Nesta terça-feira 23, a morte do jornalista e blogueiro Aldenísio Décio Leite de Sá, o Décio Sá, completa sete anos. Ele foi executado com seis tiros de pistola .40 – de uso exclusivo das Forças Armadas – na noite do dia 23 de abril de 2012, em um bar na avenida Litorânea, orla da capital maranhense, após publicações em seu blog sobre a Máfia da Agiotagem no Maranhão.
Apesar do Ministério Público haver apontado a participação de 12 pessoas no crime, apenas dois foram condenados até o momento: o executor Jhonathan de Sousa Silva; e Marcos Bruno Silva de Oliveira, piloto da motocicleta que deu fuga ao pistoleiro.
Dos acusados, cinco foram despronunciados: Shirliano Graciano de Oliveira, o Balão; Fábio Aurélio do Lago e Silva, o Bochecha; Fábio Aurélio Saraiva Silva, o Fábio Capita; Alcides Nunes da Silva; e Joel Durans Medeiros.
Um outro – Elker Farias Veloso – teve anulada a denúncia.
Os três demais – José Raimundo Sales Chaves Júnior, o Júnior Bolinha; Gláucio Alencar Pontes Carvalho; e José de Alencar Miranda Carvalho, pai de Gláucio – que chegaram a ficar presos, foram todos soltos, e aguardam em liberdade a decisão de recursos em segundo grau.
Segundo as investigações sobre a execução, os envolvidos no assassinato fazem parte de uma organização criminosa de agiotas, que empresta dinheiro para financiar campanhas de candidatos ao Executivo em troca de pagamentos da dívida com dinheiro público, em caso de vitória nas urnas, por meio de fraude em licitações, e empresas de fachada ou fantasma.
Uma representação pela reabertura das investigações, feita pelo então deputado estadual Raimundo Cutrim (PCdoB), chegou a ser levada adiante pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), do Ministério Público do Maranhão, e pelo Departamento de Combate ao Crime Organizado (DCCO), da Polícia Civil maranhense.
Depoimentos prestados no bojo desse novo inquérito, como mostrou o ATUAL7, apontavam para suposta manipulação das investigações por uma das estrelas do Gaeco, o promotor de Justiça Marco Aurélio Rodrigues, e para o envolvimento de empresários da construção civil no crime.
O caso, contudo, foi arquivado recentemente pela 1ª Vara do Tribunal do Júri, por alegada falta de relevância no que foi apurado.
No mês passado, o ex-chefe da Superintendência Estadual de Investigação Criminal (Seic), delegado Tiago Bardal, disse em depoimento prestado na 2ª Vara Criminal de São Luís que o secretário estadual da Segurança Pública, delegado Jefferson Portela, determinou o engavetamento das investigações sobre a reabertura do assassinato de Décio Sá, para que o deputado Raimundo Cutrim não fosse promovido eleitoralmente com o avanço do inquérito sobre os novos supostos coautores do assassinato do jornalista.
Sobre as suspeitas contra o promotor Marco Aurélio Rodrigues, a Procuradoria-Geral de Justiça (PGJ), em nota pública, saiu em defesa da estrela do Gaeco, mesmo sem explicar se chegou a investigar ou não a grave citação ao membro do Parquet em depoimento sobre o caso Décio Sá. Já Portela nunca se posicionou oficialmente sobre a suposta ordem de engavetamento do novo inquérito.