Brandão inicia novo mandato em busca de marca própria e com promessa de diálogo

Governador do Maranhão conta com articulação de Flávio Dino, mas também estabeleceu pontes com José Sarney a fim de manter boa relação com o Palácio do Planalto sob Lula

Após sete anos e três meses como vice-governador e outros nove meses como gestor-tampão, Carlos Brandão (PSB) inicia novo mandato, agora como governador de fato do Estado do Maranhão, com o desafio de criar uma marca própria para sua passagem no comando do Palácio dos Leões.

Brandão tomou posse no domingo (1º) prometendo diálogo e construção de relações com prefeitos, deputados, vereadores, aliados e até com opositores, destoando do legado de seu antecessor, o senador Flávio Dino (PSB), ministro da Justiça e Segurança Pública do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Reeleito em primeiro turno com 51,29% dos votos válidos, aos 64 anos, o governador maranhense passa a controlar integralmente os cofres do estado brasileiro com a maior proporção de pessoas em situação de extrema pobreza, herança maldita deixada pela oligarquia Sarney e pelo próprio Dino –com quem está em desarmonia desde que decidiu atropelar acordos de campanha e interferir na eleição para a presidência da Assembleia Legislativa.

De acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) referentes ao ano passado, quase 1,5 milhão de maranhenses luta diariamente para ter, pelo menos, o que comer. Ainda segundo o instituto, dos 25 municípios com menor PIB (Produto Interno Bruto) per capita do país em 2020, só um não estava no Maranhão.

Mesmo em crise com o ex-líder, para manter-se no jogo, Brandão conta com articulação de Dino para tocar investimentos, obras e programas de apelo social com recursos federais. Porém, mostrou habilidade para seguir caminho próprio, sem dependência do antecessor, e estabeleceu pontes com o ex-presidente José Sarney (MDB-MA) a fim de manter uma boa relação com o Palácio do Planalto sob Lula.

Para os próximos quatro anos, a sinalização é de que o mandatário irá priorizar projetos na área da educação, que voltará a ser comandada por Felipe Camarão, ex-secretário da pasta e hoje vice-governador pelo PT.

Dos R$ 25,7 bilhões do Orçamento de 2023, ao menos R$ 4,2 bilhões estão previstos para a Educação, dos quais cerca de R$ 1,6 bilhão será destinado à formação de profissionais e apoio e desenvolvimento do Ensino Fundamental.

Terão fortalecimento ainda, segundo garantiu o governador em discurso de posse, a geração de emprego e segurança alimentar.

Entre os desafios estão também a conclusão de obras de grande porte deixadas inacabadas por Flávio Dino, como os acessos à ponte sobre o Rio Pericumã, que liga os municípios de Central do Maranhão e Bequimão, e o Hospital da Ilha, em São Luís.


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