Operação Jenga
Weverton e Erlânio compram postos de Pacovan, alvos da Jenga
Política

Senador e prefeito são donos de empresas que substituíram o Joyce V e Joyce VI. Agiota usou estabelecimentos para lavar dinheiro de prefeituras. Esquema movimentou mais de R$ 200 milhões

Pelo menos dois postos de combustíveis apontados pela força-tarefa da Operação Jenga como de propriedades, de fato, do agiota Josival Cavalcante da Silva, o Pacovan, foram comprados pelo senador Weverton Rocha (PDT) e pelo prefeito de Igarapé Grande e presidente da Famem, Erlânio Xavier (PDT). A informação foi revelada, com exclusividade, pelo blog do Werbeth Saraiva, e confirmada pelo ATUAL7.

Os postos adquiridos pelos pedetistas são os antigos Petromais Comércio de Derivados de Petróleo Ltda - Joyce V, localizado na Avenida Jerônimo de Albuquerque, no Angelim, em São Luís; e o Gás Óleos Santa Terezinha Ltda - Joyce VI, localizado na Avenida da Praia, Lote Recreio do Araçagy, em São José de Ribamar.

Na negociação até então desconhecida, não houve aproveitamento dos CNPJS, mas criação direta de novas empresas, ambas abertas em 5 de dezembro de 2019. Agora, o Joyce V está registrado sob o nome empresarial Petro São Francisco Ltda; e o Joyce VI, Petro São José Ltda. O capital social de cada um é de R$ 150 mil.

Cyntia Vanessa de Sousa Muniz, nomeada por Erlânio Xavier como membro do CAE (Conselho de Alimentar Escolar) da Prefeitura de Igarapé Grande, pelo período 2018/2026, também aparece no registro dos postos de combustíveis junto à Receita Federal, como administradora.

O ATUAL7 questionou Weverton Rocha sobre a origem do dinheiro para a aquisição de postos de combustíveis; fechamento de contratos com o poder público; e se ele tinha conhecimento, na aquisição, do uso do postos para lavar dinheiro público de prefeituras. Em nota encaminhada pela assessoria do senador na tarde deste sábado 30, há apenas repetição do que foi publicado sobre a negociação, com ênfase no fato de que a venda de combustíveis é legal.

“Trata-se de uma empresa nova e que, portanto, não foi adquirida/comprada de ninguém, mas sim constituída por seus sócios com capital privado (sem qualquer dinheiro público), na forma da lei. Explora atividade econômica lícita, dentro de todos os parâmetros, conformidades, e autorizações legalmente previstas”, disse.

Os mesmos questionamentos foram encaminhados ao prefeito Erlânio Xavier, por mensagem de WhatsApp, por ele não ter atendido a tentativa de contato por telefone. Até o momento, porém, não houve retorno. Não conseguimos o contato de Pacovan.

A Operação Jenga foi deflagrada pela Polícia Civil do Maranhão em maio de 2017, e mirou um esquema de lavagem de dinheiro do agiota a partir de diversas empresas, incluindo os postos de combustíveis agora adquiridos pelos pedetistas.

Segundo a SSP (Secretaria de Estado da Segurança Pública), mais de 200 milhões foram movimentados pelo esquema fraudulento, em apenas três anos.

Em dezembro do ano passado, por decisão do juiz Ronaldo Maciel, da 1ª Vara Criminal de São Luís, de mais de 500 páginas, os envolvidos foram condenados em primeira instância, por crimes contra a ordem tributária, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa.

Vara de organizações criminosas pronta para julgar Pacovan e outros 21 na Jenga
Política

Réus são acusados de lavar dinheiro oriundos de corrupção em prefeituras do Maranhão

A 1ª Vara Criminal de São Luís, privativa para processamento e julgamento dos crimes de organização criminosa, já tem conclusa para sentença a ação penal contra o empresário Josival Cavalcanti da Silva, mais conhecido como Pacovan, e outras 21 pessoas sob acusação de lavagem de dinheiro e outros crimes de corrupção.

Identificado pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Maranhão como agiota, segundo as investigações, Pacovan seria chefe de suposta orcrim que teria desviado mais de R$ 100 milhões de prefeituras maranhenses por meio de esquema envolvendo postos de combustíveis da Região Metropolitana de São Luís.

Em despacho assinado no último dia 29, o juiz Anderson Sobral de Azevedo, auxiliar da 1ª Vara Criminal de São Luís, determinou a juntada aos autos do espelho de pesquisa atualizada sobre os antecedentes criminais dos acusados, para análise da fixação de pena em eventual condenação.

Deflagrada em maio de 2017, a Operação Jenga prendeu temporariamente Pacovan e outras 17 pessoas, entre elas a mulher do empresário, Edna Maria Pereira. Ela também é apontada como líder do suposto esquema.

Ainda de acordo com as investigadores, o dinheiro das prefeituras teria sido lavado por meio de dissimulação de transações comerciais pelas gestões municipais com postos de combustíveis de propriedade do próprio Pacovan ou de supostos laranjas. Emendas parlamentares também teriam sido desviadas pela abastecer o suposto esquema de agiotagem.

Pacovan é preso em lavagem de dinheiro de corrupção em prefeituras
Política

Investigações da Polícia Civil apontam que a movimentação pode passar de R$ 100 milhões

A Polícia Civil do Maranhão prendeu, na manhã desta quinta-feira 4, durante a deflagração da Operação Jenga, o empresário Josival Cavalcante da Silva, o Pacovan.

Conhecido como um dos maiores agiotas do estado por envolvimento na máfia que desvia verba pública da merenda, infraestrutura e saúde em prefeituras maranhenses, ele é suspeito de participar de um esquema de lavagem de dinheiro em posto de gasolina da Região Metropolitana de São Luís.

Segundo a polícia, porém, há suspeitas que se tratava, na verdade, de lavagem de dinheiro de esquemas de corrupção em prefeituras. Em um dos imóveis de Pacovan, na BR- 135, foram apreendidos 60 caminhões. Segundo a polícia, os veículos eram entregues como garantia por quem tomava empréstimos com ele. Contudo, ainda não houve divulgação dos nomes dos possíveis municípios e gestores supostamente envolvidos no esquema.

Ao todo, estão sendo cumpridos 22 mandados de prisão sendo executados na capital e nas cidades de Itapecuru e Zé Doca.

O nome da operação é uma referência a um jogo de empilhamento chamado Jenga, em que uma peça retirada derruba toda a torre.

As investigações apontam que a movimentação da organização criminosa pode passar de R$ 100 milhões.