Penaldon Jorge
Portela mantém silêncio sobre Jenga II e suposta blindagem a aliados do governo
Política

Denúncias foram feitas por Tiago Bardal e Ney Anderson. Delegados acusam secretário de Segurança de proteger Eduardo DP e Penaldon Jorge

Mais de uma semana após voltar a ser acusado de interferir em investigações contra a máfia da agiotagem no Maranhão, o secretário estadual de Segurança Pública, Jefferson Portela, permanece em silêncio sobre o assunto.

Até o momento, as únicas e poucas manifestações do titular da SSP-MA têm se concentrado apenas sobre as supostas ordens para monitoramento e espionagem a desembargadores do Tribunal de Justiça.

Segundo o delegado Ney Anderson Gaspar, ex-chefe do DCCO (Departamento de Combate ao Crime Organizado), Portela teria mandado não incluir o nome do ex-deputado estadual e superintendente de Articulação da Baixada no governo de Flávio Dino (PCdoB), Penaldon Jorge, nas investigações relacionadas à Operação Jenga II.

“Não bota esse [Penaldon Jorge], parece que esse governador está ficando doido”, teria dito o secretário de Segurança, afirma Ney Anderson, ao saber que o membro da gestão comunista era alvo da operação.

Pouco mais de um mês antes, outro delegado da Polícia Civil maranhense, Tiago Mattos Bardal, ex-chefe da Seic (Superintendência Especial de Investigações Criminais) e homenageado por Dino como responsável pela redução dos índices de criminalidade em seu primeiro governo, também acusou Jefferson Portela de haver interferido na mesma Operação Jenga II.

De acordo com Bardal, a interferência foi para proteger o agiota Eduardo José Barros Costa, o Eduardo DP ou Imperador.

“Ele [Portela] ficou sabendo [do prosseguimento das investigações da Jenga II] e me chamou, por que ia envolver políticos e um tal de um agiota conhecido como Eduardo DP, Imperador. Depois eu vim descobrir que ele tem contratos, vários contratos milionários, com o governo”, detalhou, destacando reportagem do ATUAL7 de maio do ano passado, sobre contratos de, à época, mais de R$ 28,7 milhões entre a Construservice C Empreendimentos e Construções Ltda e a Secretaria de Estado da Infraestrutura (Sinfra).

Sobre as duas acusações, o ATUAL7 entrou em contato com a SSP-MA, por e-mail, inicialmente no dia 8 de abril, e, novamente, nos dias 19 e 21 de maio, solicitando posicionamento a respeito. Até o momento, porém, não houve retorno.

Agiotagem: Ney Anderson diz que Jefferson Portela mandou blindar Penaldon Jorge
Política

Ex-chefe do DCCO, delegado divulgou nova carta com acusações ao secretário de Segurança do Maranhão

O delegado de Polícia Civil e ex-chefe do Departamento de Combate ao Crime Organizado (DCCO), Ney Anderson Gaspar, disse em nova carta que o secretário estadual da Segurança Pública, delegado Jefferson Portela, mandou retirar o nome do ex-deputado estadual e superintendente de Articulação da Baixada, Penaldon Jorge, das investigações relacionadas à máfia da agiotagem no Maranhão.

O documento foi publicado com exclusividade pelo blog do Neto Ferreira, na noite deste domingo 19.

De acordo com Ney Anderson, Penaldon Jorge poderia ser indiciado ou até mesmo ter a prisão temporária decretada no bojo da Operação Jenga II. Porém, ao saber que a gestão do governador Flávio Dino (PCdoB) poderia ser prejudicada, diz o ex-chefe da DCCO, Portela mandou retirar o nome do membro do governo do inquérito.

“Não bota esse, parece que esse governador está ficando doido”, teria dito o titular da SSP-MA, segundo Ney Anderson.

O ATUAL7 enviou e-mail ao Governo do Maranhão e à SSP-MA, solicitando posicionamento sobre a acusação, e aguarda retorno. Ainda não conseguimos o contato de Penaldon Jorge. O espaço segue aberto para manifestação.

Arapongagem

Na primeira carta, também publicada pelo blog do Neto Ferreira, Ney Anderson acusa Jefferson Portela de haver determinado arapongagem a desembargadores do Tribunal de Justiça do Maranhão, além de parentes e assessores destes. Também teria chamado juízes de primeira instância de “bandidos”.

Em entrevista ao blogueiro, o secretário negou as acusações, e ameaçou processar o delegado.

Apesar da negativa de Portela às acusações, o presidente do TJ-MA, desembargador Joaquim Figueiredo, emitiu nota exigindo “rigorosa e imparcial investigação”.

Cabe à Procuradoria Geral de Justiça (PGJ) abrir inquérito criminal para apurar o caso.