Para investigados na Sermão aos Peixes, operação federal que revelou o esquema bilionário de desvio e lavagem de dinheiro público e corrupção envolvendo o Palácio dos Leões, empresas, políticos e empresários, o ano de 2017 não foi um dos melhores.
Deflagradas por força-tarefa formada pela Polícia Federal (PF), Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União (CGU), Ministério Público Federal (MPF) e Receita Federal do Brasil (RFB), as duas fases realizadas neste ano trouxeram ao conhecimento da população a triste constatação que de, apesar da mudança de governo, não houve mudança de práticas e o Maranhão ainda permanece sob o controle de quadrilhas de assaltantes de cofres públicos.
Rêmora
Aberta no finalzinho do período vespertino do início de junho, e denominada de Operação Rêmora, a quarta fase da Sermão aos Peixes brecou o desvio de dinheiro público da saúde estadual que era operado por meio de vultuosos saques em espécie na boca do caixa e escondido na cueca e numa mochila dos operadores do esquema.
Os roubos tinham como cabeça o Instituto de Desenvolvimento e Apoio à Cidadania (Idac), organização social sem fins lucrativos comandada pelo então presidente do PSDC no Maranhão, Antônio Aragão.
Sem capacidade para administrar as unidades de saúde da rede pública estadual, o instituto foi desclassificado da seleção pública realizado pela Secretaria de Estado da Saúde (SES) nos primeiros meses de 2015, mas conseguiu uma forte indicação política para furar o bloqueio e entrar pela via da marginalidade. Curiosamente, a celebração dos contratos milionários sem licitação ocorreu no mesmo período em que o Idac buscava no Poder Judiciário estadual a anulação da seleção.
Mais de R$ 18 milhões foram desviados pela organização criminosa somente neste esquema, segundo a força-tarefa da Sermão aos Peixes.
À época da deflagração de Rêmora, o secretário estadual de Saúde, Carlos Eduardo Lula, alegou que o esquema de desvio de dinheiro público por meio dos saques na boca do caixa era muito complexo, e que, por isso, não foi possível detectá-lo. Já o secretário estadual de Transparência e Controle (STC), Rodrigo Lago, nunca se manifestou publicamente sobre o assunto.
Quatro meses depois, em novembro, mais uma operação.
Pegadores
Batizada de Pegadores, a quinta fase da Sermão aos Peixes desbaratou uma quadrilha que usou outros institutos, além do próprio Idac, para desviar dinheiro público por meio da contratação de funcionários fantasmas, pagamento irregular de supersalários e contratos com empresas de fachada.
Embora não tenha sido esse o motivo do nome escolhido para a operação, os investigadores descobriram que a verba afanada serviu, dentre outras irregularidades, para sustentar esposas, namoradas e até amantes de agentes públicos.
Mais escandalizante ainda: segundo integrantes da CGU, MPF e PF, uma das empresas utilizadas para pegar o dinheiro da saúde era uma sorveteria que virou, da noite para o dia, numa empresa especializada em gestão de serviços médicos.
Desta vez flagrado tomando conhecimento do esquema, o secretário Carlos Lula não pode declarar que o esquema era complexo e nem que nada sabia a respeito dele.
Mas também, protegido pelo governador Flávio Dino (PCdoB), não deixou barato.
Na iminência de sua prisão, Lula buscou abrigo por foro no Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região, onde ainda tentou suspender todas as investigações da Sermão aos Peixes contra ele. O segundo pedido, claro, não foi atendido.
Mais de R$ 18 milhões também foram desviados por meio desse esquema.
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