Está explicado o porquê do governador Flávio Dino (PCdoB) ter declarado que um dos resultados da reunião com governadores convocada por Dilma Rousseff (PT), na última quinta-feira, 30, “foi a defesa clara e inequívoca da estabilidade institucional” e a “manutenção legítima do mandato” da presidente da República.
O comunista quer é dinheiro.
Conforme já explicado pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), em desmentido a Dino, Dilma sequer colocou esse tema – a polêmica sobre o impeachment – em pauta. Já um aviso do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, feito menos de 24h após a reunião, de que vai começar a liberar nos próximos meses linhas de crédito para que os governos estaduais possam tomar novos empréstimos, revelou que os governadores e a presidente conversaram, ou melhor, acertaram, sob chantagem, que buscarão influenciar as bancadas estaduais no Congresso Nacional para evitar a aprovação de propostas que aumentem os gastos federais.
Em conjunto, os chefes dos Executivos estaduais se comprometeram a iniciar uma intensa mobilização contra as “pautas-bombas”, que tratam de aumento de gastos públicos no Congresso Nacional, como a apreciação dos veto ao reajuste dos funcionários do Poder Judiciário e mudanças nas regras das aposentadorias, como o fim do fator previdenciário, desde que a petista atenda uma lista de demandas para aliviar o caixa dos Estados.
A primeira demanda é a criação de um fundo constitucional de compensação de perdas com a reforma do ICMS. Originalmente, o governo defendia que esse fundo fosse alimentado apenas com recursos de uma proposta de repatriação de dinheiro não declarado de brasileiro no exterior.
Os governadores também solicitaram a sanção do projeto aprovado pelo Congresso que regulariza o uso de depósitos judiciais. Dilma sinalizou que pode acatar o pedido. Os governadores ainda solicitaram, no entanto, apoio a uma proposta que atinja Estados que já usam esses depósitos por meio de leis estaduais, como o Paraná. Antes de ser achacada, a presidente pretendia anunciar a sanção do projeto durante a reunião, mas os próprios governadores questionam o artigo do projeto que hierarquiza como os Estados podem gastar os recursos. A ideia agora é a de que os próprios governadores cheguem a um consenso para orientar a decisão da presidente, que tem até o dia 5 de agosto para se decidir sobre eventuais vetos.
Por último, que é onde Flávio Dino mais se encaixa na tática Chatô, os governadores demandaram a retomada dos empréstimos federais – especialmente via BNDES. A alegação é que operações de crédito, “represadas” pelo governo federal durante o 1.º semestre como medida para garantir o superávit primário, é uma forma de retomar investimentos e manter empregos.
A tática Chatô era um método utilizado pelo jornalista Assis Chateaubriand – fundador do Diários Associados, incluindo o jornal maranhense O Imparcial -, que ficou conhecido por se aproximar de autoridades para obter favores. Quando não conseguia, as chantageava por meio de “detonações” para extrair vantagens.
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