Numa corrida pelo comando do Poder Executivo, para tentar convencer o eleitor sobre seu preparo para o cargo disputado, qualquer candidato que tenha alguma passagem ou experiência de gestão usa o período de campanha para apresentar todos os feitos e legado deixados como gestor. É a lógica da política e da prestação de contas. Quem fez, e se fez, mostra. Já àqueles que assim não fazem é porque preferem que o eleitor não lembre ou não saiba sobre seu período de gestor, por nada ou pouca coisa terem feito, apesar de elevados dispêndios dos cofres públicos.
Este parece ser o caso de Eduardo Braide (Podemos), que tenta se vender como alguém que está ‘pronto’ para assumir a gestão da prefeitura de São Luís.
Faltando menos de uma semana para o segundo turno das eleições municipais de 2020 em São Luís, das poucas vezes em que Braide comentou sobre o período em que esteve na presidência da Caema (janeiro de 2005 a março de 2006), a maioria foi para rebater adversários, ao ponto de até mesmo ele próprio, como foi durante embate no primeiro turno com então crítico, mas agora aliado, Neto Evangelista (DEM), desacreditar a própria gestão e responder irritado que passou apenas um ano e dois meses no cargo, e que isso foi há 15 anos.
Uma das poucas falas do candidato sobre esse período, inclusive, que trata a respeito de concurso para o preenchimento de mais 1 mil vagas na companhia, é descontextualizada. Conforme mostrou o ATUAL7, com documentos da própria Caema, o certame ocorreu, exclusivamente, por determinação judicial, não por iniciativa daquela gestão.
Outras falas do candidato, sobre não haver poluição em praias e de que o saneamento básico em São Luís era melhor durante sua gestão na Caema, segundo checagem feita pela Lupa, são falsas.
Ainda que, numa inovação de marketing eleitoral, Braide tenha entendido que o melhor é não explorar o período em que ele comandou a Caema, caso tivesse sido executada alguma obra importante de abastecimento de água ou de saneamento básico na capital durante a sua gestão, naturalmente, a população se lembraria dessas marcas.
Ao contrário, a lembrança que se tem da época em que Eduardo Braide presidia a Caema é de rodízios e racionamento de água e esgoto a céu aberto. Descaso tamanho que, até os dias atuais, apesar de alguns avanços em alguns bairros de São Luís, ainda não foi possível resolver o problema por completo.
Além disso, conforme também alertava Neto Evangelista antes de mudar de posicionamento sobre o candidato do Podemos, as contas de Braide na Caema não foram aprovadas pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado) do Maranhão, mas arquivadas sem análise final, em manobra da Corte executada em processos que duram mais de 10 anos sem julgamento definitivo.
A falta de marcas pode ser medida, também, no período em que Eduardo Braide foi secretário extraordinário de Orçamento Participativo da gestão de João Castelo (já falecido). Mesmo em tempos de rede social, até o momento, a poucos dias do eleitorado ir às urnas para escolher o próximo prefeito de São Luís, não há pessoas recordando e publicando sobre alguma medida importante que tenha sido tomada por ele na área.
O silêncio aponta que, não fossem as duras críticas de Neto Evangelista no primeiro turno, há eleitor que sequer saberia que Braide já foi testado —e não deixou marcas— como gestor.
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