Quase um mês depois do delegado de Polícia Civil Ney Anderson Gaspar acusar o secretário Jefferson Portela de haver determinado monitoramento e escutas ilegais a desembargadores do Tribunal de Justiça do Maranhão, além de familiares e assessores dos magistrados, deputados da Assembleia Legislativa que integram a Comissão de Segurança Pública seguem em total silêncio público. Portela nega as acusações.
São sete titulares (Rildo Amaral, Duarte Júnior, Yglésio Moyses, Pastor Cavalcante, Rafael Leitoa, Leonardo Sá e Arnaldo Melo) e sete suplentes (Felipe dos Pneus, Fábio Macedo, Paulo Neto, Edson Araújo, Hélio Soares, Fernando Pessoa e Rigo Teles) no colegiado. Até o momento, nenhum deles cobrou do governador Flávio Dino (PCdoB) ou de Portela qualquer explicação sobre o assunto.
O mesmo silêncio impera, estranhamente, em relação aos parlamentares de oposição. Também na bancada de Maranhãozinho, o Josimar, presidente do Partido Liberal (antigo PR) no Maranhão, que confirmou a veracidade da acusação de Ney Anderson, sobre ordens de Portela para que fosse aberta de investigação contra ele.
Se firmando nessa inércia, o presidente da Comissão de Segurança da Alema, Rildo Amaral (SD), alegou ao ATUAL7 que nada pode fazer a respeito do caso se não for provocado. Ele garante que é o próprio Regimento Interno da Casa quem o impede. “O deputado Wellington ficou de propor uma CPI e viajou. Se ele propor, se alguém provocar formalmente, protocolando na Mesa Diretora, conforme o trâmite legal, vamos agir. Mas sem provocação, pelo Regimento Interno, não podemos fazer nada”, disse.
Enquanto a Assembleia Legislativa e seus membros se esquivam, na Câmara dos Deputados, por solicitação do deputado federal Aluísio Mendes (Pode-MA), uma audiência Pública com Ney Anderson e Tiago Bardal, também delegado de Polícia Civil, deve ser realizada em Brasília (DF), nos próximos dias. Um pedido para intervenção federal na pasta da Segurança Pública do Maranhão, até que seja feita uma auditoria no sistema Guardião, não está descartado.
Na Procuradoria-Geral de Justiça (PGJ), pelo menos dois procedimentos já foram instaurados para apurar o caso da suposta espionagem. O primeiro por requisição do desembargador Joaquim Figueiredo, presidente do TJ-MA. O segundo por notícia de fato protocolada pelo deputado federal Edilázio Júnior (PSD-MA).
Há, também, a possibilidade da entrada da Polícia Federal (MPF) e do Ministério Público Federal (MPF) entrar na investigação, a pedido do senador Roberto Rocha (PSDB-MA). Segundo Ney Anderson, ele também teria sido alvo de Jefferson Portela na suposta arapongagem.
Para tentar estancar o escândalo, na semana passada, o próprio Portela, acompanhado do secretário-chefe da Casa Civil Marcelo Tavares e do procurador-geral do Estado Rodrigo Maia, estiveram em reunião fora da agenda com o presidente do Tribunal de Justiça maranhense.
No Twitter, plataforma utilizada Flávio Dino como palanque para tornar público atos de governo e mandar recado para adversários, o governador também segue em silêncio tumular sobre a acusação e as investigações contra o secretário de Segurança de sua gestão. A rede foi utilizada, até o momento, sem citar o caso, apenas para sugerir que Jefferson Portela não cairá do cargo.
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