O governador Flávio Dino (PSB) anunciou no início da tarde desta segunda-feira (7) a nomeação do delegado da Polícia Civil Leonardo Diniz para a chefia da Secretaria de Estado da Segurança Pública, em substituição a Jefferson Portela, e a quem é ligado.
O anúncio foi feito no Twitter, com foto ladeado do próprio Diniz, mas que não contou com a presença do vice-governador Carlos Brandão (PSDB), reforçando a crise entre o mandatário e o sucessor no processo de transição do governo do Maranhão.
Em vez de Brandão, quem ocupou o espaço no registro foi o secretário-chefe da Casa Civil, Diego Galdino, irmão do superintendente da Senarc (Superintendência Estadual de Repressão ao Narcotráfico), Breno Galdino, delegado da Polícia Civil e um dos contrários à ascensão de um militar para o comando da SSP-MA.
A escanteada, que cumpria agenda institucional fora de São Luís, em Brandão pode ser percebida em outra ausência na rede social. Mais de seis horas após a publicação do socialista, o tucano não fez qualquer comentário de boas-vindas ao novo secretário de Segurança Pública, quebrando uma tradição que vinha mantendo desde 2015, a cada nova nomeação para o Executivo.
No último dia 31 de janeiro, durante coletiva após reunião no Palácio dos Leões em que teve o nome reiterado como candidato único de Dino e do grupo dinista ao Palácio dos Leões, Brandão afirmou haver acertado com o mandatário que, a partir daquele momento, toda substituição nas secretarias estaduais seria para a escolha de pessoas que pudessem ficar em definitivo até o final do governo, em 31 de dezembro de 2022.
“O governador tem discutido com a gente que, como só faltam 60 dias para ele sair do governo, a partir desse momento, nós vamos dialogar, eu e ele, para que a gente faça as substituições. Não pode trocar um secretário agora, para daqui a 60 dias eu ter de trocar de novo. Então, há um entendimento que a gente faça junto”, declarou.
Na prática, porém, não é o que tem acontecido.
Conforme mostrou o ATUAL7, próximo de deixar a cadeira para disputar o Senado, Flávio Dino quer manter as rédeas de pastas estratégicas do Executivo pelo menos até o fim de março, enquanto Carlos Brandão pretende imprimir ritmo próprio desde agora.
Diferentemente das secretarias de Desenvolvimento Social (Sedes) e de Indústria e Comércio (Seinc), que estão na mesa de negociação com partidos e lideranças políticas, a Segurança Pública é considerada uma pasta estratégica e, por isso, inegociável para costuras eleitorais.
Neste sentido, embora o Palácio dos Leões já estivesse preparando a exoneração de Portela, a falta de sintonia entre o mandatário e o sucessor no processo de transição da gestão acabou atrapalhando a escolha de um nome de consenso.
Até a semana passada, o mais cotado para o cargo era o atual secretário-chefe do Gabinete Militar, coronel Sílvio Leite. Contudo, por ser de maior confiança apenas para Dino, além de também não possuir experiência técnico-operacional nem experiência comprovada de gestão pública, acabou perdendo força.
Como segue em desarmonia com o vice, e o ATUAL7 revelou a antecipação de Jefferson Portela com a entrega do cargo, para tapar o buraco, Flávio Dino resolveu, sem a anuência de Carlos Brandão e em ato destrambelhado, anunciar a nomeação do delegado Leonardo Diniz, que é ligado a Portela, para a SSP-MA.