Quase meio milhão de reais. Este é o valor do dinheiro público que escorre por mês dos cofres da Prefeitura de São Luís para garantir o silêncio total de parte da imprensa da capital, por meio de pixulecos, às denúncias contra a gestão do prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PDT). O valor – e parte de como funciona o esquema que abastece donos de veículos de comunicação, agências de publicidade, jornalistas, blogueiros e radialistas – foi denunciado nessa quinta-feira 15 por um dos profissionais da internet cooptados pelo Palácio de La Ravardière, mas obscuramente deletado minutos depois.
Alheio a uma nota emitida no final da noite de ontem pelo secretário de Comunicação Batista Matos, acusado de substituir o ex-titular da pasta, Robson Paz, na cabeça de toda a movimentação financeira, o Atual7 apurou e finalmente torna público um boato que sempre correu, mas até então nunca havia sido confirmado: como funciona a relação promíscua entre a administração Edivaldo Júnior e grande parte da imprensa ludovicense.
O mensalinho
Funcionando como uma espécie de teia, semelhante ao que ocorre no tráfico de drogas, onde existe o traficante, o atravessador e o viciado, o repasse dos mensalinhos é operado por meio da agência Enter Propaganda e Marketing, pertencente ao publicitário Evilson Almeida, que garfou parte da verba publicitária da prefeitura; e pelo radialista Humberto Fernandes, da Central de Notícias.
Para o dinheiro chegar às mãos dos profissionais com aparência legal, a prefeitura faz o repasse para a conta da Enter, que por sua vez o repassa para o dono da Central de Notícias, que faz o papel de atravessador. Com o dinheiro já em mãos, seguindo com critérios de remuneração para cada pessoa, Fernandes então distribui o pixuleco entre os nomes contidos na lista santa.
Os valores – quer para jornalistas, blogueiros ou radialistas – variam entre 300 reais a até 18 mil reais por mês, por profissional da imprensa participante. Os de valor mais baixo, recebem em mãos, e o restante via transferência bancária.
Fora o repasse financeiro, a Humberto Fernandes cabe ainda fazer o repasse das peças publicitárias de campanhas da Prefeitura de São Luís aos contatos da mídia anilhada na internet, única forma encontrada – mas que só serve para os chamados baixo clero da imprensa – para bancar o silêncio dos integrantes do esquema de forma aparentemente legal, como já revelado acima.
Além da proibição à qualquer denúncia ou crítica contra a administração Edivaldo Júnior, na rádio e internet, é acertado ainda a censura aos ouvintes e leitores que atentem contra a imagem do prefeito da capital. Já de modo geral, o determinado é que, para receber o dinheiro, os profissionais devem manipular e tentar persuadir a opinião pública com notícias favoráveis e defesa severa do pedetista, bem como silenciar e não abrir espaço para a oposição.
Embora exista a reclamação geral de atrasos que duram de três a até nove meses – motivo que levou à insatisfação e consequente denúncia de um jornalista e blogueiro -, a Prefeitura de São Luís repassa mensalmente o valor que cabe à Enter Propaganda, fato que levanta a suspeita de que o dinheiro do próprio esquema possa estar sendo desviado para outros fins, como ocorreu em 2014.
Vale lembrar, claro, que pelo menos na internet, nem todos que veiculam os banners do Executivo municipal possuem participação na máfia.
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