Análise
Xadrez político de Weverton Rocha em 2024 deve influenciar 2026
Política

Senador do PDT terá de escolher entre apoiar um pré-candidato fraco, Fábio Câmara, ou um possível adversário ao Palácio dos Leões, Eduardo Braide. Ambos podem ainda ser derrotados nas urnas, o que deixaria o pedetista sem representatividade política na capital

O senador Weverton Rocha (PDT-MA) vive um xadrez político em 2024 que deve comprometer seu futuro nas eleições de 2026, quando estará em jogo a própria cadeira no Senado e a possibilidade de tentar novamente o comando do Palácio dos Leões. O pedetista, que foi derrotado na disputa pelo governo do Maranhão em 2022 pelo governador Carlos Brandão (PSB) e amargou o terceiro lugar, não tem um nome seguro para apoiar na eleição municipal de São Luís, principal e maior colégio eleitoral do estado, e onde o seu partido dominou por três décadas.

Considerando as movimentações públicas e de bastidor do próprio Weverton, ele tem hoje duas opções para tentar manter sua influência na capital maranhense: apoiar o ex-vereador Fábio Câmara (PDT), que no ano passado se auto lançou pré-candidato a prefeito pelo partido, ou apoiar Eduardo Braide (PSD), que deve buscar a reeleição ao Palácio de La Ravardière. No entanto, ambas têm riscos e desvantagens para o senador.

Se apoiar Câmara, Weverton terá de enfrentar a difícil missão de torná-lo competitivo em uma disputa que deve ter candidatos mais conhecidos e bem avaliados, como o deputado federal Duarte Júnior (PSB-MA), que foi o segundo colocado na eleição de 2020 e estará novamente na corrida com o apoio agora consolidado do governador Carlos Brandão (PSB) e do entorno do Poder Executivo estadual, e o deputado estadual Wellington do Curso (sem partido), que em temas polêmicos segue votando de forma independente, fator que o favorece junto à população.

Se apoiar em Eduardo Braide, o cenário é ainda mais nebuloso: o senador do PDT pode fortalecer um potencial rival para 2026, caso o prefeito de São Luís seja reeleito e decida disputar o governo do Estado dois anos depois. Braide, que foi eleito prefeito de São Luís em 2020 com 55,53% dos votos válidos, tem uma boa popularidade na capital e, caso derrote novamente Duarte Júnior e o Palácio dos Leões nas urnas, pode ampliar sua base no interior como nova força política. No entanto, Braide não é nem nunca foi da base do presidente Lula (PT), aliado de Weverton Rocha no plano nacional, o que dificultaria uma formação de chapa com a vaga ao Senado, opção que restaria para Weverton, já que, pelos movimentos oposicionistas do pedetista no âmbito estadual, não há espaço para que ele tente reeleição ao cargo novamente em chapa governista. Além disso, não há certeza de que Braide, pelo histórico político apático que criou em relação a aliados, possa retribuir eventual apoio em 2026.

Hoje, pelo lado governista, a possível chapa de 2026 seria Felipe Camarão (PT) ao Palácio dos Leões e ao Senado seriam Carlos Brandão e André Fufuca (PP-MA), todos aliados de Lula.

Além da dificuldade de disputar o governo do Maranhão ou a própria reeleição ao Senado, até mesmo uma corrida a deputado federal seria perigosa, pois o pedetista não tem mais base eleitoral para a Câmara, já que os votos que conquistou quando ocupou o cargo foram negociados em 2018, na disputa pelo Senado, com quem ainda é deputado federal ou hoje conquistou um mandato e deve disputar a reeleição, como Juscelino Filho (União-MA), Pedro Lucas (União-MA), Josimar Maranhãozinho (PL-MA) e outros.

Nesse cenário, Weverton Rocha tem de fazer uma escolha difícil: apostar em um pré-candidato até então fraco, Fábio Câmara, mas possivelmente fiel, ou apoiar um candidato apontado como forte, Eduardo Braide, mas que não inspira confiança mesmo de aliados. Qualquer que seja a decisão, o senador terá de enfrentar as consequências políticas e eleitorais de sua estratégia, que depende do resultado das urnas em 2024.

Há ainda a possibilidade de tanto Fábio Câmara quanto Eduardo Braide perderem a eleição, o que deixaria o senador pedetista sem representativa política na capital.

Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

Zé Reinaldo tenta virar garoto de recado, mas esbarra em medo de Dino
Política

Governador do Maranhão tem fugido de rompimento com Weverton Rocha e evitado anunciar apoio a Carlos Brandão para 2022

O ex-governador José Reinaldo Tavares (sem partido) tentou nesta quinta-feira (6), pela terceira vez, servir de garoto de recado do governador Flávio Dino (PCdoB) na disputa pelo Palácio dos Leões em 2022.

Há um mês, ele vem expelindo ameaças contra o senador Weverton Rocha (PDT) e à coalização de partidos e lideranças que apoiam o pedetista, de que quem não seguir o direcionamento de Dino em favor de Carlos Brandão (PSDB) na sucessão estadual estará fora do grupo governista.

Ocorre que, além de não ter qualquer influência ou poder próprio de comando político no Estado, Zé Reinaldo vem repetindo bravatas sozinho. Apesar da insistência nas tentativas de intimidações, nenhuma tem sido ecoada por Dino, que a cada dia mais demonstra ter medo de Weverton Rocha do que coragem de defenestrá-lo com seus menudos do Palácio dos Leões.

Pré-candidato ao Senado Federal e ainda sonhando em ser vice de Lula na disputa pelo Palácio do Planalto, Flávio Dino sabe que perdeu a fidelidade e controle que achava ter sobre as estruturas de poder do e no Estado, hoje quase todas ocupadas e dominadas por adeptos da candidatura de Weverton ao governo do Maranhão. Por esta razão, ele tem fugido de rompimento com o pedetista e evitado anunciar apoio a Carlos Brandão para 2022.

Em novembro do ano passado, após ver seu poderio se esvair publicamente com a vitória de Eduardo Braide (Podemos) em São Luís, Dino ainda tentou seguir, como Zé Reinado defende que ele faça, a receita de coronéis da política como Vitorino Freire e José Sarney (MDB), e ameaçou encastelados com a até hoje não concretizada “revisão de alianças”.

Porém, como não tem mais reverência nem de correlegionários do PCdoB, onde a maioria está pactuada com Weverton Rocha, e prestes a perder o único mando que ainda possui no estado, o cargo de governador, Dino recuou.

Líder sem liderados, caso tivesse avançado na tentativa de amedrontamento, poderia estar enfrentando dificuldades para se manter erguido estadual e nacionalmente.

Sem marcas de gestão na Caema, Braide tenta se vender como alguém ‘pronto’ para a prefeitura
Política

Uma das poucas ações citadas pelo candidato Podemos, concurso para preenchimento de mais de 1 mil vagas só ocorreu por determinação da Justiça

Numa corrida pelo comando do Poder Executivo, para tentar convencer o eleitor sobre seu preparo para o cargo disputado, qualquer candidato que tenha alguma passagem ou experiência de gestão usa o período de campanha para apresentar todos os feitos e legado deixados como gestor. É a lógica da política e da prestação de contas. Quem fez, e se fez, mostra. Já àqueles que assim não fazem é porque preferem que o eleitor não lembre ou não saiba sobre seu período de gestor, por nada ou pouca coisa terem feito, apesar de elevados dispêndios dos cofres públicos.

Este parece ser o caso de Eduardo Braide (Podemos), que tenta se vender como alguém que está ‘pronto’ para assumir a gestão da prefeitura de São Luís.

Faltando menos de uma semana para o segundo turno das eleições municipais de 2020 em São Luís, das poucas vezes em que Braide comentou sobre o período em que esteve na presidência da Caema (janeiro de 2005 a março de 2006), a maioria foi para rebater adversários, ao ponto de até mesmo ele próprio, como foi durante embate no primeiro turno com então crítico, mas agora aliado, Neto Evangelista (DEM), desacreditar a própria gestão e responder irritado que passou apenas um ano e dois meses no cargo, e que isso foi há 15 anos.

Uma das poucas falas do candidato sobre esse período, inclusive, que trata a respeito de concurso para o preenchimento de mais 1 mil vagas na companhia, é descontextualizada. Conforme mostrou o ATUAL7, com documentos da própria Caema, o certame ocorreu, exclusivamente, por determinação judicial, não por iniciativa daquela gestão.

Outras falas do candidato, sobre não haver poluição em praias e de que o saneamento básico em São Luís era melhor durante sua gestão na Caema, segundo checagem feita pela Lupa, são falsas.

Ainda que, numa inovação de marketing eleitoral, Braide tenha entendido que o melhor é não explorar o período em que ele comandou a Caema, caso tivesse sido executada alguma obra importante de abastecimento de água ou de saneamento básico na capital durante a sua gestão, naturalmente, a população se lembraria dessas marcas.

Ao contrário, a lembrança que se tem da época em que Eduardo Braide presidia a Caema é de rodízios e racionamento de água e esgoto a céu aberto. Descaso tamanho que, até os dias atuais, apesar de alguns avanços em alguns bairros de São Luís, ainda não foi possível resolver o problema por completo.

Além disso, conforme também alertava Neto Evangelista antes de mudar de posicionamento sobre o candidato do Podemos, as contas de Braide na Caema não foram aprovadas pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado) do Maranhão, mas arquivadas sem análise final, em manobra da Corte executada em processos que duram mais de 10 anos sem julgamento definitivo.

A falta de marcas pode ser medida, também, no período em que Eduardo Braide foi secretário extraordinário de Orçamento Participativo da gestão de João Castelo (já falecido). Mesmo em tempos de rede social, até o momento, a poucos dias do eleitorado ir às urnas para escolher o próximo prefeito de São Luís, não há pessoas recordando e publicando sobre alguma medida importante que tenha sido tomada por ele na área.

O silêncio aponta que, não fossem as duras críticas de Neto Evangelista no primeiro turno, há eleitor que sequer saberia que Braide já foi testado —e não deixou marcas— como gestor.

Para manter compromisso, Braide terá de fazer campanha sem fundo eleitoral
Política

Candidato foi o único deputado da bancada federal do Maranhão a votar contra o aumento do fundo

Único deputado da bancada federal do Maranhão a votar contra e a usar as redes sociais para criticar o aumento do fundo eleitoral, para não contradizer o próprio discurso e manter o compromisso, o candidato do Podemos à prefeitura de São Luís, Eduardo Braide, terá de tocar a campanha com recursos próprios e doações privadas por pessoas físicas.

De fonte pública, a verba é destinada ao financiamento direto de campanha eleitorais, e custará R$ 2 bilhões aos cofres públicos nas eleições de 2020.

“Votei CONTRA o aumento do fundo eleitoral. A Saúde, Educação e Segurança Pública é que devem ser prioridade. O meu compromisso é com você!”, prometeu Braide no Twitter, em dezembro do ano passado, após a aprovação do fundão pelo Congresso.

Segundo dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), apenas o Podemos, partido de Eduardo Braide, terá direito a R$ 78 milhões para as campanhas dos candidatos da legenda. Já a verba dos demais partidos que fazem parte da coligação do prefeiturável da capital do Maranhão (PSD, PSDB, PTC e PMN), somada, chega a R$ 284,4 milhões.

O dinheiro é distribuído aos candidatos pelas cúpulas das legendas, que decide quem vai receber a verba pública e em que montante, sendo obrigatório o repasse de ao menos 30% para candidatas mulheres, e divisão proporcional a candidatos negros.

Até às 13h30min desta quarta-feira 7, segundo consulta feita pelo ATUAL7 no site do DivulgaCand, do TSE, não há registro nem de receita nem de despesas pela candidatura de Eduardo Braide. Contudo, desde a madrugada do último dia 27, quando a campanha e propaganda eleitoral foram oficialmente liberadas, ele vem realizando diversos gastos com a campanha para a prefeitura, que tem à frente do marketing a publicitária ex-mensaleira Zilmar Fernandes.

Pela legislação eleitoral, a partir da execução da receita e despesa já é obrigatório a divulgação. A primeira parcial da prestação de contas tem prazo de 21 a 25 de outubro para acontecer. Até lá, o eleitor confirmará se Eduardo Braide realmente assumiu um compromisso com a população ou se era apenas jogada eleitoral.

Com enfrentamento a adversários, Franklin e Yglésio têm melhor desempenho em debate
Política

Candidatos do PSOL e do PROS à prefeitura de São Luís foram os únicos a discutir a capital com segurança e conhecimento técnico

Todos os 11 candidatos a prefeito de São Luís participaram, nesta quarta-feira 1º, do primeiro debate da campanha eleitoral na capital, promovido pela Bandeirantes Maranhão, em parceria com a TV UFMA.

Apesar do formato engessado por causa da pandemia e do número excessivo de participantes no debate em respeito à democracia, dois candidatos mostraram bom desempenho: Franklin Douglas (PSOL) e Yglésio Moysés (PROS). Falando com segurança e conhecimento técnico não apresentado pelos demais, foram os únicos que protagonizaram embates com os adversários sobre temas importantes para a capital.

Sem amarras ou padrinhos, o candidato do PSOL mostrou que cobrança não é ataque, e alertou o eleitorado sobre a omissão dos deputados prefeituráveis em relação ao descaso da gestão do atual prefeito, Edivaldo Holanda Júnior (PDT). Também sobre o silêncio, ao longo dos anos de mandato (ou mandatos, de alguns) sobre a poluição das praias; não realização de concurso público para a saúde; falta de paradas de ônibus; calote na classe artística; sucateamento das escolas públicas municipais; e diversas promessas não cumpridas por Edivaldo em quase oito anos de mandato à frente do Palácio de La Ravardière. Mostrou-se firme e convicto em seu posicionamento em defesa dos mais pobres, principalmente quando abordou sobre a violenta repressão contra a comunidade do Cajueiro, assunto que assusta quase todos os concorrentes no pleito.

Yglésio, por sua vez, mostrou que não é um produto de marketing político-eleitoral, mas que estudou a fundo o orçamento e os problemas crônicos da cidade. Dominando bem todas as temáticas discutidas, sobretudo a da saúde, mostrou-se preparado para a gestão da capital e ainda desmontou diversas propostas fantasiosas e oportunismos de adversários.

No bloco sobre perguntas e respostas, enfrentaram-se sobre o tema urbanismo. Sempre tecnicamente, criticaram a falta de planejamento da cidade pelas gestões municipais atual e anteriores, e discutiram, em embate respeitável, propostas sobre condições adequadas de habitação à população ludovicense.

Os candidatos Eduardo Braide (Podemos), Duarte Júnior (Republicanos), Neto Evangelista (DEM) e Rubens Pereira Júnior (PCdoB), líderes em intenções de voto na mais recente pesquisa Econométrica, apesar de apresentarem boa oratória, mais pareceu que apenas ensaiaram frases e decoraram números.

Jeisael Marx (Rede), embora tenha demonstrado conhecer um pouco da realidade da cidade e se destacado em alguns momentos, pela imposição forçada de voz e diversas atuações folclóricas, mais pareceu que estava apresentando um programa policial na TV do que se apresentando ao eleitorado como candidato a prefeito.

Bira do Pindaré (PSB) demonstrou-se inseguro quando debateu com Braide, e ficou sempre na defensiva quando enfrentou os demais concorrentes, tendo tempo para se apresentar livremente apenas nas considerações finais. De todos, teve o pior desempenho.

O candidato do Solidariedade, Carlos Madeira (SD), muito nervoso pela inexperiência em debates eleitorais, ficou perdido quanto ao tempo de fala e, dos poucos segundos que conseguiu aproveitar, mais pareceu um locutor esportivo tentando declamar um monólogo. Destacou-se levemente ao alertar o eleitorado da capital sobre obras eleitoreiras de fim de mandato pelo prefeito Edivaldo Holanda Júnior.

Silvio Antônio (PRTB) e Hertz Dias (PSTU) apenas reverberam o discurso ideológico do que representam os seus partidos. Apóstolo, o primeiro demonizou o PT e a esquerda, e tentou santificar a direita e Jair Bolsonaro (sem partido), de quem tenta parecer representante na eleição, embora não tenha qualquer voto publicamente declarado por parte do presidente. Já o segundo, apesar de algumas colocações válidas sobre a atuação política contraditória de alguns de seus adversários na disputa, devido à ginga e ao movimento repetitivo com as mãos característicos do movimento hip hop, mais parecia que, em vez de debater a cidade com os demais candidatos, iria aproveitar o momento para mandar uma rima para geral.

Se optar por coerência, Wellington deve evitar apoio a Braide, Duarte, Neto e Rubens
Política

Movimentos do deputado estadual ao longo da vida pública impedem acordo com os quatro pré-candidatos a prefeito de São Luís

Arrancado do pleito municipal de 2020, o deputado estadual Wellington do Curso (PSDB) fez movimentos ao longo da vida pública que o impedem, se desta vez priorizar pela coerência política, de declarar apoio a pelo menos quatro pré-candidatos a prefeito de São Luís.

Caso Wellington não repita o erro confesso de 2016, o principal rejeitado seria o deputado federal Eduardo Braide (Pode), por motivos expostos demasiadamente pelo próprio tucano nos últimos dias, inclusive na tribuna do Palácio Manuel Beckman: traição. Segundo Wellington, Braide teria se unido ao senador Roberto Rocha (MA) para tirá-lo da corrida eleitoral. Como resposta, ele tem trabalhado contra a eleição do apadrinhado pelo presidente do PSDB do Maranhão. Retroceder desse posicionamento, portanto, além de desconforme, seria suicídio político.

Apesar da promessa de quitação de dívidas financeiras atualmente com diversos credores para passar a dever apenas Josimar Maranhãozinho, qualquer cogitação de apoio ao deputado Duarte Júnior (Republicanos) também atropelaria o discurso e histórico de luta de Wellington. Por representação formulada pelo deputado do PSDB, o gabinete do ex-presidente do Procon é alvo de investigação na Polícia Federal, desde 2018. Em março, Wellington cobrou explicações de Duarte sobre documentos que apontam para possível participação de um funcionário de seu gabinete em suposta milícia virtual. Á época, Duarte Júnior deixou o plenário da Alema durante as cobranças, até hoje não esclarecidas. Eventual apoio seria um caso peculiar de Síndrome de Estocolmo. Pesa ainda as diversas suspeitas de corrupção contra Josimar, a quem Wellington teria de também passar a declarar ter “orgulho”.

Eventual priorização pela coerência também impediria Wellington do Curso de fechar com o deputado estadual Neto Evangelista. Embora pré-candidato do DEM, Neto tem como patrono o PDT e o senador Weverton Rocha, a quem, na campanha de 2016, quando terminou em terceiro lugar, Wellington combateu fervorosamente —e permaneceu enfrentando, mesmo após as eleições daquele ano. Para apoiar Neto, Wellington teria de sofrer ou fingir amnésia eleitoral, e passar a defender a continuação da gestão do PDT na capital.

Por fim, mas não menos incoerente, qualquer declaração de apoio a Rubens Júnior seria o mesmo que Wellington do Curso desmentir tudo o que declarou ao longo dos dois mandatos de deputado estadual na Assembleia Legislativa, como principal opositor e fiscalizador do governo do PCdoB e de Flávio Dino no Maranhão.

Vale lembrar que, em 2016, Wellington não agiu com coerência, segundo ele próprio tem confessado em entrevistas recentes. Embora tenha apontado o suposto envolvimento de Eduardo Braide em casos de corrupção com a chamada Máfia de Anajatuba durante o debate eleitoral, no segundo turno, o tucano fechou com o hoje alegado algoz, e passou a declarar que o suposto envolvimento e investigação contra Braide pela Polícia Federal seriam ataques do Palácio dos Leões.

Rubens Júnior, do PCdoB, implode discurso antisarney ao buscar apoio do MDB de Roseana
Política

Iniciada por Flávio Dino no ano passado, reabertura de diálogo com os Sarney pode se consolidar em 2020 pelo comando da Prefeitura de São Luís

Quando o pré-candidato Rubens Pereira Júnior publicou no Twitter que entrou na disputa pela Prefeitura de São Luís “pra valer”, ninguém poderia imaginar que ele levaria tão a sério ao ponto de buscar apoio até mesmo do MDB, partido do ex-senador José Sarney e da ex-governadora Roseana Sarney.

Ao se deslocar para a Assembleia Legislativa para encontro com o deputado Roberto Costa, que coordena o partido sarneysta nas eleições 2020, e admitir ao jornalista John Cutrim que está conversando “com todos que querem debater a cidade de São Luís”, Rubens Júnior rompe com o discurso antisarney, demasiadamente usado por ele próprio durante seu histórico político.

Em fevereiro, por exemplo, quando ainda não havia “bigodado” e tinha Sarney como sinônimo de lepra política, insinuou nas redes sociais que o grupo estaria apoiando Eduardo Braide (Pode), devido à aliança deste com o PSD de Edilázio Júnior. “E o grupo Sarney começa a mostrar pra qual lado vai na eleição de São Luís”, escreveu.

A reabertura de diálogo e aproximação de um membro do PCdoB com os Sarney, porém, não é novidade.

No ano passado, o governador Flávio Dino (PCdoB), ele próprio eleito e reeleito para o Palácio dos Leões sob o discurso antisarney, foi à Brasília em buscar de conselhos do ex-oligarca sobre como apear do poder o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), sob a alegação de que estaria defendendo a democracia.

Seguindo o líder, portanto, o pré-candidato do PCdoB tenta agora transformar o diálogo em casamento, pelo comando da Prefeitura de São Luís.

Mesmo que Roberto Costa não queira firmar aliança com os comunistas, o ato de Rubens Júnior já implodiu qualquer discurso antisarneysta no pleito. O eleitor já sabe que tudo não passa de jogo de cena de quem já foi aliado e do mesmo governo, tendo rompido apenas por causa do que agora os reúne: o poder.