No primeiro pleito de eleições gerais em que as alianças partidárias para eleger deputados estarão vedadas, para salvar o PCdoB, o governador Flávio Dino (PCdoB) pode trocar a disputa pelo Senado e concorrer à Câmara Federal.
A estratégia, confirmada pelo próprio comunista ao jornal O Globo, visa tentar superar a cláusula de barreira mais rigorosa da eleição de 2022.
“O plano mais forte hoje é a candidatura ao Senado, porque depende só de mim. Eleição nacional não depende de mim, então não é plano. Para a Presidência da República, tem que ter um grupo (apoiando), e a vice ninguém se candidata. Essas são possibilidades que dependem mais dos outros. Agora, se houver a opção do PCdoB por tentar conseguir atingir a cláusula de barreira sozinho, eu cumpro a decisão partidária. Já até disse isso numa reunião com a direção nacional”, declarou.
Desta forma, Dino serviria ao partido como puxador de votos, numa espécie de efeito Tiririca que garanta uma bancada comunista com número suficiente para superar a cláusula de barreira, dentro do mecanismo criado para reduzir a fragmentação partidária no país, cuja implantação gradual vai ficando mais rigorosa e vai até a eleição de 2030.
Em 2014, conforme as regras eleitorais da época, o ator e palhaço Tiririca tentou a primeira reeleição para a Câmara dos Deputados por São Paulo e conseguiu repetir o feito de quatro anos antes. Com mais de 1 milhão de votos, foi um dos parlamentares mais votados do país, ajudando a colocar no Congresso Nacional nomes que não obtiveram votação semelhante.
Já em 2022, sob risco de ficar sem acesso a recursos dos fundos partidário e eleitoral e a tempo de propaganda eleitoral, os partidos precisam obter pelo menos 2% dos votos válidos na eleição para a Câmara dos Deputados, distribuídos em um terço das unidades da federação, com 1% dos votos válidos em cada uma delas. Também há opção para escapar do corte elegendo pelo menos 11 deputados, distribuídos em um terço das unidades da federação. Atualmente, o PCdoB do Maranhão possui dois deputados federais, e luta para tentar fazer ao menos um em 2022 –mas pode chegar até quatro com Flávio Dino, acreditam os comunistas.
Para disputar qualquer cargo, Dino precisa renunciar ao mandato de governador até abril do ano eleitoral, deixando no cargo o vice-governador Carlos Brandão (Republicanos), seu sucessor natural.
Inicialmente, o governador do Maranhão sonhou com o Palácio do Planalto, mas devido ao seu tamanho na conjuntura política ainda ser pequeno, e ao fato de que o desmoronamento de alianças locais colocou em xeque seu poder de articulação, houve mudança de planos.
Pelo PCdoB no Maranhão, já estão certos em entrar na disputa pela Câmara o deputado federal Márcio Jerry, que precisou voltar ao Executivo estadual para tentar contornar problemas que tendem a dificultar sua reeleição, e os o secretários estaduais Jefferson Portela (Segurança Pública), Clayton Noleto (Infraestrutura) e Felipe Camarão (Educação).
Rubens Pereira Júnior (PCdoB), atualmente titular de um mandato na Câmara usado para dar espaço para aliados do Palácio dos Leões, caso Dino concorra ao Senado, será o primeiro suplente.
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