Luís Cláudio Lula
Lula e seu filho são indiciados pela PF por lavagem e tráfico de influência
Política

Segundo investigação, a Odebrecht patrocinou empresa de Luís Cláudio em troca de benefícios no governo

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e seu filho Luís Cláudio foram indiciados pela Polícia Federal (PF) pelos crimes de lavagem de dinheiro e tráfico de influência.

De acordo com a TV Globo, que revelou a informação, a PF investigou pagamentos à empresa Touchdown, do filho de Lula, que chegaram a R$ 10 milhões, apesar de a empresa ter capital social de apenas R$ 1 mil.

A Touchdown é alvo de investigação desde 2017, com base nas delações da Odebrecht no âmbito da Operação Lava-Jato. O indiciamento, segundo o portal G1, ocorreu em janeiro, mas estava sob sigilo.

A pedido da PF, a juíza Bárbara de Lima Issepi, da 4ª Vara Criminal Federal de São Paulo, determinou que a investigação seja encaminhada para uma vara especializada em crimes financeiros. O caso está sendo analisado agora pela força-tarefa da Lava Jato em São Paulo.

A defesa de Lula e do filho negam as acusações.

Em delação premiada, o ex-executivo da Odebrecht Alexandrino disse que o ex-presidente Lula teria solicitado que Emílio Odebrecht ajudasse seu filho Luís Cláudio na carreira de empresário. Como contrapartida, Lula manteve contato com a empreiteira para beneficiá-la no governo Dilma Rousseff.

Alencar entregou à força-tarefa recibos de pagamento da Empresa Concept, contratada por ele para ajudar na criação de uma liga de futebol americano no Brasil. Alexandrino revelou que a Odebrecht pagou a maior parte do serviço, o equivalente a cerca de R$ 2 milhões e cerca de R$ 120 mil foram pagos por Luís Cláudio. 

A PF defende que o contrato entre a empresa de Luís Cláudio e a Concept não foi formalizado, mesmo com as expressivas quantias pagas. O inquérito aponta que os serviços prestados pela Concept à empresa de Luís Cláudio estariam ao menos 600% acima do valor de mercado. O diretor da Concept afirma que o valor da consultoria custou entre R$ 300 e R$ 400 mil. 

A investigação também cita que Luís Cláudio usou um laranja para movimentar dinheiro ilícito. Uma empresa de recreação e produção de doces e salgados recebeu R$ 846 mil da Touchdown em 2013. 

Ouvidos na apuração, integrantes da Confederação Brasileira de Futebol Americano afirmaram que não receberam patrocínio anual e nem investimentos que durassem tantos anos, em valores desse tamanho, e sem contrato oficial. 

A Receita Federal aponta indícios de que a Touchdown omitiu receitas em movimentações financeiras. 

Convocação de filho de Lula e de ex-ministros é rejeitada por CPI do Carf
Política

Três empresas de Luís Cláudio Lula foram alvos de ações de busca e apreensão na Operação Zelotes, da Polícia Federal

Os pedidos de convocação de Luís Cláudio Lula da Silva, filho do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, e dos ex-ministros Gilberto Carvalho e Erenice Guerra foram rejeitados por unanimidade, nesta quinta-feira 5, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga fraudes no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). Os pedidos foram propostos pelo presidente da CPI, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), que já havia apresentado requerimentos iguais antes, o que gerou reclamação da relatora, senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM). A informação é da Agência Senado.

— É a terceira vez que o requerimento sobre a ex-ministra Erenice é votado. Nas duas vezes anteriores foram rejeitados. São requerimentos com objetivos meramente políticos. O político não pode sobrepor ao técnico. Nós não vamos desvirtuar os objetivos da CPI — afirmou.

A senadora também defendeu o filho do presidente Lula.

— Não estou prejulgando, mas uma grande injustiça está em curso. Não há nada que sugira que ele tenha cometido algum crime. Luís Cláudio é apenas dono de uma empresa que recebeu pelo serviço prestado a um escritório envolvido no escândalo de corrupção — disse.

Ataídes de Oliveira discordou e disse que fatos no âmbito da Operação Zelotes, da Polícia Federal, justificavam novos pedidos de oitivas.

— Há ligação contundente dos ex-ministros e do Luís Cláudio na venda de medidas provisórias. Esses requerimentos já haviam sido apresentados por mim e foram rejeitados. Agora, diante de novos fatos da quarta fase da Operação Zelotes, vejo que há fraturas expostas em relação a esses três convocados — argumentou.

A Zelotes investiga fraudes nos julgamentos do Carf. No fim de outubro, três empresas do filho do ex-presidente Lula foram alvos de ações de busca e apreensão. Segundo a PF, uma delas, a LFT Marketing, teria recebido pagamentos do escritório Marcondes e Mautoni, investigado por ter atuado de forma ilegal no Congresso na aprovação das medidas provisórias 512/10 e 627/13, que beneficiaram o setor automotivo.

Sigilos

A CPI também rejeitou requerimentos de quebras de sigilo do filho de Lula, da LFT Marketing e da Guerra Advogados Associados, da ex-ministra Erenice Guerra.

Os senadores também derrubaram convocação e quebras de sigilo de Carlos Juliano Ribeiro Nardes, sobrinho do ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Augusto Nardes, o que provocou revolta do senador Randofe Rodrigues (Rede-AP).

— Inacreditável, inaceitável a não aprovação dos requerimentos relativos a Juliano Nardes. Em relação aos ex-ministros, dá até para entender as razões políticas, mas por que não Juliano Nardes? Pessoas ouvidas pela CPI relataram o envolvimento dele. Dois funcionários da empresa do articulador do esquema estiveram aqui em uma acareação e ambos confirmaram. É um fato objetivo que ocorreu no âmbito da CPI — reclamou.

A CPI do Carf foi instalada em maio e tem prazo de funcionamento até 18 de dezembro.