A vice-prefeita de Pinheiro, Ana Paula Lobato (PDT), assumiu o controle interino do município nessa segunda-feira (17), em substituição ao prefeito Luciano Genésio (PP). A posse contou com a presença do presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão, deputado Othelino Neto (PCdoB), seu marido.
Enfermeira, ela é a primeira mulher a chegar ao comando do Executivo municipal, e fica no cargo por tempo indeterminado, em razão do afastamento do mandatário pelo TRF (Tribunal Regional Federal) da 1ª Região.
“Hoje tomei posse como a primeira prefeita da minha querida Pinheiro! Apesar de não ter sido da forma como gostaria, no período em que estiver à frente da Prefeitura, me dedicarei integralmente a cuidar de nossa cidade, junto com o secretariado, vereadores e demais servidores, com o compromisso, carinho e amor que meus conterrâneos merecem!”, declarou, emendando torcer para que o aliado, “após se defender junto à Justiça, consiga com brevidade reassumir a gestão”.
Luciano Genésio foi alvo de busca e apreensão na última quarta-feira (12), no bojo da Operação Irmandade, deflagrada pela Polícia Federal com objetivo de desarticular organização criminosa envolvida em práticas de fraudes licitatórias, desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro. Ele seria o líder da orcrim.
A investigação apura suspeita de desvio de recursos públicos em contratos de R$ 38 milhões nas áreas da saúde e educação municipal de Pinheiro. A PF chegou a pedir a prisão preventiva do mandatário. A medida, no entanto, foi negada pelo desembargador federal Cândido Ribeiro, relator do caso no TRF-1.
Ribeiro decidiu que seria suficiente determinar apenas o afastamento do gestor municipal do cargo, conforme entendimento ratificado pelo Ministério Público Federal. Contudo, também proibiu Luciano Genésio de acessar ou frequentar as dependências da prefeitura, de manter contato com outros investigados e de se ausentar da cidade durante a apuração.
Procurada pelo ATUAL7, a defesa do prefeito afastado encaminhou nota de teor populista em que ele nada fala especificamente sobre os indícios de crimes apontados pela investigação, mas garante ser “homem responsável e obediente às leis”.
Segundo o inquérito policial, que tramita sob sigilo, duas empresas contratadas pela gestão municipal e que seriam pertencentes ao próprio Luciano Genésio teriam transferido parte dos recursos públicos recebidos da prefeitura para a conta pessoal do mandatário logo após os pagamentos.
A Polícia Federal diz que a denominação “Irmandade” faz referência à composição da organização criminosa, que possui, tanto no núcleo político, quanto no núcleo empresarial, irmãos entre os participantes do estratagema criminoso.
De acordo com o delegado Roberto Santos Costa, da Delegacia de Repressão à Corrupção e Crimes Financeiros da PF no Maranhão, em vez de diminuídos ou mesmo cessados, os desvios de recursos públicos federais desviados pela gestão Luciano Genésio foram ampliados após os membros da organização criminosa haverem tomado conhecimento de que estavam sob investigação. A audácia causou surpresa à própria PF.
“Causou um certo espanto na Polícia Federal o fato de que os investigados já tinham ciência da investigação e sido intimados para serem ouvidos, e, mesmo assim, não cessaram as condutas criminosas. Ao que parece, até aumentaram as movimentações financeiras no esquema criminoso”, declarou Costa durante coletiva de imprensa.
Ao todo, 60 policiais federais cumpriram 11 mandados de busca e apreensão em Pinheiro, São Luís e em Palmeirândia, e 10 mandados de sequestro de valores.
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