Após acerto com Carlos Brandão, José Sarney emplaca neto na MOB

Ex-deputado de oposição, Adriano vai controlar o destino de R$ 47,4 milhões em 2023. Antes de virar aliado, ele foi investigado e apontado como suspeito de enriquecimento ilícito pela STC

O ex-senador José Sarney (MDB) emplacou o neto Adriano Sarney (PV) no comando da MOB, a Agência Estadual de Mobilidade Urbana e Serviços Públicos.

O anúncio foi feito nas redes sociais nesta terça-feira (28) pelo governador Carlos Brandão (PSB), e representa a volta ao Executivo estadual de um membro familiar da oligarquia, que dominou do estado por cerca de 50 anos e deixou herança maldita em todos os índices sociais.

Ex-deputado estadual, Adriano Sarney é filho do ex-ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho.

No comando da MOB, vai controlar o destino de R$ 47,4 milhões, valor do orçamento da autarquia vinculada à Casa Civil para 2023. Será de responsabilidade de Adriano melhorar a qualidade e prestação dos serviços de ferryboat, programa travessia, expresso do trabalhador e das linhas de ônibus que têm autorização de cessão da autarquia executiva, por exemplo.

Antes de virar brandonista, ele fazia oposição ferrenha a Carlos Brandão, à época vice-governador, e ao então chefe do Palácio dos Leões, Flávio Dino, hoje senador licenciado e ministro da Justiça e Segurança Pública do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Após a vitória histórica nas eleições de 2014, quando Dino e Brandão destronaram a oligarquia Sarney do poder, ambos passaram a usar a máquina estadual, por meio de auditorias da então recém-criada STC (Secretaria de Estado da Transparência e Controle), para tirar Adriano Sarney e Zequinha, como é conhecido o pai do agora presidente da MOB, da vida pública.

A acusação é de que eles teriam utilizado aeronaves alugadas pela Secretaria de Meio Ambiente do Maranhão em transporte para eventos de campanha política no interior do estado. As investigações apontavam, à época em que ainda não eram aliados, ato de improbidade administrativa com indícios de enriquecimento ilícito.

O retorno da família Sarney ao centro do poder estadual teve início ainda durante a campanha eleitoral de 2022, quando Brandão buscou apoio da ex-governadora Roseana Sarney e demais integrantes do clã.

Além do apoio do MDB de Roseana, o chefe do Executivo estadual contou ainda com aliança com o PV de Adriano, em acordo nacional que resultou na formação da Federação Brasil da Esperança, juntamente com o PCdoB e o PT.

Na festa bancada pelo contribuinte maranhense de recondução do mandatário ao Palácio dos Leões, o ex-senador foi convidado de honra.

Também foi a José Sarney quem Carlos Brandão recorreu em Brasília (DF) para evitar ser visto como político baixo-clero quando esteve na Esplanada dos Ministérios sem a presença de Dino. Desde o resultado das urnas em outubro do ano passado, ambos ainda se tratam bem e educadamente de forma protocolar, mas nos bastidor, disputam poder.

Recentemente, o governador pediu ainda ajuda a Sarney na candidatura dos Lençóis Maranhenses ao título de Patrimônio Natural da Humanidade. A agenda foi criada em meio à nomeação de Daniel Itapary Brandão, sobrinho de Carlos Brandão, para o mandato vitalício de conselheiro do TCE (Tribunal de Contas do Estado) do Maranhão, e evitou eventual questionamento de prática de nepotismo.


Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *