No Mato Grosso, caso semelhante ao experimentado no Maranhão pelo secretário de Segurança Pública Jefferson Portela levou à queda o então titular da Secretaria de Segurança Pública (Sesp) daquele Estado, Rogers Jarbas, além de busca e apreensão nas dependências da pasta.
Ocorrido em 2017, o afastamento de Jarbas foi determinado pela Justiça após suspeitas de que ele estaria prejudicando investigações sobre o esquema de grampos a um desembargador, políticos, advogados, servidores públicos e até a jornalistas. Ainda por decisão da Justiça, ele teve o celular apreendido e passou a ser monitorado por meio de tornozeleira eletrônica.
O caso de Portela também tem relação com escutas ilegais, mas é bem mais grave, já que tem o próprio secretário como pivô da suposta arapongagem.
Segundo o delegado licenciado da Polícia Civil do Maranhão e ex-chefe do DCCO (Departamento de Combate ao Crime Organizado), Ney Anderson Gaspar, o titular da SSP-MA teria determinado, por diversas vezes, a realização de monitoramento e escutas clandestinas a diversos desembargadores, além de assessores e familiares desses magistrados e um senador da República. Portela nega as acusações, e representou criminalmente profissionais de imprensa, incluindo este signatário, por tornar pública as denúncias.
Como Rogers Jarbas em Mato Grosso, o titular da SSP-MA pode também ser afastado pela Justiça, em atendimento a eventual pedido da Procuradoria Geral de Justiça (PGJ) do Maranhão, onde há pelo menos duas investigações instauradas para apurar os fatos.
A primeira foi aberta no início desta semana, por demanda do presidente do Tribunal de Justiça do Maranhão, desembargador Joaquim Figueiredo. A outra nessa sexta-feira 24, protocolada pelo deputado federal Edilázio Júnior (PSD-MA), inclusive com pedido o afastamento imediato de Jefferson Portela do cargo, para garantir imparcialidade e transparência nas investigações.
Há ainda a iminência da entrada do Ministério Público Federal (MPF) e da Polícia Federal (PF) nas investigações, a pedido do senador Roberto Rocha (PSDB-MA), citado por Ney Anderson como alvo de Portela no escândalo. Com a entrada do MPF e da PF no caso, até mesmo o possível envolvimento do governador Flávio Dino (PCdoB) na suposta arapongagem pode ser apurado.
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