BPC
Manter BPC é vital neste momento, diz Eliziane sobre decisão do TCU
Economia

Tribunal suspendeu por 15 dias liminar que impedia a ampliação do benefício às famílias carentes

A decisão do TCU (Tribunal de Contas da União) de suspender por 15 dias a liminar do ministro Bruno Dantas –também da corte– que impedia a ampliação do BPC (Benefício de Prestação Continuada) foi comemorada pela líder do Cidadania no Senado, Eliziane Gama (MA).

A extensão do benefício para famílias com renda mensal de meio salário mínimo foi permitida após o Congresso Nacional derrubar um veto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao projeto de lei que dobrou a renda per capita familiar que permite o acesso ao BPC. O valor máximo passou de um quarto de salário mínimo (R$ 261,25 em valores atuais) por membro da família para meio salário mínimo (R$ 522,50).

Segundo Eliziane, a decisão vai auxiliar financeiramente as famílias mais humildes.

“Decisão muito importante. Manter o BPC para quem ganha até meio salário mínimo, para deficientes e idosos pobres é vital neste momento”, disse a parlamentar do Cidadania nas redes sociais.

Suspensão

A suspensão determinada pelo TCU ocorreu depois de o ministro Bruno Dantas acatar um pedido de medida cautelar apresentado pelo Ministério da Economia. Nesse pedido, a equipe econômica argumentava que a ampliação do BPC teria impacto de R$ 20 bilhões no Orçamento da União deste ano, e que em dez anos a despesa extra alcançaria R$ 217 bilhões. Isso, segundo a equipe econômica, equivaleria a mais de um quarto da economia de R$ 800,3 bilhões prevista no período com a reforma da Previdência. A justificativa do governo era de que a ampliação do BPC poderia prejudicar o equilíbrio das contas públicas.

Na decisão dessa quarta-feira 18, o TCU solicitou que o governo federal informe, em 10 dias, a fonte da receita a ser utilizada para ampliar o número de famílias beneficiadas pelo BPC. Essa indicação pode ser negociada entre Executivo e Legislativo nos próximos dias, já que o Congresso Nacional também está votando o reconhecimento do estado de calamidade pública —devido à pandemia do novo coronavírus. Esse reconhecimento —que permite ao governo gastar mais do que o previsto e desobedecer às metas fiscais— foi aprovado na Câmara dos Deputados na quarta-feira e pode ser votado pelo Senado também nos próximos dias.

Bolsonaro cria pensão vitalícia para crianças com microcefalia que recebem o BPC
Cotidiano

Para não perder validade, medida provisória precisa ser aprovada pelo Congresso. Presidente pediu que texto não seja alterado

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) assinou, nessa quarta-feira 4, em cerimônia no Palácio do Planalto, medida provisória que torna vitalícia a pensão para crianças vítimas de microcefalia causadas pelo vírus Zika e contempladas pelo BPC (Benefício de Prestação Continuada). O valor de um salário mínimo será concedido a quem nasceu de 2015 a 2018. Segundo o ministério da Cidadania, existem no Brasil atualmente 3.112 crianças nesta situação.

Para não perder a validade, deputados e senadores ainda precisam aprovar a medida. Na assinatura, o presidente da República pediu que o texto não seja alterado pelo Congresso.

Em discurso, Bolsonaro disse que o Brasil merece um futuro diferente daquele vivido pelo país. “Peço a Deus mais que sabedoria, a coragem para não ceder a tentações, que são muitas. O Brasil merece um futuro bem diferente do que nos apresentava até o final do ano passado. Vamos juntos mudar o destino do Brasil”, disse.

Ingrid Graciliano, presidente da Frente Nacional na Luta pelos Direitos da Pessoa com Síndrome Congênita do Zika Vírus, participou da solenidade no Palácio do Planalto representando as mães de crianças com microcefalia. Ela contou que a pequena Nicole Graciliano, atualmente com 3 anos e 8 meses sempre demandou uma atenção especial, o que a levou a deixar a empresa que tinha em parceria com o ex-marido, passando a receber o BPC.

Ingrid disse que agora poderá voltar ao mercado de trabalho, já que a medida provisória substitui o benefício pela pensão vitalícia. “Eu vou poder trabalhar formalmente, retomar a minha carreira, que eu sou tecnóloga em radiologia, e estou fazendo o sétimo período de nutrição”, disse. “Eu quero concluir a minha faculdade e trabalhar na minha profissão sem que isso interfira no benefício da minha filha”, completou.

A primeira-dama, Michelle Bolsonaro, que preside o Conselho Pátria Voluntária, lembrou que em viagem a Campina Grande (PB), ouviu o relato de muitas mães com medo de perder o BPC caso conseguissem uma fonte de renda. Receio que agora, segundo ela, deixa de existir.

“A Medida Provisória assinada hoje responde a essa demanda transformando a angústia que existia em segurança. Agora essas crianças terão direito a pensão especial e as mães e os pais poderão trabalhar sem medo de perder o benefício para os seus filhos”, ressaltou.

O ministro da Cidadania, Osmar Terra, afirmou que os governos anteriores não tiveram coragem de avançar nessa questão e reforçou que a pensão vitalícia é um passo muito importante na área social, ao assegurar tranquilidade a essas mães, que poderão buscar por outras fontes de renda sem perder a pensão. “Estamos vivendo um momento em que o Estado manifesta a sua capacidade de ajudar aqueles que mais precisam”.

Requerimento

O requerimento da pensão deve ser feito perante o INSS que irá realizar um exame pericial para constatar a relação entre a microcefalia e a contaminação pelo vírus Zika.

O recebimento da pensão não poderá ser cumulada com outra indenização decorrente do mesmo fato ou com o recebimento de Benefício de Prestação Continuada. Ou seja, para optarem pela pensão vitalícia para as crianças, as famílias terão que abdicar do BPC, já que não podem acumular os dois benefícios.

O BPC é pago para famílias pobres com renda por pessoa de até 25% do valor do salário mínimo e que tenham idosos ou pessoas com deficiência grave que as incapacite para o trabalho. O valor é de um salário mínimo, mas se a renda familiar aumenta, o BPC é cortado pela lei.

O ministério da Saúde reconheceu a relação entre o vírus Zika e a microcefalia em 2015. A doença causa uma série de alterações corporais, prejudicando o desenvolvimento e a participação social das crianças com esta deficiência.