Manaus
Roberto Rocha repete Jair Bolsonaro e desinforma sobre recursos da União para Manaus
Política

Também é falsa informação repisada pelo senador maranhense, de que o STF teria proibido o governo federal de atuar contra pandemia

Ao repetir o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), e defender que a crise de saúde pública em Manaus (AM), agravada na semana passada pelo avanço da Covid-19, seria por “falta de ativismo na gestão do estado e excesso de ativismo na gestão do STF”, o senador Roberto Rocha (PSDB-MA) desinforma.

Na sexta-feira 15, o tucano publicou em sua conta oficial no Facebook uma cópia da tela do Portal da Transparência, do Governo Federal, que mostra os valores que foram destinados pela União à capital do Amazonas. Horas antes, sem legenda, a mesma imagem havia sido publicada nas redes sociais por Bolsonaro.

“Sim, do Supremo Tribunal Federal que, mais uma vez se arvorando de poder executivo, decidiu que essa era responsabilidade dos governadores e prefeitos”, continuou desinformando o senador maranhense.

De acordo com o mesmo Portal da Transparência, porém, dos R$ 2,36 bilhões destinados pelo Governo Federal a Manaus em 2020, 42,36% (R$ 999,5 milhões) corresponde à transferências constitucionais e royalties, que são obrigatórias. Do montante, ainda segundo dados do próprio site alimentando pela CGU (Controladoria-Geral da União), R$ 2,2 bilhões são relativos ao auxílio emergencial (que Bolsonaro não queria conceder, mas o Congresso aprovou), e o restante a benefícios sociais como Bolsa Família, Seguro Defeso e BPC (Benefício de Prestação Continuada).

Apenas pouco mais de R$ 308 milhões foram destinados, especificamente, para enfrentamento à Covid-19.

Sobre a decisão do Supremo, diferentemente do que vem afirmando Jair Bolsonaro e foi repetido por Roberto Rocha, conforme explicado pelo ministro Marco Aurélio, a Corte não impediu o Governo Federal de agir. Ao contrário, a decisão do STF, conforme previsto na Constituição, autorizou os estados, municípios e o Distrito Federal a agirem juntos, dada a competência concorrente em saúde pública dos entes federativos.

O que o STF proibiu, em relação ao Governo Federal, foi a revogação de medidas de isolamento social eventualmente decretadas por estados, municípios e o DF, apenas. Não houve proibição alguma quanto à traçar estratégias para conter o avanço da pandemia; coordenar ações com estados e municípios; e prover medicamentos e equipamentos. A omissão é crime.

Brasil

Mais de três mil pessoas atacaram ainda a casa de um vereador. Salários não são pagos desde outubro do ano passado

Casa do prefeito de Coari é queimada por parte da população
WhatsApp RevoltaCasa do prefeito de Coari é queimada por parte da população

Mais de três mil pessoas, a maioria prestadores de serviços e servidores municiais, incendiaram a casa do prefeito do município de Coari, no Amazonas, Igson Monteiro, e do irmão dele, o vereador Iliseu Monteiro (PMDB), na manhã desta quinta-feira (15), em revolta pelo não recebimento dos salários, que estariam atrasados desde o mês de outubro do ano passado, e atingindo várias famílias.

Os manifestantes depredaram as casas, arremessando eletrodomésticos na rua, como geladeira e fogão, e atearam fogo. O carro do vereador que estava em frente à residência também foi depredado.

Carro foi virado em protesto em Coari
WhatsApp Quebra-quebra Carro foi virado em protesto em Coari

A fúria da população também atingiu órgãos públicos do município, como a Câmara Municipal de Coari. Os manifestantes tentaram invadir a sede do poder legislativo municipal em protesto contra os vereadores da situação. Portas e janelas foram quebradas.

A Polícia Militar que atua no município reforçou a segurança na Câmara Municipal e na Prefeitura de Coari, mas o efetivo de apenas 100 homens não é suficiente para conter a onda de quebra-quebra no município.

Câmara Municipal de Coari é depredada
WhatsApp Protesto Câmara Municipal de Coari é depredada

Maranhão

No Maranhão, dezenas de prefeituras, como Axixá, Vitorino Freire e Vitória do Mearim, sob o argumento da falta de recursos, também aplicaram calotes nos servidores municipais e terceirizados, não pagando a folha de dezembro e, no caso dos servidores, até mesmo o 13º salário.

Em alguns casos, como em Coari, o atraso nos municípios maranhenses também atinge até a folha de outubro.