Relatório da Polícia Federal relacionado ao inquérito da Operação Sermão aos Peixes, que investiga suposto desvio de dinheiro público federal da Saúde no Maranhão por meio de entes privados - Organização Social (OS) e Organização de Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), confirma que a PF pediu compartilhamento de provas colhidas durante as investigações na gestão do ex-secretário Ricardo Murad para a instauração de um novo inquérito policial com o objetivo de apurar possíveis irregularidades na gestão do governo Flávio Dino.
É o que mostra trecho do documento, já divulgado mais cedo pelo blog de Marco Aurélio D'Eça e destacado acima, sobre as interceptações telefônicas efetuadas já no ano de 2015, quando Murad passou a não ter mais qualquer gerência na Secretaria de Estado da Saúde (SES), embora também tenha permanecido investigado neste período.
"Após esse período de análise, houve o pedido de compartilhamento de provas colhidas na medida cautelar de interceptação telefônica para instauração de um novo inquérito policial com o objetivo de apurar possíveis irregularidades já na gestão atual da SES MA", diz o trecho, que em outro momento revela que as escutas foram interrompidas num certo período pela morosidade do Ministério Público Federal (MPF) e da Justiça Federal, mas que as interceptações foram autorizadas novamente e retomadas logo depois, no dia 16 de julho, sendo concluídas no dia 31 do mesmo mês, ou seja, o governo Flávio Dino - assim como o ex-secretário Ricardo Murad - permaneceram sob investigação da Polícia Federal até esta data.
A revelação de que a Polícia Federal pediu compartilhamento de provas colhidas no bojo da Operação Sermão aos Peixes para a abertura de um novo inquérito, este específico sobre as supostas irregularidades no governo atual, deixou o Palácio dos Leões em polvorosa, devido a parte destas provas já serem de total conhecimento da população por terem sido publicadas por blogs maranhenses e repercutidas nacionalmente, o que, pelo menos em tese, diminui a suposta possibilidade do governador Flávio Dino interferir nas novas investigações da Polícia Federal via procurador-Geral da República, Nicolao Dino, seu irmão; e Justiça Federal, onde tem inegável bom trânsito.
Nova fase
Desde a deflagração da operação pela PF, que cumpriu 13 mandados de prisão preventiva, 60 mandados de busca e apreensão e 27 mandados de condução coercitiva, o Atual7 vem levantando esta possibilidade, com base nas notas emitas pela própria Polícia Federal, Controladoria Geral da União (CGU) e e do MPF, que também participaram da operação. Somado às divulgações de que o secretário de Saúde Marcos Pacheco e um funcionário da SES tiveram ligações interceptadas praticando supostas irregularidades com proprietários do Instituto Cidadania e Natureza (ICN), um dos entes privados apontados pela Polícia Federal como cabeça da suposta organização criminosa, reforçam mais ainda uma eminente segunda etapa da Operação Sermão aos Peixes, em semelhança com o que vem ocorrendo com outra também famosa operação para reprimir o desvio de recursos públicos federais, a Lava Jato, que teve início a partir da investigação de grupos criminosos que utilizavam uma rede de lavanderias e postos de combustíveis para movimentar dinheiro ilícito e atualmente já se encontra na 20ª fase.
Mais: a entrada do ex-secretário da Casa Civil, Aderson Lago, entre os investigados pela Polícia Federal na operação, somados à comprovação de que o mesmo ICN começou a operar no sistema estadual de saúde pública antes de 2010, também não descarta a possibilidade de abertura de um terceiro inquérito, específico para apurar governos anteriores ao da ex-governadora Roseana Sarney.
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