A suposta associação criminosa suspeita de ser encabeçada pelo ex-prefeito de São Pedro dos Crentes Lahésio Bonfim movimentou em torno de R$ 44 milhões em apenas dois anos, segundo investigação da Seccor (Superintendência Estadual de Prevenção e Combate à Corrupção), da Polícia Civil do Maranhão.
O montante, aponta documentação obtida pelo ATUAL7, corresponde ao período de 1º de janeiro de 2018 a 31 de dezembro de 2019.
A informação foi levantada pelo Laboratório de Tecnologia contra Lavagem de Dinheiro da Polícia Civil maranhense, a partir de dados de afastamento dos sigilos bancário e fiscal autorizado pelo Tribunal de Justiça do Maranhão. À época, Lahésio possuía foro especial em razão do cargo que ocupava.
Candidato ao Palácio dos Leões pelo PSC, ele é réu em ação penal relacionada ao caso sob acusação de fraude em licitação, associação criminosa e armazenamento irregular de combustível. À Justiça Eleitoral, declarou patrimônio de R$ 4,6 milhões, que garante ser oriundo principalmente de quase 20 anos de trabalho como médico. Quando entrou na política eleitoral, em 2008, declarou apenas R$ 156 mil em bens.
Procurado, ele não retornou o contato.
A quebra dos sigilos teve como base indícios de que o ex-gestor municipal seria sócio oculto de empresas contratadas pela prefeitura de São Pedro dos Crentes para fornecimento de combustíveis.
Segundo relatório de análise técnica dos dados bancários, os investigadores descobriram que, entre as movimentações milionárias no período levantado, houve diversas transferências entre Lahésio Bonfim e demais alvos do inquérito policial, algumas feitas mensalmente.
As informações, somadas a material apreendido pela Seccor durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão na prefeitura de São Pedro dos Crentes em operação deflagrada em julho de 2020, levaram o Ministério Público do Maranhão a denunciar Lahésio e outras quatro pessoas. A denúncia foi aceita no dia 17 de junho último, segundo certidão criminal da primeira instância estadual apresentada pelo candidato ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Elizany Costa e Silva Rodrigues e Thaysa Costa Silva Rodrigues, que aparecem formalmente como proprietárias do Auto Posto Fortaleza, uma das empresas que venceu licitação suspeita de fraude e que teria o ex-gestor municipal como sócio oculto, também tiveram a denúncia aceita.
Também figuram como réus João Batista dos Santos Coutinho, proprietário da Andrade e Coutinho –outra empresa vencedora do certame suspeito, e que também teria ligações próximas com o ex-prefeito–, além de Celsivan dos Santos Jorge, que comandava a CPL (Comissão Permanente de Licitação) de São Pedro dos Crentes quando Lahésio Bonfim era prefeito do município.
No mês passado, sob alegação de “constrangimento ilegal, cerceamento de defesa, violação do devido processo legal consoante ofensa ao contraditório e ampla defesa”, as sócias do Auto Posto Fortaleza entraram com habeas corpus no Tribunal de Justiça do Estado, com objetivo de suspender a ação penal 0802090-45.2022.8.10.0026, que tramita sob sigilo na 4ª Vara da Comarca da Balsas. O pedido, porém, foi negado pelo desembargador José Luiz Oliveira de Almeida, da Segunda Câmara Criminal do TJ maranhense.
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