Eliseu de Tantan
Presidente da Câmara de Pinheiro protela para próxima segunda-feira posse de Ana Paula Lobato como prefeita
Política

Afastamento do mandatário foi determinado pelo TRF-1 no bojo da Operação Irmandade, deflagrada contra desvios em contratos de R$ 38 milhões da saúde e educação

Apadrinhado pelo prefeito de Pinheiro, Luciano Genésio, para a presidência da Câmara de Vereadores do município, o vereador Eliseu de Tantan, ambos do PP, resolveu postergar para a próxima segunda-feira (17) a tomada de posse da vice-prefeita Ana Paula Lobato (PDT) no comando interino do Executivo.

O afastamento do mandatário foi determinado pelo desembargador do TRF (Tribunal Regional Federal) da 1ª Região, Cândido Ribeiro, no bojo da Operação Irmandade, deflagrada nessa quarta-feira (12). Também está proibido de acessar ou frequentar as dependências da prefeitura e de manter contato com outros alvos da operação, e não pode se ausentar da cidade durante a investigação.

Embora a PF tenha informado que ontem mesmo oficiou Eliseu de Tantan sobre o afastamento de Luciano Genésio da função pública sem prazo para retorno ao cargo, no documento em que convoca Ana Paula Lobato para posse no cargo, o presidente do Poder Legislativo municipal afirma que somente hoje teria recebido a determinação.

Enfermeira, ela é esposa do presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão, deputado Othelino Neto (PCdoB), e disputou eleição pela terceira vez, sendo a primeira vitoriosa. As outras duas foram em 2016, também para vice-prefeita em Pinheiro, e em 2014, para deputada estadual.

De acordo com a investigação, o gestor municipal encabeçava organização criminosa envolvida em práticas de fraudes licitatórias, desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro em Pinheiro.

O esquema, ainda segundo a apuração, era integrado por Luciano Genésio, familiares do prefeito e laranjas, e envolveu ao menos dois contratos de R$ 38 milhões das áreas da saúde e educação, referentes aos exercícios financeiros de 2018 e 2020, quando Ana Paula Lobato ainda não ocupava o posto de vice-prefeita.

Ao todo, 60 policiais federais cumpriram 11 mandados de busca e apreensão e 10 mandados de sequestro de valores. Um dos alvos foi a residência de Luciano Genésio em Pinheiro, que ao tomar conhecimento da investigação, segundo a PF, ampliou o desvio de recursos públicos.

Procurada pelo ATUAL7, a defesa do prefeito encaminhou, horas depois, nota de teor populista divulgada pelo gestor municipal nas redes sociais, em que ele nada fala especificamente sobre os indícios de crimes apontados pela PF, mas garante ser “homem responsável e obediente às leis”.

Segundo a investigação, que ainda tramita sob sigilo, duas empresas contratadas pela gestão municipal e que seriam pertencentes ao próprio Luciano Genésio teriam transferido parte dos recursos públicos recebidos da prefeitura para a conta pessoal do mandatário logo após os pagamentos.

A PF diz que a denominação “Irmandade” faz referência à composição da organização criminosa, que possui, tanto no núcleo político, quanto no núcleo empresarial, irmãos entre os participantes do estratagema criminoso.