Desembargador investigado por soltar assaltante de banco é candidato único à presidência do TJ do Maranhão
Política

Desembargador investigado por soltar assaltante de banco é candidato único à presidência do TJ do Maranhão

Wagner César de Almeida participou de um roubo de R$ 100 milhões em Bacabal, em 2018, mas foi solto a mando de Froz Sobrinho. Processo que apura a decisão tramita sob sigilo no CNJ

O desembargador José de Ribamar Froz Sobrinho, investigado no CNJ (Conselho Nacional de Justiça) por decisão controversa que colocou em liberdade um criminoso condenado por participação no roubo de R$ 100 milhões de uma agência bancária, é candidato único e deve ser aclamado nesta quinta-feira (1º) presidente do Tribunal de Justiça do Maranhão para os próximos dois anos.

A escolha ocorre após articulação que garantiu a retirada da desembargadora Nelma Sarney da disputa. Ela pretendia pela quarta vez concorrer ao comando do Judiciário maranhense, mas perdeu apoios importantes no próprio e em outros Poderes, e caminhava para mais uma derrota.

Froz Sobrinho integra o TJ-MA desde 2009, oriundo do Ministério Público estadual, na vaga destinada ao quinto constitucional. Atualmente, é corregedor-geral de Justiça e membro da 3ª Câmara Criminal da corte. Também já atuou como coordenador da UMF (Unidade de Monitoramento, Acompanhamento, Aperfeiçoamento e Fiscalização) do Sistema Carcerário do Maranhão.

O desembargador foi procurado pelo ATUAL7 via e-mail enviado ao seu gabinete no tribunal desde o final de 2023, para se posicionar a respeito da investigação no CNJ, mas não retornou o contato até o momento.

Questionado pela reportagem a respeito da representação formulada pelo Ministério Público do Maranhão denunciando o caso, o Conselho Nacional de Justiça limitou-se a informar que o processo tramita sob sigilo.

De acordo com a representação, em junho de 2021, sem oitiva do Ministério Público e sem informações do juízo que condenou o assaltante, Froz Sobrinho deferiu liminar e substituiu a pena de prisão preventiva de Wagner César de Almeida por domiciliar, com monitoramento por tornozeleira eletrônica. Na decisão, o magistrado acolheu um laudo médico apresentado pela defesa que dizia que o assaltante estava doente, apresentando cansaço e pouco comunicativo na prisão.

Ele havia sido condenado no ano anterior a 58 anos de prisão pela 1ª Vara Criminal de São Luís, por integrar a organização criminosa especializada na modalidade Novo Cangaço —grupo de criminosos fortemente armados que, com extrema violência, ataca instituições financeiras para roubá-las em cidades pequenas.

No roubo à agência do Banco do Brasil na cidade maranhense de Bacabal, o criminoso estava acompanhado de quase 30 comparsas fortemente armados. Durante o roubo, o grupo atacou com disparos de arma de fogo de alto calibre e de uso restrito a Delegacia Regional do município, incendiou viaturas e matou o morador Cleones Borges Araújo, com tiros de fuzil nas costas.

Pouco depois, revelada a falha, o magistrado recuou da decisão e determinou que Wagner deveria retornar ao Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís, mas o criminoso não foi mais encontrado pela polícia maranhense e passou a ser considerado foragido pela Justiça.



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