O conselheiro do TCE (Tribunal de Contas do Estado) do Maranhão Washington Oliveira prepara sua saída da corte. O ATUAL7 apurou junto a técnicos do tribunal que ele pediu no mês passado a reavaliação da averbação de tempo de serviço, que é a incorporação do tempo de contribuição de vínculos anteriores ao atual, registro importante para fins de aposentadoria.
Pela Constituição, Oliveira pode ficar no TCE até o dia 24 de dezembro, quando completará 75 anos de idade e terá de deixar o posto compulsoriamente. A saída, porém, a depender do contexto eleitoral de São Luís e da abertura de espaço no governo Carlos Brandão (PSB), deve ser antecipada.
Segundo aliados, o conselheiro pretende emplacar a afilhada política no PT Cricielle Muniz, diretora-geral do IEMA (Instituto Estadual de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão), na chapa do deputado federal Duarte Júnior (PSB-MA) à prefeitura de São Luís nas eleições de 2024, na vaga de vice. No Executivo, espera ser indicado para a SERIDF (Secretaria de Estado de Representação Institucional no Distrito Federal), pasta de lobby responsável por acordos políticos na Esplanada dos Ministérios em troca do envio de recursos públicos para o Governo do Estado.
No TCE-MA há dez anos e dois meses, Washington Oliveira presidiu a própria corte de 2021 a 2022, após ser favorecido por uma manobra do chamado G4 –grupo integrado por quatro dos sete conselheiros do tribunal, formando a maioria. Antes, ocupou o posto de Ouvidor, durante 2015 a 2018, sendo o primeiro conselheiro eleito e reeleito, consecutivamente, para o cargo. O canal serve de interlocução com a sociedade civil, fomento do controle social e fortalecimento da democracia participativa.
Para incorporação do tempo de contribuição para fins de aposentadoria, somado à passagem no tribunal, ainda segundo técnicos da corte de Contas ouvidos reservadamente pelo ATUAL7, Oliveira tem efeito averbado o período em que ocupou diversos cargos em comissão, de motorista na Assembleia Legislativa do Maranhão a assistente de alunos no IFMA (Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Maranhão), além de recolhimentos como contribuinte individual.
Apesar do conselheiro não admitir publicamente que viabiliza a antecipação da aposentadoria, nos bastidores, a lista de candidatos à vaga tem aumentado a cada dia.
Na Assembleia, detentora da indicação e aprovação para a vaga, são aventados nomes como os da deputada Andreia Rezende (PSB) e dos deputados Zé Inácio (PT), Glalbert Cutrim (PDT), Othelino Neto (PCdoB) e Neto Evangelista (União Brasil).
Há também nomes de dentro do Palácio dos Leões, como os secretários Vinícius Ferro (Planejamento e Orçamento) e Raul Mochel (Transparência e Controle), ambos da família Brandão, e do entorno do mandatário, como o advogado Flávio Costa, considerado favorito.
Será a segunda indicação da Alema, sob o comando da deputada estadual Iracema Vale (PSB), para o tribunal. A primeira foi o conselheiro Daniel Brandão, sobrinho do governador.
Para ser indicado ao TCE, o candidato precisa ter nacionalidade brasileira, ter mais de 35 anos e menos de 65 anos, amplo conhecimento jurídico e boa reputação, isto é, sem qualquer suspeita ou acusação de envolvimento em ilegalidade ou irregularidade, e o apoio aberto de um terço dos 42 deputados estaduais.
Com prerrogativas equiparadas a desembargadores do Tribunal de Justiça, o cargo é vitalício, com salário de R$ 35,4 mil, mais uma série de benefícios.
As cadeiras na corte de Contas maranhense são cobiçadas porque os conselheiros são responsáveis pela análise dos gastos anuais das 217 prefeituras e câmara municipais, da administração direta e indireta do Estado, do Judiciário e do próprio Legislativo estadual. Têm poder ainda para suspender ou liberar licitações e obras em todo o estado.
Desde 1946, ano em que foi criado, o TCE-MA teve o seu pleno ocupado por 44 homens e apenas uma mulher, a conselheira Flávia Gonzalez Leite, recém empossada, após indicação histórica pelo governador Carlos Brandão.