Apesar de muita propaganda nas redes sociais pelo governador Flávio Dino (PCdoB) e pelos secretários estaduais Carlos Lula (Saúde) e Simplício Araújo (Indústria, Comércio e Energia), dos 107 respiradores comprados da China por empresas e doados ao Maranhão para uso exclusivo em UTIs (Unidades de Tratamento Intensivo) para Covid-19, até o momento, apenas 61 novos leitos foram inaugurados.
De acordo com dados do boletim epidemiológico da SES (Secretaria de Estado da Saúde, na noite do último dia 14, quando os aparelhos chegaram, o Maranhão contava com 132 leitos de UTI exclusivos para infectados pelo novo coronavírus –80 em São Luís, epicentro da pandemia no estado.
Quase duas semanas depois, segundo balanço da SES desse domingo 26, a rede pública estadual registra, atualmente, apenas 193 leitos de UTI exclusivos para Covid-19 –112 na capital.
Ou seja: 12 dias após a chegada dos 107 respiradores, apenas 61 novos leitos para pacientes infectados com o novo coronavírus foram inaugurados, restando 46.
Há cerca uma semana, inclusive, o Governo do Maranhão anunciou o aluguel das instalações do Hospital Real e o arrendamento da Clínica São José, para entrega de novos 250 leitos, entre UTIs e clínicos, em São Luís.
Embora haja muita promessa, propaganda e dezenas de respiradores disponíveis para uso, a falta do aparelho pode ter levado um paciente à óbito, no último sábado 25. Internado na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da Cidade Operaria, em São Luís, o idoso José Ribamar Santos Rodrigues, de 78 anos, aguardou ser transferido para um leito de UTI exclusivo para Covid-19 por quatro dias, exatamente no Hospital Real, até não mais resistir em um leito de enfermaria.
Na guia de regulação de leitos, obtida pelo ATUAL7, o médico diz que o idoso estava em estado muito grave, e que necessitava da transferência, justamente, em razão da falta de respirador na unidade.
Nas redes sociais, irritado com a críticos à falta de transparência na ocupação dos leitos de UTI para Covid-19 no estado, Carlos Lula tentou vitimizar-se e, sem citar nomes, partiu para o ataque.
“Em tempos de necropolitica, nada mais simbólico do que gente querendo palco com a dor alheia. Tenham piedade, meus amigos. Se não pode ajudar, não atrapalhe. Não passam de hipócritas. Vocês não possuem nenhuma solidariedade com a dor do outro”, escreveu.
Procurado para explicar a distribuição dos respiradores, o Governo do Maranhão não retornou o contato.
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