Negacionista, Dino imita Bolsonaro, expõe chefes de outros Poderes no MA e prioriza economia
Política

Negacionista, Dino imita Bolsonaro, expõe chefes de outros Poderes no MA e prioriza economia

Do pouco decidido, suspensão do trabalho presencial no serviço público terá início apenas na próxima semana, quando situação epidemiológica do Maranhão tende a ser pior

Pró-ciência nas redes sociais e em discursos contra o presidente da República, mas na prática negacionista quanto ao aumento desenfreado de casos e óbitos por Covid-19 no Maranhão, o governador Flávio Dino (PCdoB) deu de ombros para a pressão popular e resolveu imitar Jair Bolsonaro (sem partido) na falta de medidas mais restritivas contra o avanço da pandemia no estado –antes, o comunista já havia montado e distribuído o famigerado kit anticovid-19, com medicamentos sem eficácia e sem comprovação científica contra a doença, como a cloroquina.

Após reunião arapuca realizada no Palácio dos Leões, nessa segunda-feira 1º, em que aglomerou, ainda que com uso de máscaras, diversos chefes de outros Poderes e de entidades autônomas sem qualquer expertise em epidemiologia ou virologia, Dino resolveu que não adotará oficialmente qualquer medida mais rígida para evitar o colapso no sistema de saúde pública sem antes ouvir, primeiro, o setor empresarial. Em vez do comitê científico, custeado pelos cofres públicos para direcionar as ações do governo no combate ao novo coronavírus, quem vai ditar o que pode ou não ser fechado ou suspenso no estado serão os grandes empresários, desmentindo carta

De nova medida decidida, apenas a suspensão do trabalho presencial no serviço público, pelo período de 10 dias. Ainda assim, somente a partir da próxima semana, quando a situação epidemiológica do estado –com taxa de ocupação de leitos de UTI (unidade de tratamento intensivo) acima de 80% há mais de uma semana– tende a ser outra e pior do que a atual, com maior alta de contágio e mortes em decorrência da Covid-19, e consequente maior necessidade de internações.

Além disso, a participação de chefes de outros Poderes na reunião expôs que essas autoridades e a atuação desses órgãos não deve ser independente, mas integralmente sujeita às ordens do Palácio dos Leões. Isso ficou claro na fala do próprio Flávio Dino, durante coletiva sobre o encontro.

Segundo o comunista, em consenso, foi descartada a possibilidade de lockdown total no momento, apesar dos poucos leitos para tratamento da doença ainda disponíveis e da confirmação de registro da variante P1 da Covid-19 no Maranhão.

“Estamos descartando a possibilidade de nesse momento haver um lockdown total. O que faremos é uma edição de normas com restrições de certas atividades, inicialmente pelo período de 10 dias, como restrições de grandes aglomerações, eventos que envolvam muitas pessoas, eventos festivos”, disse Flávio Dino.

Ocorre que, com a declaração, o governador mancha a atuação do Ministério Público e da DPE (Defensoria Pública do Estado), que vinham trabalhando fortemente pela adoção de medidas nas rígidas de enfrentamento ao novo coronavírus, e ainda do Poder Judiciário do Maranhão, que possui um pedido para decretação de lockdown em todo o estado, mas já está sob suspeita de indeferimento a pedido do governador.

Outro exposto à ignomínia foi o secretário estadual da Saúde, Carlos Lula. Como presidente do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), horas antes da reunião arapuca, o titular da SES divulgou carta pela entidade em que sugere toque de recolher, fechamento de escolas, praias, bares e igrejas como medida urgente contra Covid-19. Para não desagradar o chefe do Palácio dos Leões, porém, Lula se comportou no encontro e foi contrário a alguma medida mais rígida no Maranhão.



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