Interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça Federal no bojo da Operação Sermão aos Peixes, da Polícia Federal, que investiga desvio de dinheiro público da Saúde no Maranhão, relacionam a mulher do senador Roberto Rocha (PSB-MA), Ana Cristina Ayres Diniz, a um esquema de licitação fraudulenta e superfaturamento nos valores de exames cobrados rede pública municipal pertencente à Prefeitura de Balsas, administrada pelo prefeito Luís Rocha Filho, o Rochinha (PSB), irmão do senador maranhense.
Num trecho do diálogo, gravado a partir das 16 horas e 10 minutos do dia 1º de dezembro do ano passado, os gestores da investigada Associação Tocantina para o Desenvolvimento da Saúde – Bem Viver, Cloves Dias de Carvalho e Charles Miranda Lopes, donos do Centro de Medicina Clínica Ltda, reclamam abertamente sobre a necessidade de pagamento de propina para agentes do município após vitória em uma licitação. Num dado momento, Charles Lopes diz que já estaria se precavendo quanto a isso, pois a secretária de Saúde de Balsas, segundo ele, seria a mulher de Roberto Rocha, e que ela gosta de um “pote”. Lopes chega ainda a comparar o esquema na prefeitura ao descoberto pela Polícia Federal em outra operação contra o desvio de recursos públicos, a Lava Jato.

Em trecho anterior ao que há referência à Ana Cristina Diniz, é revelado que o atraso no repasse para as terceirizadas facilita a sustentação da máfia. Os donos do Centro de Medicina Clínica Ltda conversam ainda sobre o superfaturamento no valor de biópsias realizadas na unidade hospitalar municipal de Balsas.
“Bom demais, nenhum funcionário (…). Eu vou dar uma gratificação pra menina pegar (as biópsias) e botar na van. Agora ficou bom 90 conto [noventa reais] uma biópisia, nem particular não é esse preço”, diz Charles Lopes, que declara mais a frente: “Essa de Balsas aí foi top, top, top foi noventa reais”.

Outro lado
O Atual7 tentou contato com a esposa do senador Roberto Rocha e o prefeito de Balsas para comentar as declarações dos donos do Centro de Medicina Clínica Ltda, mas até a publicação desta reportagem nenhum deles foi localizado. Em nota, a Policia Federal alegou que não comenta operações em andamento e revestidas em sigilo de Justiça, no caso, as interceptações feitas durante a Sermão aos Peixes.
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