PGR pede ao STF para declarar nula manobra que permitiu reeleição antecipada de Iracema para comando da Alema
Política

PGR pede ao STF para declarar nula manobra que permitiu reeleição antecipada de Iracema para comando da Alema

Em maio, o ministro Dias Toffoli suspendeu ato que adiantou escolha para Mesa Diretora da Assembleia Legislativa de Tocantins. Augusto Aras quer que seja fixada tese para que todas as demais casas do Poder Legislativo estadual não burlem Constituição

A PGR (Procuradoria-Geral da República) entrou na última sexta-feira (7) com uma ação no STF (Supremo Tribunal Federal) para que seja declarada nula a manobra que permitiu a reeleição antecipada da deputada estadual Iracema Vale (PSB) à presidência da Assembleia Legislativa do Maranhão. A informação foi publicada pelo blog do Neto Ferreira, e confirmada pelo ATUAL7.

O caso foi distribuído para o ministro Luiz Fux. A decisão do Supremo terá impacto direto em todos os cargos de direção da Mesa Diretora da Alema que também tiveram a escolha para o próximo biênio adiantada.

No último dia 16 de junho, na iminência de deserções e contendas entre aliados políticos por conta do pleito municipal de 2024, os deputados estaduais maranhenses alteraram o regimento interno da Casa e aceleraram a eleição da cúpula para o biênio 2025/2027 em mais de um ano e meio antes do estabelecido pela regra constitucional.

Além da afronta aos princípios democrático e republicano, bem como ao interesse público, os parlamentares também violaram regra interna, estabelecida poucos meses antes, sobre reserva de vagas para mulheres e pessoas com deficiência.

Pela Constituição Federal, norma reproduzida pela Constituição do Estado do Maranhão em observância compulsória, a realização das sessões preparatórias para eleição da Mesa Diretora do Poder Legislativo está prevista para acontecer, tanto para o primeiro quanto para o segundo biênio da legislatura, somente a partir de 1º de fevereiro.

“No federalismo, cada estado-membro pode valer-se do chamado ‘experimentalismo’, tendo liberdade para experimentos sociais e econômicos sem que o resto do país seja colocado em risco . Há, contudo, limites para exercer essa autonomia da vontade federativa”, argumenta o procurador-geral da República, Augusto Aras, na ação.

“A autonomia dos entes federados para disciplinar o momento de realização do pleito para as mesas diretoras do Poder Legislativo encontra-se limitado por balizas impostas pela Constituição Federal, sobretudo pelos princípios republicano e democrático, dos quais decorre a aludida exigência de contemporaneidade entre pleito e mandato”, conclui.

Para evitar novas manobras, a PGR pede ainda que seja fixada tese para todas as demais assembleias legislativas estaduais.

O objetivo é que, de uma só vez, o Supremo declare inconstitucional a antecipação de eleição para a cúpula da Assembleia Legislativa em todos os estados do país.

Em maio, atendendo pedido do PSB Nacional, partido de Iracema Vale no Maranhão, o ministro Dias Toffoli, do STF, suspendeu liminarmente a eleição antecipada da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa de Tocantins para o próximo biênio.

A decisão, citada por Aras na ação de inconstitucionalidade contra a manobra dos deputados estaduais maranhenses, teve como fundamento o princípio de que a periodicidade dos pleitos é fundamental para a promoção do pluralismo político.

“A fórmula é tão inusitada quanto evidentemente subversiva de alguns elementos básicos dos regimes republicanos e democráticos”, afirmou Toffoli no julgamento.



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