Chocando-se frontalmente com o discurso de que “uma pessoa quando tem vergonha na cara, quando tem educação e tem princípios, formação, não esquece do bem que foi feito a seu favor e tem gratidão sempre”, o governador Flávio Dino (PSB) vem fazendo jogo duplo com o vice-governador Carlos Brandão (PSDB) na disputa pelo Palácio dos Leões em 2022.
Confundindo a lealdade de Brandão com subserviência, Dino tem esticado a corda e liberado Felipe Camarão (PT) para acelerar tratativas em busca de alianças que cacifem o secretário de Educação para o corrida pelo governo do Estado, mesmo que isso simbolize desrespeito e coloque em xeque o apoio prometido ao tucano para a eleição do ano que vem.
Com aval de Dino, Camarão usou o horário de trabalho nessa segunda-feira (25) para reunir com o PSB, partido do próprio governador maranhense, maior afronta direta a Brandão nesta pré-campanha. No encontro, articulou abertamente para que na reunião com lideranças partidárias prevista para novembro seja defendida a prorrogação da decisão sobre quem será o candidato único do grupo dinista.
A ideia é empurrar a decisão para fevereiro, tempo considerado suficiente pelo secretário para fragilizar Brandão, ganhar musculatura eleitoral própria e obrigar o vice-governador a abrir mão da disputa em troca de favores políticos e indicações para cargos públicos a partir de 2023, quando estaria fora do poder.
Além disso, sempre sob fiança de Flávio Dino, Felipe Camarão abriu diálogo com o PDT, do senador e pré-candidato ao governo Weverton Rocha, por apoio. Também com o MDB da ex-governadora Roseana Sarney, com sinalização para indicação à vaga de vice.
Em paralelo, Dino também voltou a liberar o secretário de Indústria e Comércio, Simplício Araújo (SD), para defender que a escolha do candidato único do grupo seja adiada para 2022.
Apesar dos ataques, o vice-governador do Maranhão tem permanecido caninamente leal, e aguarda retribuição. Aos mais próximos, porém, tem lembrado que Dino precisará se desincompatibilizar do cargo até abril do próximo ano se quiser continuar na vida pública. Quando essa data chegar, tem salientado Carlos Brandão, o governador e quem de fato vai conduzir a própria reeleição e primeira eleição de todo o grupo encastelado no Palácio dos Leões será ele, não Flávio Dino.
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