A 1ª Vara Criminal da Justiça Federal no Maranhão encaminhou ao Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região, na tarde da última sexta-feira 15, os autos dos processos, representações e inquéritos da Polícia Federal que culminaram na deflagração da 5ª fase da Sermão ao Peixes, já considerada uma das maiores do país no combate à corrupção, denominada Operação Pegadores.
São 19 volumes sobre quebra de sigilo de dados e/ou telefônico; seis de lavagem de dinheiro e ocultação de bens, dinheiro ou valores; e nove relacionados a peculato. Fora um apenso.
Dentre as dezenas de milhares de arquivos, os que mais têm afinado o rugido do Palácio dos Leões são os de interceptação telefônica e de listas de apadrinhados, principais elementos de prova utilizados pelos federais para desbaratar a organização criminosa que havia tomado de assalto os cofres públicos da saúde no atual governo, tendo afanado mais de R$ 18 milhões apenas entre os meses de fevereiro e setembro de 2015.
Por conta dessas gravações e documentos, da repercussão nacional e da iminência de novas operações contra os assaltantes de cofres públicos, o caso já pode ser apelidado de Dinogate, contração do nome do governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), que passou a atacar a PF e o delegado responsável pelas investigações, Wedson Cajé, e o célebre escândalo de corrupção Watergate.
O envio dos autos de parte considerável da Sermão aos Peixes para o TRF-1 foi determinado pelo desembargador federal e prevento Ney Bello Filho, na semana passada, em acolhimento a pedido de abrigo por foro feito pelo secretário estadual de Saúde, Carlos Eduardo Lula.
Advogado pessoal do governador, o Lula maranhense teme ser preso desde que percebeu que estava sendo investigado pela força-tarefa da Sermão aos Peixes por “via reflexa”, em razão de sua prevaricação e omissão quanto aos roubos. Ele tentou ainda a suspensão de toda e qualquer investigação contra ele relacionada à Operação Pegadores, mas foi sumariamente ignorado pelo magistrado.
A expectativa agora é que, chegando os autos ao TRF-1, ocorra na mesma semana o sorteio para definição do novo relator entre os seis desembargadores federais criminais: Olindo Menezes, Candido Ribeiro, Mário César Ribeiro, Néviton Guedes, Mônica Sifuentes, ou o próprio Ney Bello. Caberá a um deles decidir se autoriza a continuação das investigações contra Carlos Lula — neste caso, o processo permanece na Corte —, ou se as arquiva, retornando-se os autos ao juízo de 1º grau, aos cuidados da juíza federal substituta Paula Souza Moraes.
Enquanto isso, a força-tarefa da Sermão aos Peixes segue com as investigações, noutros processos que devem culminar com a confirmação da identidade do “Polvo” e em novos pedidos de prisão e medidas cautelares, por crime semelhante ao que levou a deflagração da Operação Pegadores, possivelmente até para alguém de dentro do Palácio dos Leões, levando a nódoa da corrupção a sujar o próprio governador Flávio Dino.
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