Sem prestar contas à população de São Luís sobre a negociação à portas fechadas ocorrida no Palácio de La Ravardière, o prefeito Eduardo Braide (Podemos) anunciou o encerramento da greve dos rodoviários e retorno imediato dos coletivos às ruas nesta segunda-feira (1º). Segundo gestor municipal, sem aumento no preço da tarifa de ônibus.
O fechamento do acordo sem a divulgação de detalhes ocorreu em meio à ameaça, ainda que de difícil efetivação, de abertura de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na Câmara Municipal e Assembleia Legislativa do Maranhão para apurar indícios de irregularidades nos contratos de concessão pública fechados pelo Palácio de La Ravardière com os barões do transporte público da capital.
O TCE (Tribunal de Contas do Estado) do Maranhão também promete investigar o caso.
O retorno dos ônibus às ruas ocorre após 11 dias ininterruptos da frota 100% a paralisada nas garagens das empresas. Proporcionalmente, foi a maior greve do setor da história de São Luís, superando a de 2014, quando a falta de ônibus também atingiu 100% da frota, mas apenas por oito dias consecutivos.
Apesar da ausência de transparência de Braide sobre quais foram os acordos e condições para por fim ao movimento grevista, o ATUAL7 apurou que a prefeitura de São Luís se comprometeu a subsidiar em R$ 12 milhões o transporte público até o final do ano, divididos em três parcelas de R$ 4 milhões, de modo a garantir 5% de reajuste no salário dos trabalhadores rodoviários e outros benefícios para a classe.
Ainda não há confirmação de onde sairá o dinheiro, que começará a ser pago na próxima quarta-feira (3). Do total, quase 75% deverá cair diretamente na conta das empresas e o restante será desembolsado por meio do chamado cartão cidadão, outro socorro financeiro aos barões do setor, mas mascarado como garantia de passagem gratuita para pessoas que perderam o emprego durante a pandemia da Covid-19.
Paliativa, a solução encontrada por Eduardo Braide apenas adia para o ano que vem a discussão sobre o aumento da tarifa dos ônibus em São Luís. Isso porque não há previsão para novo corte no orçamento geral do município no sentido de manter esse subsídio a partir de 2022. O prognóstico é de em janeiro do próximo ano ocorra o aumento no preço da passagens dos coletivos, conforme pretendido pelos empresários do setor.