Operação Hymenaea
Deputados evitam comentar operações da PF envolvendo o Governo no MA
Política

Parlamentes temem ser descobertos até em querer saber sobre o assunto. De 2015 pra cá, Palácio dos Leões já foi alvo da Sermão aos Peixes, Hymenaea, Ouro Negro, Turing e Rêmora

De oposicionistas aos autointitulados independentes, desde o início do governo Flávio Dino (PCdoB), nenhum deputado estadual usou a tribuna da Assembleia Legislativa para comentar sobre as diversas operações da Polícia Federal contra desvios de dinheiro público envolvendo, direta ou indiretamente, o Governo do Maranhão.

No bastidor, alguns parlamentares da base governista até arriscam poucas perguntas e comentários em conversa com a imprensa, mas sempre demonstrando certo temor, sabe-se lá de quem ou do quê, em ser descoberto por estar querendo saber demais sobre o assunto.

Apesar de algumas suspeitas, ainda não há confirmação sobre o que realmente amedronta os deputados. O certo é que, diante de já cinco operações deflagradas pela PF de 2015 pra cá, com a proximidade das eleições, o silêncio tumular dos nobres parlamentares começa a chamar a atenção da população maranhense.

Sermão aos Peixes

De acordo com relatório relacionado ao inquérito da primeira fase da Operação Sermão aos Peixes, deflagrada no Maranhão em 2015, primeiro ano do regime comunista, a PF pediu compartilhamento de provas colhidas durante as investigações na gestão do ex-secretário estadual da Saúde, Ricardo Murad, para a instauração de um novo inquérito policial com o objetivo de apurar possíveis irregularidades encontradas na SES, já no governo Dino.

O pedido teve por base interceptações telefônicas feitas com a autorização da Justiça.

No período de escuta, os agentes federais descobriram, dentre outros ilícitos, que proprietários de institutos que ganharam licitações milionárias na SES já sabiam, antecipadamente, de todo o conteúdo sigiloso dos processos licitatórios. Até mesmo a pomposa sinecura dada secretário estadual de Comunicação e Articulação Política, Márcio Jerry Barroso, a uma amiga de Imperatriz, revelada pelo ATUAL7, foi alvo da investigação e confirmada nas escutas.

Hymenaea e Ouro Negro

Um ano depois, em 2016, o alvo da Polícia Federal foi a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema), por duas vezes.

A primeira, Operação Hymenaea, teve como objeto de investigação uma organização criminosa ligada à extração e à comercialização de grandes quantidades de madeira ilegal, provenientes da Terra Indígena Caru e da Reserva Biológica do Gurupi. Durante coletiva de imprensa, a PF afirmou que servidores da Sema participavam do esquema. Já a segunda, Operação Ouro Negro, foi deflagrada em dezembro do mesmo ano. A ação teve por objetivo desarticular criminosos que também extraiam e comercializavam madeira ilegalmente. Um dos alvos de busca e apreensão, inclusive, foi a própria Sema.

Documentos relacionados a processos administrativos de autorização de extração de madeira em fazendas de Sucupira do Norte, Buriti, Parnarama, Santa Quitéria e Caxias foram apreendidos na sede da pasta.

Segundo a PF e o Grupo de Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), novamente, servidores públicos da Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz) também faziam parte do esquema criminoso.

Turing

Em meados de março último, houve nova deflagração da PF para combater desvio de recursos públicos federais. Denominada Operação Turing, a ação teve como alvo principal o Agente de Polícia Federal (ADP) Danilo dos Santos Silva, então secretário adjunto de Logística e Inovação da Secretaria de Estado da Administração Penitenciária (Seap).

Segundo material divulgado pela própria PF, durante sua passagem na Seap, agora no governo Flávio Dino, Danilo teria utilizado recursos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) em possíveis favorecimentos por dispensa irregular de certames ou em licitações direcionadas, visando o desvio de verbas públicas.

A Polícia Federal também descobriu que o ex-secretário adjunto da Seap estava nomeando e contratando familiares e amigos na pasta por critérios de “compadrio” e “troca de favores”.

Rêmora

Na última sexta-feira 2, após outras duas outras fases da Sermão aos Peixes mirar em gestores das Oscips ICN e Bem Viver, a Polícia Federal deflagrou a Operação Rêmora, que desarticulou uma quadrilha montada pelo Instituto de Desenvolvimento e Apoio à Cidadania (Idac).

Segundo a PF, após a deflagração da primeira fase da Sermão aos Peixes, em novembro de 2015, já alvo de investigação, o Idac tentou ludibriar os investigadores por meio de saques irregulares menores, mas ainda vultuosos, da verba federal enviada para a manutenção da saúde pública estadual.

O desvio dos recursos, segundo levantamento do Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União (CGU), teria sido feito por meio de aditivos aos contratos feitos pelo governo Flávio Dino, em 2015 e 2016, com a finalidade, segundo a CGU, de permitir o saque dos valores acrescidos aos contratos de gestão para abastecer a organização criminosa desarticulada pela PF.

Mais de R$ 18 milhões teriam sido surrupiados da saúde pública estadual por meio do esquema criminoso, que teria abastecido ainda, segundo a Polícia Federal, o bolso de agentes políticos.

Na próxima fase da Sermão aos Peixes, inclusive, esses agentes políticos devem ser o alvo da PF.

Governo Flávio Dino já foi alvo de quatro operações da Polícia Federal
Política

Pastas da Saúde, Meio Ambiente, Fazenda e Administração Penitenciária são investigadas pela PF por envolvimento em possíveis atos de corrupção

Em apenas dois anos e três meses, o governo Flávio Dino, do PCdoB, já foi alvo de pelo menos quatro operações da Polícia Federal (PF). Todas por possível envolvimento em atos de corrupção.

De acordo com relatório relacionado ao inquérito da Operação Sermão aos Peixes, deflagrada no Maranhão em 2015, primeiro ano do regime comunista, a PF pediu compartilhamento de provas colhidas durante as investigações na gestão do ex-secretário estadual da Saúde, Ricardo Murad, para a instauração de um novo inquérito policial com o objetivo de apurar possíveis irregularidades encontradas na SES, já no governo Dino.

O pedido teve por base interceptações telefônicas feitas com a autorização da Justiça. Durante a escuta, os agentes descobriram, dentre outros ilícitos, que proprietários de institutos que ganharam licitações milionárias na SES já sabiam, antecipadamente, de todo o conteúdo sigiloso dos processos licitatórios. Até mesmo a sinecura dada a uma amiga de Imperatriz pelo secretário estadual de Comunicação e Articulação Política, Márcio Jerry Barroso, foi confirmada nas escutas. À época, a SES era comandada pelo médico Marcos Pacheco.

Um ano depois, em 2016, o alvo da Polícia Federal no governo comunista foi a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema), por duas vezes.

A primeira, Operação Hymenaea, teve como objeto de investigação uma organização criminosa ligada à extração e à comercialização de grandes quantidades de madeira ilegal, provenientes da Terra Indígena Caru e da Reserva Biológica do Gurupi. Durante coletiva de imprensa, a PF afirmou que servidores da Sema participavam do esquema. O titular da pasta, Marcelo Coelho, chegou a ser procurado pela PF durante a ação.

Já a segunda, Operação Ouro Negro, foi deflagrada em dezembro do mesmo ano. A ação teve por objetivo desarticular criminosos que também extraiam e comercializavam madeira ilegalmente. Um dos alvos de busca e apreensão foi a própria Sema. Documentos relacionados a processos administrativos de autorização de extração de madeira em fazendas de Sucupira do Norte, Buriti, Parnarama, Santa Quitéria e Caxias foram apreendidos na sede da pasta. Segundo a PF e o Grupo de Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), servidores públicos da Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz) também faziam parte do esquema criminoso.

Além dessas três operações, na semana passada, a deflagração da Operação Turing teve como alvo principal o Agente de Polícia Federal (ADP) Danilo dos Santos Silva, ex-secretário adjunto de Logística e Inovação da Secretaria de Estado da Administração Penitenciária (Seap).

Segundo material divulgado pela própria PF, durante sua passagem na Seap, agora no governo Flávio Dino, Danilo teria utilizado recursos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) em possíveis favorecimentos por dispensa irregular de certames ou em licitações direcionadas, visando o desvio de verbas públicas. A Polícia Federal também descobriu que o ex-secretário adjunto da Seap estava nomeando e contratando familiares e amigos na pasta por critérios de “compadrio” e “troca de favores”.

Apesar das irregularidades apontadas pela PF, até agora, não há confirmação de que algum dos servidores envolvidos nos possíveis crimes ambientais e de sangria dos cofres públicos tenha sido preso ou, pelo menos, processado administrativamente, por iniciativa do Palácio dos Leões.

Em coletiva, Marcelo Coelho chama agentes da Polícia Federal de “burros”
Política

Ofensa foi feita em resposta a visita da PF às sedes da TV Difusora e Mirante. Agentes procuravam pelo secretário

O secretário de Estado de Meio Ambiente e Recursos Naturais, Marcelo Coelho, chamou de “burros” os agentes da Polícia Federal que participaram da Operação Hymenaea, deflagrada nas primeiras horas da manhã de quinta-feira 14, em conjunto com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), Ministério Público Federal (MPF), e policiais do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) de Brasília e do Rio de Janeiro.

A ofensa foi feita durante coletiva de imprensa em que Coelho tentava explicar que não estava foragido da PF e que não havia qualquer mandado de prisão contra ele no bojo Hymenaea. É que, horas antes, os federais haviam visitado a sede do Sistema Difusora, em veículo descaracterizado, à caça do secretário. Ele era esperado para uma entrevista ao vivo, mas coincidentemente não apareceu.

“Burros! Primeiro, vamos ver porque eles queriam a minha presença”, respondeu o titular da Sema após um sorriso de deboche.

Antes de chamar os agentes da PF de “burros”, Coelho afirmava na coletiva que todos os processos em sua gestão são transparentes. Uma nota enviada posteriormente pela Secretaria de Estado da Comunicação Social e Articulação Política, porém, coloca a afirmar em dúvida. Segundo a nota, entre os processos de licenciamento e extração de madeira apreendidos pela PF na Sema, que tratam de pedido de emissão de licenças por empresas do setor, estão os de 2015, isto é, do primeiro ano de gestão de Coelho na pasta.

De posse dos documentos, a Polícia Federal pretende se aprofundar as investigação com o objetivo combater uma organização criminosa (Orcrim) ligada à extração e à comercialização de grandes quantidades de madeira ilegal, provenientes da Terra Indígena Caru e da Reserva Biológica do Gurupi. Segundo a PF, a Orcrim pode ter movimentado cerca de R$ 60 milhões.

PF à caça de secretário de Meio Ambiente do governo Flávio Dino
Política

Procura de Marcelo Coelho estaria relacionada à Operação Hymenaea, deflagada hoje cedo. Operação combate extração e comércio ilegais de madeira em reservas indígenas maranhenses

A Polícia Federal está à caça do secretário de Estado do Meio Ambiente do governo Flávio Dino, Marcelo Coelho.

Ele tinha uma entrevista marcada para a manhã desta quinta-feira 14, na TV Difusora, da família Lobão, mas não apareceu no local. Quem apareceu por lá foram agentes da PF, justamente à procura do secretário.

Se tivesse aparecido para dar a entrevista, Coelho seria preso ao vivo.

Há suspeitas de que ele tenha sido avisado da operação, e por isso evitado ir à Difusora.

Marcelo Coelho escapou de ser preso ao vivo pela PF na TV dos Lobão. Federais estão à sua procura
Governo do Maranhão Foragido Marcelo Coelho escapou de ser preso ao vivo pela PF na TV dos Lobão. Federais estão à sua procura

A procura do secretário estadual do Meio Ambiente do governo comunista pode estar relacionada à Operação Hymenaea, deflagrada pela Polícia Federal mais cedo. Participam da operação o IBAMA, Ministério Público Federal, e policiais do BOPE de Brasília e do Rio de Janeiro. O objetivo da PF com a ação é combater uma organização criminosa ligada à extração e à comercialização de grandes quantidades de madeira ilegal, provenientes da Terra Indígena Caru e da Reserva Biológica do Gurupi.

Mais de 300 policiais federais, apoiados por servidores do IBAMA e pelos policiais do BOPE de Brasília e do Rio de Janeiro, estão dando cumprimento a 77 medidas judiciais, sendo 11 mandados de prisão preventiva, 10 mandados de prisão temporária, 56 mandados de busca e apreensão, bem como à suspensão da certificação de 44 empresas madeireiras, nas cidades de São Luís, Imperatriz, Buriticupu, Açailância, Zé Doca, Alto Alegre do Pindaré, Bom Jardim, Governador Nunes Freire, todas no estado do Maranhão. No Rio Grande do Norte: Tibau, Mossoró, Parnamirin e Natal, e em Capuí no estado do Ceará.

A organização criminosa (Orcrim) atuava extraindo ilegalmente madeira das reservas indígenas. Esse material era “esquentado” por meio de documentação fraudulenta para o transporte e retirada das áreas protegidas. Um membro da quadrilha era o responsável por emitir documentos destinados a microempresas laranjas, cadastradas como construtoras em pequenas cidades no interior do Rio Grande do Norte. Essa manobra servia para desviar a madeira para receptadores em todo o Nordeste brasileiro.

As autoridades sequestraram mais de R$ 12 milhões de diversas pessoas físicas e jurídicas. Esses valores são provenientes da lavagem do dinheiro auferido com a extração ilegal da madeira. Segundo estimativas da própria PF, a Orcrim teria movimentado valores da ordem de R$ 60 milhões.

Se confirmado o seu envolvimento, Marcelo Coelho e o outros investigados responderão por crimes como participação em organização criminosa, lavagem de capitais, roubo de bens apreendidos, obstar a fiscalização ambiental, desmatamento na Terra Indígena Caru, desmatamento na Reserva Biológica do Gurupi, receptação qualificada, ter em depósito produto de origem vegetal sem licença válida, corrupção ativa, tráfico de influência, dentre outros.

A operação foi batizada de Hymenaea em uma referência ao gênero de uma das espécies (Jatobá – hymenaea courbaril) que é ilegalmente explorada na Terra Indígena Caru e na Reserva Biológica do Gurupi.