Apontada pela força-tarefa da Polícia Civil e Ministério Público do Maranhão como integrante da organização criminosa (Orcrim) que tomou de assalto os cofres públicos do estado pela Máfia da Agiotagem, a Construservice C Empreendimentos e Construções Ltda, que fica em Codó, vem faturando alto no governo de Flávio Dino (PCdoB), por meio da Secretaria de Estado da Infraestrutura (Sinfra).
No papel, a empreiteira tem como proprietários Rodrigo Gomes Casanova Júnior e Adilton da Silva Costa, mas segundo as investigações é operada no submundo do crime pelo empresário Eduardo José Bastos Costa, o Eduardo DP ou Imperador.
Segundo levantamento do ATUAL7 no Portal da Transparência do Governo do Maranhão, entre 2015 e 2019, a empresa já embolsou exatos R$ 136.523.425,11 do cofres públicos do Estado.
Do montante, a maior parte foi repassada no ano passado, quando Dino foi reeleito. Foram exatos R$ 56.239.183.11.
Em março de 2015, tanto a Construservice, quanto o próprio Eduardo DP foram alvos da Operação Imperador I, deflagrada pela Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic), da Polícia Civil, como desdobramento da Operação Detonando, desencadeada após o assassinato do jornalista e blogueiro Décio Sá.
No próprio site institucional do governo há o registro da apresentação do empresário à Comissão de Combate à Agiotagem, atendendo a um mandado de prisão temporária, após ser considerado foragido. De acordo com a agência de notícias do Palácio dos Leões, o empresário-agiota seria o líder da Orcrim especializada em agiotagem, fraude em licitações e lavagem de dinheiro.
Ainda em 2015, no mês de novembro, ele voltou a ser preso, pela então recém-criada Superintendência Estadual de Combate à Corrupção (Seccor), na Operação El Berite II, em conjunto com o Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), do MP-MA. Conforme se depreende do site do governo estadual, ele chegou a dividir holofotes no auditório da Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP) com o também empresário-agiota Josival Cavalcanti da Silva, o Pacovan, também alvo da El Berite II. Outro agiota, Gláucio Alencar, denunciado à Justiça estadual como mandante da execução de Décio Sá, se encontrava preso à época pelo crime contra o jornalista, por isso não foi apresentado com os demais.
Poucos meses depois, em maio de 2016, Eduardo DP voltou a ser preso pela Seccor e Gaeco, na Operação Imperador II. O próprio Governo do Maranhão, novamente em seu site institucional, e também no site da Polícia Civil, deu destaque à operação, enfatizando ainda que o empresário-agiota era detentor de “mais de três Certidões de Pessoas Físicas (CPF), duas certidões de nascimentos, duas cédulas de Identidade (RG) e dois títulos de eleitor”.
A quarta e última prisão de Eduardo DP pela Seccor e Gaeco em combate à Máfia da Agiotagem aconteceu em julho daquele ano, na Operação Paulo Ramos II. No bojo dessa operação, segundo registrado no site da SSP-MA, ele chegou a ser encaminhado para o Complexo Penitenciário de Pedrinhas.
Das eleições municipais de 2016 para cá, porém, quando se juntou politicamente ao clã Macedo – aliado de Flávio Dino – em Dom Pedro, além da celebração de diversos novos contratos com o governo estadual, e ainda de não ter mais sido preso pela Seccor e Gaeco, Eduardo DP construiu também um network tão valioso com o Palácio dos Leões que até já subiu em palanque com o próprio comunista, em cerimônia de ato de assinatura para obras custeadas pelos cofres do Estado.
Ontem 9, o ATUAL7 mostrou que, segundo depoimento prestado à 2ª Vara Criminal de São Luís pelo ex-chefe da Seic, delegado Tiago Bardal, Eduardo DP poderia ter sido preso pela quinta vez em nova investida da Polícia Civil do Maranhão contra a Máfia da Agiotagem, na já batizada de Operação Jenga II.
A eventual prisão e a operação, contudo, detalhou Bardal, não foram deflagradas por interferência do secretário de Segurança Pública Jefferson Portela, porque atingiria políticos ligados aos Leões, além do próprio empresário-agiota.
Outro lado
Questionados por mais de uma vez para se posicionarem oficialmente a respeito dos contratos celebrados pelo governo de Flávio Dino com a Construservice e sobre a paralisação das operações contra Eduardo DP, a SSP-MA e o Gaeco jamais retornaram o contato. Apenas o titular Sinfra, Clayton Noleto, confrontado num grupo de WhatsApp, já se manifestou, mas em defesa da legalidade dos contratos.
O espaço segue aberto para manifestação.
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