Questionados pelo ATUAL7, a maioria dos pré-candidatos à prefeito de São Luís, epicentro do novo coronavírus no Maranhão, comentou sobre a reabertura gradual do comércio não essencial no estado, conforme decreto editado pelo governador Flávio Dino (PCdoB), sem apresentação de estudos científicos. Todos os pré-candidatos foram procurados —aqueles que possuem, por meio de suas respectivas assessorias—, porém não retornaram o contato Adriano Sarney (PV) e Detinha (PL). Cricielle Muniz (PT) respondeu mais de 1 hora após esta publicação já estar no ar; Bira do Pindaré quase 3 horas depois.
Pela nova flexibilização do isolamento social, a partir de hoje, além dos supermercados, farmácias, mercados, óticas e home centers, também poderão funcionar estabelecimentos comerciais familiares de pequeno porte, onde somente trabalhavam, antes da pandemia, o proprietário e o grupo familiar.
Segundo o boletim epidemiológico da SES (Secretaria de Estado da Saúde), até às 20 horas desse domingo 24, a capital registrava 7.917 pessoas infectadas e 490 mortes em decorrência da Covid-19. Há uma semana, eram 5.995 casos positivos e 402 óbitos; e no início do mês eram 2.808 e 178, respectivamente, o que aponta para uma escalada descontrolada da pandemia na cidade.
Apesar da curva de contaminação pelo novo coronavírus ainda não ter alcançado o pico, a maior parte dos pré-candidatos à prefeitura mostrou-se favorável à reabertura do comércio não essencial, já a partir desta semana. Alguns destacaram a necessidade de respaldo científico para a adoção da medida econômica, mas de forma genérica e sem confrontar diretamente o decreto estadual que autorizou essa retomada.
Abaixo, em ordem alfabética, o posicionamento dos pré-candidatos à Prefeitura de São Luís.
Birá do Pindaré (PSB)
Eu sou da opinião que a reabertura tem que ser gradual, obedecendo critérios técnicos de avaliação e observando dados como a ocupação dos leitos hospitalares, de índice de pessoas contaminadas e etc. É muito importante seguir os critérios técnicos, sobretudo para que haja uma reabertura gradual, monitorada e, se necessário, novas restrições possam feitas lá na frente. Portanto, um procedimento rigorosamente técnico que tem que ser obedecido e deve está de acordo com as recomendações dos órgãos sanitários, sobretudo da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Carlos Madeira (SD)
É preciso levar em consideração dois aspectos para a reabertura do comércio, quais sejam, segurança e essencialidade. Não é razoável voltar às atividades comerciais sem que que haja segurança sanitária, sob pena de retornarmos às medidas de isolamento. Iniciado o retorno às atividades, com respeito às regras de segurança sanitária, todos, empresários e clientes, devem se manter vigilantes para não haver um retrocesso. Assim, a economia e a saúde poderão caminhar em harmonia e todos teremos o tão desejado achatamento da curva.
Concordo com o retorno das atividades essenciais e com o retorno das atividades que, sob perspectiva de segurança sanitária, não coloquem em risco a saúde da população.
Algumas atividades, ao meu ver, poderiam voltar logo, embora não sejam essenciais, desde que não ofereçam risco de comprometimento da saúde.
Exemplo: auto escolas.
Não é uma atividade essencial; as suas atividades, no que diz respeito às aulas práticas, se assemelham às atividades de táxi e de aplicativos: um motorista-aluno e um instrutor.
As aulas teóricas podem seguir o modelo do já consagrado sistema EAD, ou seja, ensino à distância.
Cricielle Muniz (PT)
Acredito que a decisão flexibilização deve ser sido pautada com base em dados concretos e informações que o governo detém e possui estrutura melhor de avaliar. Destaco as ações do governo do estado no enfrentamento da pandemia e priorizando a vida dos maranhenses.
Duarte Júnior (Republicanos)
Com todas as medidas que estão sendo tomadas, entendo que o caminho é a retomada gradual das atividades econômicas, pois o funcionamento das empresas é um importante passo para a recuperação e manutenção dos empregos e geração de renda. Protocolos para a nova normalidade precisam ser criados e testados. Contudo, mais importante que a retomada da economia é a garantia de proteção da saúde de toda a população, por meio de políticas sociais e também econômicas, que visem a redução de riscos de propagação da doença e de outros agravos, conforme prevê os arts. 6º, 196 e seguintes da Constituição Federal de 1988.
Dessa forma, desde que seguidos os protocolos dos órgãos competentes, definidos com estudo técnico-científico, penso ser possível iniciar a tão necessária abertura das atividades não apenas do comércio, mas também dos demais segmentos.
Eduardo Braide (Pode)
Sou favorável à reabertura gradual do comércio e outras atividades após avaliação e seguindo as recomendações de segurança das autoridades sanitárias. É preciso encontrar o equilíbrio entre o combate à pandemia e a manutenção dos empregos.
Franklin Douglas (PSOL)
Avalio como precipitado. Ainda não há evidências de que, de fato, o lockdown foi suficiente para achatar a curva de contaminação. A Prefeitura de São Luís não terá como como garantir qualquer fiscalização efetiva sobre quais comércios e serviços de fato cumprirão a medida. Melhor seria manter o rodízio de carros, reduzir a frota de ônibus, bloquear áreas como avenida Litorânea, Avenida dos Portugueses (de acesso à área Itaqui-Bacanga), rua Grande. E ter coragem em colocar ao setor do empresariado do comércio que esse sacrifício agora é muito melhor que abrir neste momento para ter que fechar mais à frente.
Jeisael Marx (Rede)
Não há como simplificar uma tomada de decisão como esta e tantas outras diante da situação atual no Brasil e no mundo. Quem disser o contrário, está equivocado.
É preciso ter acesso a dados e informações que permitam o máximo de acertos. Desse modo, e especialmente no formato autorizado, obedecendo regras e etiquetas sanitárias, acredito ser um passo importante para a economia o início da abertura do comércio considerado não essencial na Ilha, principalmente para os negócios pequenos, familiares, de pessoas que dependem de liquidez diária para alimentar sua família.
Quanto a uma maior flexibilização ou restrição, só é possível decidir de acordo com a evolução do quadro, baseado, sempre, nas recomendações dos especialistas, para preservar a vida humana.
Como tudo é muito novo, inclusive para cientistas e profissionais da saúde, a cautela é importante para que não tenhamos que conviver com recuos desnecessários, e, pior, colocando a perder os resultados já alcançados. Não existem respostas simples para situações complexas.
Neto Evangelista (DEM)
Desde o começo defendi o isolamento social como primeira alternativa, precisaríamos salvar vidas primeiro, afinal de contas morto não faz economia. Entretanto, após alguns avanços nas medidas de isolamento e distanciamento social, o comércio precisa reabrir gradativamente, sendo observado a partir daí os números de testagem positivas, para continuidade da reabertura dos comércios ou um novo isolamento social.
Rubens Pereira Júnior (PCdoB)
Nos balizaremos sempre pelas orientações científicas e com responsabilidade, conforme tem agido o Governo do Maranhão, que segue firme priorizando a vida.
Prova disso é o imenso esforço do governador Flávio Dino para aumentar a quantidade exclusiva de leitos para tratamento da Covid-19. Atualmente são mais de 1.500, com ações integradas para salvar mais maranhenses dessa pandemia.
Saulo Arcangeli (PSTU)
Somos extremamente contra essa flexibilização. Na verdade, nós sabemos que, desde o início da pandemia, a política do governo do Estado é de flexibilizar. Desde o início de abril, nos decretos, o governador liberou todo o setor industrial. Tá tudo funcionando.
Então, o setor do agronegócio e de commodities está funcionando em todo o estado. Por isso, a gente acha que é uma hipocrisia, pois essa é uma política que o Jair Bolsonaro atua nesse sentido, mas apesar do governador criticar tem aplicado [igual], e não há testes em massa.
Por exemplo, aqui a gente sabe que só 10% dos testes que vieram [do Governo Federal] foram aplicados. Inclusive, em entrevista o próprio governador cita isso. [Ele] coloca a culpa nos prefeitos, mas admite que os testes não são aplicados; e tem a política de flexibilizar. Para nós, flexibilização [sem testes em massa] é genocídio.
Wellington do Curso (PSDB)
Somos favoráveis à reabertura do comércio, mas desde que isso seja feito de forma gradativa e com cautela, atentando as orientações da OMS e recomendações sanitárias, com preocupação com a saúde e o emprego e renda dos maranhenses.
O momento ainda é de precaução e temos um grande número de maranhenses que já sente o peso econômico da pandemia.
Por isso, acreditamos, sim, que a reabertura do comercial é a medida correta, sem esquecer de sempre estar atento aos excessos e fiscalizar, caso haja aglomeração.
Além disso, um ponto necessário é que que os dados e boletins do governo do Estado sejam sempre repassados de maneira transparente. Por aqui, seguiremos na fiscalização. Por ora, acreditamos que seja a medida certa a ser adotada, buscando benefícios para os trabalhadores maranhenses.
Yglésio Moyses (PROS)
Acredito que o decreto poderia ter sido mais bem estruturado, a definição de negócio familiar é muito nebulosa. Situação como a dos comércios da Rua Grande gerenciados por empresários chineses e coreanos enquadram-se nesse segmento. Não houve previsão no decreto estadual para regulamentação das atividades pela prefeitura, o que sugere uma possível desorganização do aparelho fiscalizatório. Acredito que mais clareza e um cronograma pré-estabelecido mínimo de atividades que devem retornar ajudaria na auto-organização das empresas para não demitirem funcionários, além dos que já foram demitidos. Em relação à pandemia e seu avanço, não há dados suficientes até o momento mostrando uma estabilidade sustentada.
Concordo que precisa reabrir o comércio, mas não considero que a metodologia utilizada é adequada.
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Foto: Adriano Soares/Grupo Mirante. Rua Grande, Centro de São Luís (MA). 25/05/2020
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