Apesar de pagar impostos e serem eleitores do município de São Luís, moradores e trabalhadores da Zona Rural foram excluídos pelo prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PDT) do Sistema de Bilhete Único, benefício que a partir do próximo dia 14, em tese, irá facilitar no percurso do passageiro no transporte público com apenas uma passagem descontada no cartão de transporte com direito de ir e vir no prazo estipulado pelo Executivo municipal, isto é, por apenas 1 hora e 30 minutos, caso a troca de coletivo seja no mesmo sentido; e apenas 45 minutos, caso o sentido seja diferente ao original.
A afirmação da exclusão, escondida pela Prefeitura de São Luís quando do lançamento do benefício e durante coletiva e distribuição de release à imprensa, foi postada na rede social Facebook pela pessoa responsável pela administração da página, ao responder um questionamento feito por um usuário.
“O Bilhete Único de São Luís vale somente para as linhas urbanas integradas com tarifa R$ 2,60. Na situação em que você precise utilizar um coletivo de uma linha urbana e de uma linha semiurbana o benefício não tem validade”, respondeu, deixando claro que, ao contrário do que a maioria vem acreditando, será necessário pagar as duas tarifas separadamente.
Além de ferir o princípio da isonomia e da discriminação com quem mora ou trabalha na Zona Rural de São Luís – e com quem paga a passagem com dinheiro, já que o sistema só funciona via Cartão de Transporte -, o Bilhete Único deve causar revolta na população tão logo seja implantado devido a falta de explicação do funcionamento do sistema, que tem confundido os usuários de coletivos na questão do “sentido da pista”, antes mesmo de sua implementação.
Por exemplo, se o usuário pega o ônibus Angelim no bairro em direção ao Centro, o validador da catraca eletrônica indicará IDA. Caso o usuário desça no Monte Castelo e queira ir para o São Francisco, deve pegar, por exemplo, Vinhais-Ipase, até 1 hora e 30 minutos depois do primeiro embarque. Por outro lado, caso o usuário queira ir para o bairro do Bequimão, deve pegar, por exemplo, Cohatrac IV, ainda no Monte Castelo, em parada/ponto no sentido oposto, indicado no validador da catraca eletrônica como VOLTA, dentro de 45 minutos.
A confusão que o prefeito de São Luís e o secretário de Trânsito e Transporte, Canindé Barros, não conseguem explicar – se não estiverem é escondendo a explicação – é que, caso o usuário pegue um ônibus, por exemplo, no bairro do Recanto dos Vinhas, que só vai até o Terminal de Integração da Cohama, mas descer na Curva do 90, atravessar a Avenida Jerônimo de Albuquerque e pegar na outra via um ônibus sentido São Francisco, terá apenas 45 minutos de Bilhete Único, já que o “sentido da pista” é contrário ao original ou se continuará a ter o restante da 1 hora e 30 minutos de IDA.
O exemplo também pode ser aplicado de forma mais ampla para quem sai de sua casa, na Vila Nova, e desce no Anel Viário para pegar um Parque Timbiras.
Não há certeza ainda se o sistema contará como IDA, que é o sentido real, já que o cidadão está saído de seu bairro em direção a outro, ou se será interpretado pelo sistema como VOLTA, já que o coletivo do Parque Timbiras, por lógica, está voltando para o bairro.
Além dessa confusão, uma outra questão também deve promover a revolta e indignação da população.
Nas redes sociais da Prefeitura de São Luís, veicula-se que o Bilhete Único só funcionará em ônibus de tarifa R$ 2,60. No entanto, de acordo com busólogos consultados pelo Atual7, que estudaram o projeto de implementação do sistema nas catracas dos coletivos da capital, os coletivos cujas tarifas sejam inferiores ao atuais integrados, como os de R$ 2,20 e R$ 1,90 por exemplo, também receberão o Bilhete Único, porém a tarifa, em outro veículo, num prazo de 1 hora e 30 minutos, será completada até chegar ao valor de R$ 2,60. Ou seja: se a tarifa do segundo for menor que o primeiro ônibus, não haverá descontos.
Com isso, o que tem sido lançado pela prefeito Edivaldo Júnior – com dinheiro público, por meio de propagandas pagas – como o cumprimento de promessa de campanha pode não passar, na verdade, de um grande engodo, isto caso não se caracterize logo como estelionato eleitoral, que é crime e dá cadeia.
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