobre o parlamentar ter recebido 18 salários como deputado e ainda haver dito no Fantástico, da Rede Globo, que o benefício era “pouco”.
Em embate com Duarte, Eduardo Braide deu sinais de que tem o candidato do Republicanos como principal adversário na disputa, já que estudou sobre sua vida pública. Citando, por diversas vezes, o lema “bora resolver”, cobrou dele a devolução aos cofres públicos de parte do salário por faltas em sessões legislativas na Assembleia.
“Se o Procon tivesse realmente funcionado de verdade na época do candidato Duarte, o primeiro que tinha de ser multado era ele, por propaganda enganosa. ‘Bora resolver’, ‘bora resolver’ e devolver o salário que você deve ao povo do Maranhão, dos 21 dias que você não trabalhou na Assembleia este ano”, provocou.
Mesmo acuado com a acusação de gazetear as sessões na Alema e não ter desconto em seus vencimentos, Duarte Júnior devolveu o ataque questionando Braide sobre que trabalho foi feito por ele durante sua passagem na administração de João Castelo (já falecido) em São Luís, e o destino de suas emendas parlamentares para o interior do Maranhão. Também relembrou a respeito de investigação da Polícia Federal em que Braide figura como alvo, e da prisão de um assessor do candidato do Podemos, quando deputado na Assembleia Legislativa, por envolvimento na chamada Máfia de Anajatuba.
Segundo Braide, certidões negativas apresentadas à Justiça Eleitoral, no registro de sua candidatura, comprovariam que ele jamais foi investigado. Sobre o assessor, porém, nada falou.