“Pode ter errado ao citar 16 e serem 17”, diz Roberto Rocha sobre propina da JBS
Política

“Pode ter errado ao citar 16 e serem 17”, diz Roberto Rocha sobre propina da JBS

Senador lembrou que o PCdoB recebeu, segundo o delator, R$ 13 milhões nas eleições de 2014. Ele reafirma que governador do Maranhão foi protegido na delação

O senador Roberto Rocha (PSDB-MA) justificou que o ex-diretor de Relações Institucionais do grupo J&F, Ricardo Saud, pode ter errado ao apresentar ao Ministério Público Federal (MPF) apenas 16 governadores eleitos em 2014 com propina da JBS.

“O áudio do Ricardo Saud diz isso. Na delação dele ele mesmo diz isso. E na prestação de contas de Flávio há essa doação! Ele pode ter errado ao falar 16 e ter citado 15. Como ele também pode ter errado ao citar 16 e serem 17”, alegou.

A declaração foi dada ao ATUAL7 em resposta à revelação do gafe cometido pelo tucano durante audiência pública da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS no Senado Federal. Após se agarrar a um trecho solto da delação para insinuar que Saud teria escondido o nome de um dos governadores financiados pela JBS, mesmo com o delator respondendo que todos os nomes constavam nos autos da delação premiada, Rocha afirmou que o nome omitido seria o do governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB).

“O senhor não pode dizer quem é o 16º governador que recebeu propina? Bom, eu vou dizer, senhor presidente. O 16º é o governador do Maranhão, do PCdoB, cujo irmão [Nicolao Dino] era a alma do doutor [Rodrigo] Janot. E talvez o doutor Ricardo Saud tenha o interesse de protege-lo a época. Isso está constando na declaração de prestação de contas do candidato a governador. A mesma JBS disse que deu R$ 13 milhões ao PCdoB. O PCdoB só tinha um candidato no Brasil. Era o candidato a governador do Maranhão. Exatamente este que o depoente tenta claramente proteger”, afirmou o tucano.

Segundo explicou Roberto Rocha, a intenção era chamar atenção para o fato de que a JBS repassou, segundo o próprio Saud, R$ 13 milhões em propina para o PCdoB; e que o nome de Flávio Dino, mesmo sendo um dos governadores eleitos, não aparece na lista dos beneficiados por propina.

“O fato é um só: há doação da JBS para Flávio. Saud diz que o PCdoB recebeu R$ 13 milhões. Se o Saud afirma que tudo é propina e todos que receberam estão listados, sejam 15, 16, 17 ou 1.829 a pergunta que fica é: por qual razão o Flávio não consta da relação? Ele foi protegido? O Saud esqueceu? A delação foi direcionada? Sem esquecermos da relação entre o braço direito do Nicolau com o advogado da JBS, o Willer, preso no Maranhão! O que se demonstra, mais uma vez, é que a JBS foi tratada de forma diferenciada pela PGR!”, disse.

Rocha deixou claro que, diante do que ele acreditar ser indícios de omissão por parte de Ricardo Saud em suposto conluio com Nicolao Dino e Rodrigo Janot, pretende pedir ao MPF que reveja a delação da JBS sobre os repasses de propina em forma de doações.

“Ao fim e ao cabo o que quero dizer é que, sem dúvidas, a delação da JBS precisa ser revista! Tanto por esse fato do Maranhão, que acaba por colocar uma interrogação na sociedade, em virtude da proximidade do irmão do Flávio com o Janot, e dessas prisões do braço direito do Nicolau e do advogado Willer no Maranhão”, declarou.



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