O Ministério Público Federal (MPF) no Maranhão ofereceu denúncia contra pouco mais de 10 integrantes de suposta organização criminosa especializada no contrabando de cigarros e descaminho de bebidas, desbaratada por operação policial realizada em um sítio localizado no porto do Arraial, em fevereiro último, mas transformada politicamente em mega operação pelo secretário estadual de Segurança Pública, delegado Jefferson Portela.
Dentre os denunciados, nenhuma novidade, há apenas suspeitos já presos na própria ação que desarticulou o esquema e alguns outros, todos policiais, que também já tiveram as prisões decretadas, após o estouro de novos galpões com as mercadorias ilícitas. O secretário e os deputados — que, em tese, para terem poder e controle sobre o sistema de segurança pública estadual, seriam da base do governador Flávio Dino (PCdoB) — seguem em completo desconhecimento público. Empresários responsáveis por garantir o poder financeiro da quadrilha, partindo do pressuposto de que os produtos eram contrabandeados para serem vendidos em comércios no Maranhão, também ficaram de fora da lista de denunciados pelo MPF.
O suposto envolvimento do auxiliar do Palácio dos Leões e de parlamentares dinistas com a quadrilha foi revelado por um dos denunciados pelo MPF como integrante do bando, o ex-vice-prefeito de São Mateus, Rogério de Sousa Garcia.
Num áudio com um interlocutor que ainda permanece desconhecido, Garcia afirma que teria ligações com um secretário e dois deputados, e que estes estariam trabalhando para beneficiar a Orcrim. A forma com que Garcia se refere ao secretário, inclusive, aponta que o interlocutor sabia de quem se tratava.
“Realmente complicou, mas eu tô (sic) trabalhando via o secretário e dois deputados para gente sanar esse problema”, diz o ex-vice-prefeito na gravação.
Ainda no início deste mês, Portela chegou a aproveitar a mídia criada em torno da descoberta sobre a organização criminosa para afirmar que abriria investigação sobre o áudio.
“Nós estivemos agora pela manhã fazendo uma análise de documentos, de modo que agora nós vamos procurar saber sobre esse áudio com o presidente aqui da Seccor [delegado Roberto Fortes], responsável pelo inquérito. Confirmada a autenticidade da voz dele, tudo aquilo que é colhido será investigado. Nós ouvimos o áudio e tudo será investigado”, garantiu.
A ausência de um novo nome dentre os denunciados, porém, aponta que não houve abertura alguma ou que as investigações sobre o áudio estão a passos lentos.
Denunciados
Os denunciados foram o Rogério Sousa Garcia, Tiago Mattos Bardal, Reinaldo Elias Francalanci, Luciano Fábio Farias Rangel, Joaquim Pereira de Carvalho Filho, Fernando Paiva Moraes Júnior, Ricardo Jefferson Muniz Belo, José Carlos Gonçalves, Galdino do Livramento Santos e Evandro da Costa Araújo. Eles tiveram a manutenção de suas prisões preventivas requerida.
Também foram denunciados Rodrigo Santana Mendes, Edimilson Silva Macedo e Aroudo João Padilha Martins, para os quais foi pedida a aplicação de medidas cautelares, que incluem o comparecimento mensal em juízo para justificar sua atividade, proibição de ausentar-se da comarca em que reside e de manter contato com os demais denunciados.
A denúncia foi formulada pelos procuradores da República Carolina da Hora, Juraci Guimarães e Marcilio Nunes Medeiros, designados pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge, para atuar conjuntamente na investigação.
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