Em coletiva sobre o enfrentamento da pandemia do novo coronavírus no Maranhão, nesta sexta-feira 26, o governador Flávio Dino (PCdoB) demonstrou irritação ao ser questionado sobre como será feita a fiscalização do Estado em bares e restaurantes. Sem apresentar qualquer estudo científico para embasar a decisão, o comunista antecipou a autorização para a reabertura do setor, apesar do aumento de casos confirmados e óbitos em decorrência da Covid-19 no estado.
“É uma decisão de cada um. Eu também não sou tutor de todas as pessoas, não me cabe isso. Eu sou governador do Maranhão”, respondeu.
A declaração do chefe do Palácio dos Leões se assemelha a feita pelo presidente Jair Bolsonaro. Em abril, ao questionado sobre o número de pessoas mortas pela Covid-19, Bolsonaro respondeu: “Eu não sou coveiro”.
Embora tenha autorizado a reabertura dos bares e restaurantes, Dino acabou confessando não confiar na própria decisão, ao dar uma declaração pessoal a respeito do assunto. Apesar de haver determinado, segundo alega, fiscalização nos estabelecimentos para averiguar o cumprimento das normas sanitárias, o governador disse que ainda não deixará que a sua mãe, Maria Rita, e nem o seu pai, Sálvio Dino, frequente esses lugares.
“Não serei eu que direi para uma pessoa ir ou não ir a um restaurante ou a um bar, mas a minha mãe, que tem 82 anos, não irá. Pedi a ela. Meu pai, que tem 88 anos, também não irá. Conversei com ele”, disse. “Então, é preciso que cada um cuide de si. É impossível fiscalizarmos 7 milhões de pessoas. Nós já temos as normas, e temos a fiscalização. É preciso agora que haja colaboração, o bom senso, a consciência de cada um”, completou.
Essa declaração de Dino, apesar de toda a retórica, assim como a anterior, também segue a mesma orientação que vem sendo defendida por Jair Bolsonaro no enfrentamento da pandemia.
Para o presidente, o comércio e serviço não essenciais deveriam ser todos reabertos —como, de fato, já está ocorrendo no Maranhão—, por meio da adoção do chamado isolamento vertical, que atingiria somente o grupo de risco —pessoas com baixa imunidade e maiores de 60 anos. “Cada filho que cuide de seu pai e seu avô, poxa. Isso não é obrigação do poder público”, declarou Bolsonaro, em março. “O povo tem que parar de deixar as coisas em cima do poder público”, afirmou.
À época, Dino escandalizou-se e criticou duramente Bolsonaro pelo o que, agora, ele repete.
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