Wellington muda postura, defende Brandão, é recebido no Palácio e acerta voto em sobrinho do governador ao TCE

Deputado de oposição nos últimos oito anos diz que agora será independente. Era o único voto para candidatura a conselheiro, dos 42 da Assembleia Legislativa, que Daniel Brandão ainda não tinha acertado

O deputado Wellington do Curso (PSC), até 2022 conhecido como combativo e um dos principais fiscalizadores do dinheiro público na Assembleia Legislativa do Maranhão, mudou de postura no Parlamento.

Após oito anos de duro embate com o Palácio dos Leões, ser alvo de processos por declarações na tribunal apesar de possuir imunidade, investidas contra seus empreendimentos privados e de não receber o pagamento de emendas parlamentares, ele agora será da base do governo, sob comando de Carlos Brandão (PSB). Mas prefere se dizer independente.

Na sessão legislativa de terça-feira (7), de forma inédita, mas que deve se repetir outras vezes pelos próximos quatro anos, Wellington saiu em defesa de Brandão. Ele criticou o Sinproesemma (Sindicato dos Trabalhadores em Educação Básica das Redes Públicas Estadual e Municipais do Estado do Maranhão), por protesto de professores contra a nova gestão estadual, pela demora em conceder o reajuste salarial de 14,95% aos docentes, conforme estabelecido pelo MEC (Ministério da Educação) no início do mês de janeiro.

Segundo o novo Wellington do Curso, por não ter feito críticas no mesmo sentido ao ex-governador Flávio Dino (hoje senador da República licenciado e ministro da Justiça e Segurança Pública), a entidade não teria autoridade moral para emparedar Brandão.

“Só agora?!? Quer dizer que o sindicato agora quer cobrar do Brandão e não cobrou de Flávio Dino?!? Não estou cobrando ainda, estou solicitando ao governador Brandão…”, disse.

Nesta quarta-feira (8), em novo discurso, Wellington comemorou um convite feito por Brandão para reunião fechada no Palácio dos Leões, algo que, segundo ele, já havia acontecido também em dezembro do ano passado.

“Hoje fui surpreendido com a ligação do governador do Estado. É algo novo para o professor e deputado Wellington do Curso. Estarei sendo recebido pelo Governo do Estado e vou levar minha pauta, a pauta de reivindicação da população, nomeação dos aprovados, relação dos concursos e vou levar a situação da Aged, do Detran, do Procon, do Iprev, de todos órgãos, a solicitação de reajustes dos professores”, declarou.

Além das pautas citadas pelo parlamentar, uma outra também deve ser discutida: a indicação, pela Assembleia Legislativa, do sobrinho do governador para a vaga de conselheiro do TCE (Tribunal de Contas do Estado) do Maranhão.

Embora, durante a sessão de posse dos deputados, no início de fevereiro, tenha dito que disputaria a vaga, que é da Alema, Wellington não fez qualquer movimentação pública nesse sentido. Era, porém, o único que ainda não havia assinado um documento em apoio à candidatura de Daniel Itapary Brandão, filho mais velho do ex-prefeito de Colinas, Zé Henrique, irmão do governador maranhense.

Implicado em um caso ainda não esclarecido de repartição de dinheiro público oriundo da gestão do tio, e que resultou na morte de uma pessoa, mesmo advogado, Daniel Brandão não tem histórico de atuação em grandes causas que possam justificar notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de administração pública, pré-requisito fundamental para quem postula o cargo.

Apesar de precisar do apoio de apenas 14 deputados para ter a candidatura deferida pela Assembleia, o sobrinho do governador busca aceitação unânime dos 42 parlamentares da Casa. Wellington do Curso era o único que faltava.


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