Flaviana Manuella Froes Abreu Pavão, exonerada do quadro da Assembleia Legislativa do Maranhão na última quinta-feira 9, era lotada no gabinete do deputado estadual Glaubert Cutrim (PDT). Como o próprio sobrenome delata, Glaubert é filho do ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), conselheiro Edmar Serra Cutrim.
A lotação, que só findou-se somente após a Justiça determinar uma varredura nos servidores da Casa, aponta para uma possível colegagem com dinheiro público entre Edmar e o atual presidente do TCE-MA, conselheiro João Jorge Jinkings Pavão.
Pavão, conforme revelado pelo ATUAL7, é sogro de Flaviana. Ela é casada com o advogado João Jorge Jinkings Pavão Filho e servidora do Hospital Infantil Dr. Juvêncio Mattos, onde também é lotada para prestar serviço no mesmo horário em que deveria estar trabalhando na AL-MA. Segundo servidores da Casa, ela nunca compareceu ao local de trabalho. Procurado, o secretário de Saúde do Maranhão, Carlos Lula, não respondeu até a publicação desta reportagem se a nora do presidente do TCE-MA comparecia regularmente a unidade hospitalar, onde comanda um setor.
Flaviana Pavão foi exonerada do cargo em comissão, Símbolo DANS-1, de Coordenador Parlamentar do Poder Legislativo estadual, que ocupava fevereiro de 2015, após a Assembleia Legislativa do Maranhão ser alvo de denúncias da existência de funcionários ‘fantasmas’. Suspeita-se que a Mesa Diretora esteja fazendo uma limpeza geral na folha, antes de iniciar o recadastramento determinado pela Justiça.
Mais de 30% do quadro de pessoal da Casa estaria recebendo sem precisar ir trabalhar, sendo a maioria composta por parentes de deputados. Até filhos e um sobrinho de desembargadores do Tribunal de Justiça do Maranhão também são suspeitos de serem funcionários fantasmas da AL-MA.
O ATUAL7 não conseguiu o contato de Flaviana Pavão.
Coisa de DNA
A suspeita de que Glaubert Cutrim possa ter empregado a nora do presidente do TCE-MA como funcionária fantasma de seu gabinete pode estar ligada diretamente ao DNA do parlamentar.
Há pouco mais de um mês, o pai do deputado, conselheiro Edmar Cutrim, foi pego empregando fantasmagoricamente o filho do presidente interino da Câmara, deputado Waldir Maranhão (PP-MA). Thiago Maranhão, que é médico, morava em São Paulo mas embolsava religiosamente por mês R$ 7 mil como assessor de Edmar Cutrim no TCE-MA.
Questionado sobre a boquinha ao filho de Waldir Maranhão, o conselheiro não demonstrou qualquer desconforto com a descoberta, limitando-se a apenas insinuar que o caso seria muito pequeno para “querer desonrar as pessoas”.
“Esse assunto está superado […] eu acho que estão colocando tempestade em copo d’água, eu acho que tem coisa muita mais séria nesse país pra resolver do que isso, esse ‘tamaninho’ de coisa pra querer desonrar as pessoas”, disse.
O próprio Glaubert Cutrim, aliás, também já foi funcionário fantasma da Assembleia.
Então apenas dono de um salão de beleza, o parlamentar era mantido numa sinecura no gabinete do deputado Rubens Pereira Júnior (PCdoB), até abril de 2014. O cargo recebido era o famoso ISO, um dos mais caros da Assembleia Legislativa do Maranhão e comparado, em níveis de rendimento, ao salário de um secretário de Estado.