Paulo Curió contrata empresa de fachada usada em esquema liderado pelo irmão em Governador Nunes Freire

Contrato com a Farma Régia visa fornecimento de medicamentos da farmácia básica e material odontológico para Turilândia. Prefeito e Marcel Curió são réus por organização criminosa e desvios de mais de R$ 30 milhões envolvendo a distribuidora

O prefeito de Turilândia, Paulo Curió (PTB), celebrou um contrato com uma empresa que, segundo procedimento investigatório criminal do Gaeco (Grupo de Atuação Especial no Combate às Organizações Criminosas) do Ministério Público do Maranhão, é de fachada e foi utilizada pelo seu irmão, Marcel Curió (PTB), para desviar recursos públicos do município de Governador Nunes Freire, onde já foi gestor.

Trata-se da Farma Régia, empresa de pequeno porte com endereço cadastral em Santa Helena, a 156 quilômetros de São Luís, com atividades que vão de comércios atacadista de medicamentos e varejista de equipamentos e suprimentos de informática a transporte rodoviário de cargas.

De acordo com dados do sistema de contratações públicas do TCE (Tribunal de Contas do Estado) do Maranhão, em março deste ano, a gestão Paulo Curió contratou a empresa para o fornecimento de medicamentos da farmácia básica e material odontológico para atender as necessidades da Secretaria de Saúde de Turilândia.

O contrato foi firmado via adesão à ata de registro de preços da prefeitura de Santa Helena, ao custo de pouco mais de R$ 320 mil, e tem vigência até o final de 2022. Os recursos são oriundos do FMS (Fundo Municipal de Saúde), abastecido com verba federal do SUS (Sistema Único de Saúde).

Conforme mostrou o ATUAL7, o Gaeco aponta a Farma Régia como integrante do chamado “núcleo financiador” da organização criminosa que, segundo as investigações, desviou mais de R$ 30 milhões da prefeitura de Governador Nunes Freire, entre os anos de 2013 e 2016.

À época, o município era comandado por Marcel Curió, irmão do hoje prefeito de Turilândia Paulo Curió, e apontado como cabeça do esquema. Ambos são réus, com outros 13 acusados, em ação penal relacionada à Operação Quarto Feliz, deflagrada em setembro de 2020 com objetivo de desarticular o esquema.

Segundo as investigações do Ministério Público maranhense, Gardênia Regia Borges Nunes, proprietária da empresa e também ré na ação, ocupava o cargo de professora de Turilândia durante os desvios pela gestão de Marcel Curió.

O ATUAL7 procurou a Prefeitura de Turilândia, Paulo Curió e a empresa Farma Regia por email para que comentassem o assunto, mas não houve retorno.

O pai dos irmãos Curió, Domingos Sávio Fonseca, de quem herdam o alcunha, já foi prefeito do município de Turilândia, entre 2099 e 2012, e também responde a diversas ações na Justiça, tanto no âmbito Estadual quanto Federal, por casos relacionados à desvios, fraudes em licitações, enriquecimento ilícito e corrupção. Ele foi preso em junho de 2016 em desdobramentos da Operação Detonando, deflagrada contra esquemas da chamada Máfia da Agiotagem.

Os filhos Paulo e Marcel Curió, revelou o ATUAL7, chegaram a ser alvos de pedidos de prisão pelo Gaeco, no bojo da Operação Quarto Feliz, mas a autorização foi negada pelo então juiz da 1ª Vara Criminal do Termo Judiciário de São Luís –transformada no início deste ano ano em Vara Especial Colegiada dos Crimes Organizados, Francisco Ronaldo Maciel Oliveira, hoje desembargador do Tribunal de Justiça do Maranhão.


Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *