O governador Flávio Dino (PCdoB) é um homem de grupo. Duas semanas após o jornal O Estado de S. Paulo revelar que o presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), recebeu como professor fantasma da Universidade Estadual do Maranhão (Uema) durante 11 meses do governo Roseana Sarney (PMDB) e um ano e um mês de seu próprio governo, Dino mantém-se em um silêncio cúmplice para proteger o aliado, a quem orientou durante o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) pela Câmara.
Até hoje, não há registro de sequer uma menção de Dino ao crime praticado por Maranhão. Nem mesmo nas redes sociais, onde o governador passa o dia se comunicando com a população, acusando a família Sarney de alguma suposta irregularidade ou analisando a política nacional.
Até ser descoberto em uma auditoria e notificado a devolver o dinheiro — o que não fez —, Waldir Maranhão embolsava cerca de R$ 16 mil mensalmente. A marginalidade ocorreu de fevereiro de 2014 a janeiro de 2016, o que resultou em uma quantia de R$ 368.140,09. O pagamento feito pela Uema a Maranhão é criminoso, pois o servidor público que assume cargo de deputado tem que ser afastamento imediatamente para só em seguida começar a exercer seu mandato parlamentar e ser remunerado.
No domingo 22, o jornal O Globo trouxe a revelação que a aproximação carne e unha de Flávio Dino e Maranhão não se iniciou a partir das articulações para barrar o processo de impeachment de Dilma.
De acordo com a publicação, durante os quase um ano e seis meses de governo comunista, Maranhão montou e mantém um feudo em uma das principais pastas do governo do aliado: a Secretaria de Cidades e Desenvolvimento Urbano (Secid). Por lá, além de ter empregado a titular da pasta, Flávia Alexandrina Coelho Almeida, estão sinecuradas as duas irmãs do parlamentar, Nery e Eny de Jesus Maranhão Cardoso, respectivamente como chefe de Serviços de Contratos e Convênios.
Semelhante ao que fazia a ex-governadora Roseana Sarney e o ex-secretário de Saúde Ricardo Murad, Maranhão também empregou no governo Flávio Dino pelo menos seis doadores de campanha, todos em cargos estratégicos e de alto rendimento.
As movimentações financeiras da pasta controlada por Waldir Maranhão, inclusive, estão próximas de reprovação pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE). Um documento que faz parte da análise dos gastos de 2015 mostra que, dos R$ 842,2 mil pagos pelo governo Flávio Dino sem empenho, ou seja, sem detalhamento do gasto, R$ 670 mil foram da Secid.
Apesar da nova suspeita de que Maranhão possa ter se locupletado dessa verba, o governador aliado mantém-se calado.
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