Conheça os prós e contras dos principais postulantes à sucessão de Flávio Dino
Política

Conheça os prós e contras dos principais postulantes à sucessão de Flávio Dino

Individualmente, todos têm vantagens para o embate pelo Palácio dos Leões em 2022, mas também barreiras que podem dificultar a caminhada

Ainda nem houve a diplomação dos eleitos nestas eleições municipais de 2020, mas o que se enxerga no horizonte e sob uma cortina de fumaça bem fraca é o tabuleiro político que deve marcar a sucessão do governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB).

Assim como aconteceu em São Luís, a maioria dos postulantes até aqui faz parte da base de apoio político do comunista. O vice-governador Carlos Brandão (Republicanos), o senador Weverton Rocha (PDT) e o deputado federal Josimar Maranhãozinho (PL) são importantes aliados do Palácio dos Leões. Dos quatros principais, somente o senador Roberto Rocha (PSDB) não configura como aliado dos Leões. É o único opositor até o momento.

Todos têm boas armas para oferecer na disputa eleitoral, mas há obstáculos que podem dificultar a articulação política e respingar ainda no resultado das urnas. A seguir, em ordem alfabética, o ATUAL7 separou pontos positivos e negativos de cada um deles.

Carlos Brandão

Vantagens

Politicamente, Carlos Brandão é o que está mais próximo da cadeira ocupada por Flávio Dino, por ser o primeiro da linha sucessória. O principal ponto a favor de Brandão é que ele pode sentar na cadeira e assumir a caneta de mandatário do Maranhão em 2022, ou mesmo já no próximo ano. Tudo depende dos planos e dos passos que Dino pretende enveredar depois que deixar o atual cargo.

Outro ponto a favor da virtual pré-candidatura de Carlos Brandão é que ele conseguiu reunir um grupo de 25 prefeitos eleitos pelo Republicanos, partido do qual é vice-presidente nacional. Se somar com os prefeitos eleitos pelo PCdoB, Brandão passa a contar com 47 prefeitos com ligação partidária. Com essa combinação matemática fica à frente de Weverton e Maranhãozinho.

O terceiro ponto positivo de Carlos Brandão é que ele consegue a simpatia de cores ideológicas que, hoje, não tem aproximação com o governador Flávio Dino. Ele consegue um franco diálogo com a classe política.

Desvantagens

É importante ressaltar, porém, que o que levanta a bola do vice-governador é o que pode fazer ele ficar fraco na corrida eleitoral. O primeiro ponto contrário à pré-candidatura de Brandão em 2022 é justamente não ter a base aliada do governador Flávio Dino em torno do seu projeto eleitoral. Em São Luís, houve uma rusga entre Brandão e Weverton que respingou no presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão, Othelino Neto (PCdoB), e sobrou para o ainda prefeito de São Luís, Edivaldo Holanda Júnior (PDT).

O segundo ponto negativo é Carlos Brandão ter perdido a eleição em São Luís. Apesar da votação expressiva do seu candidato, Duarte Júnior (Republicanos), que alcançou 216.655 votos no segundo turno, a ausência da máquina administrativa da capital maranhense vai fazer falta na hora que a campanha começar.

Outro fator negativo que pode impactar na formação de grupo e de novas alianças no Maranhão é que Carlos Brandão ainda é vice-governador e não tem o peso da tinta da caneta do Palácio dos Leões. Enquanto seus concorrentes contam com as emendas milionárias, Brandão ainda não tem o poder decisório para atrair amigos e aliados. Sem citar que em 2022 não se sabe como Flávio Dino vai entregar a saúde financeira do Estado, com ou sem possibilidade de investimentos a curto prazo.

Josimar Maranhãozinho

Vantagens

O deputado federal Josimar Maranhãozinho é conhecido por ser campeão de votos. Foi assim quando sagrou-se o deputado estadual mais votado do Maranhão, em 2014, com 99.252 votos. Quatro anos depois, Josimar repetiu o título de mais votado, desta vez para deputado federal com quase 100 mil votos a mais. Maranhãozinho contabilizou 195.768 votos. Com a fama de bom de voto e com o lema de não repetir mandato, Josimar Maranhãozinho planeja o maior voo de sua carreira política: ser governador do Maranhão.

O primeiro ponto positivo é a força que o partido de Josimar conquistou. O Partido Liberal, do qual Josimar comanda a mão de ferro, foi a segunda sigla que mais fez prefeitos nesta eleição. O PL saiu de 7 prefeitos eleitos em 2016 para 40 prefeitos em 2020. Maranhãozinho ficou a frente do PCdoB, de Flávio Dino, e do Republicanos, de Carlos Brandão. Perdeu somente para o PDT do senador Weverton Rocha.

Na Ilha de São Luís, Josimar adotou a estratégia de cercar os municípios com candidaturas do PL. Raposa, São José de Ribamar e Paço do Lumiar. Das três cidades, só não logrou êxito em Paço do Lumiar, com a derrota do advogado Fred Campos (PL). Na Raposa, fez Eudes Barros (PL), enquanto que, em São José de Ribamar, trouxe de volta o ex-prefeito Dr. Julinho (PL) para a vida política da cidade balneária.

Outro ponto a favor de Josimar é a estrutura partidária e financeira que rodeia o virtual pré-candidato. O diretório nacional do partido recebeu mais de R$ 117 milhões de fundo eleitoral. Só para a campanha de Duarte Júnior, para prefeitura de São Luís, o PL destinou R$ 2,2 milhões. A força partidária conta ainda com partidos “satélites”, como o Avante e Patriota, que são dirigidos indiretamente pelo deputado federal. Chama atenção também a capacidade do parlamentar de angariar recursos federais, por meio de emendas parlamentares, para os municípios maranhenses. Só durante a pandemia, Josimar conseguiu a liberação de R$ 15 milhões de emendas para a saúde.

Desvantagens

Uma forte desvantagem que pesa contra a pré-candidatura de Josimar é justamente a consequência de sua força política e sua fama de ser campeão de emendas. No último dia 9 de dezembro, a Polícia Federal deflagrou a Operação Descalabro para apurar suposto esquema criminoso que seria comandado pelo deputado federal Josimar Maranhãozinho, voltado ao desvio de recursos públicos da área de saúde, por meio de direcionamento de licitações. É inegável que a operação da PF respingou nas pretensões políticas de Josimar.

A Operação Descalabro e o seu desenrolar podem prejudicar o dono do PL no Maranhão de conseguir formar um grupo em que ele seja indicado para ser o candidato ao governo.

Por fim, o fato de Josimar Maranhãozinho ter entrado no consórcio malsucedido para eleger Duarte Júnior pode levá-lo a fazer parte de outro projeto: de Carlos Brandão, ou mesmo, do governador Flávio Dino. Neste caso, a hipótese de aparecer na chapa majoritária (com exceção da vaga de governador) não fica descartada.

Roberto Rocha

Vantagens

O senador Roberto Rocha, dos quatros postulantes colocados até aqui, é o único que não faz parte do governo Flávio Dino. Enquanto os outros três dão sustentação ao comunista, Roberto pode ter um discurso de oposição —como já faz— e atrair votos dos descontentes. Há outro ponto incomum com os demais. Roberto Rocha é o único que já teve a experiência de ser candidato ao governo do Estado. Ele alcançou 2,05% dos votos válidos e ficou na quarta colocação.

Pela proximidade e por lado político, Roberto Rocha pode ter apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), desde que saia do PSDB, caso o partido lance João Dória (PSDB-SP) para concorrer ao Planalto em 2022.

Outro ponto positivo foi a participação de Roberto Rocha na candidatura de Eduardo Braide (Podemos). Ficou a cargo dele garantir a presença do PSDB na chapa com o Podemos, ao mesmo passo que deixou de fora da disputa um forte concorrente ao prefeito eleito, o deputado estadual Wellington do Curso (PSDB), que teve garantia de sua pré-candidatura e não foi convertida na homologação para a disputa.

Desvantagens

Mas Roberto Rocha também tem de se preocupar com seus próprios passos se quiser chegar a candidato em 2022. Primeiro, o grupo político do senador é tímido. Ao encolher o PSDB em menos de quatro anos, ao reassumir a presidência do partido no Maranhão, o partido presidido por ele conseguiu eleger somente quatro prefeitos, bem aquém do esperado de um senador da República com laços políticos com o presidente da República. Cada pleito é “uma nova” eleição, entretanto o recall negativo das últimas eleições pode ser um empecilho para a formação de um grupo em torno da candidatura de Roberto Rocha.

Weverton Rocha

Vantagens

O senador Weverton Rocha vem pavimentando sua candidatura ao Palácio dos Leões ainda quando era deputado federal e cavava a sua candidatura ao Senado. Weverton foi o primeiro candidato ao Senado confirmado pelo governador Flávio Dino, no ano anterior às eleições de 2018. Muito pelo fato de ter conseguido formar um grupo consolidado em torno do seu nome. Ali já se sabia onde Weverton queria chegar.

O PDT, partido presidido por Weverton no estado, foi o que fez mais prefeituras no Maranhão. Ao todo, foram 42 prefeitos eleitos. Essa relação de Weverton com os prefeitos reflete em seu mandato no Senado Federal, com atuação municipalista e com diálogo aberto com prefeitos dos mais variados partidos.

Em suas movimentações, Weverton tem aglutinado forças. Se aproximou de forças políticas que antes eram inimigas. No primeiro turno em São Luís esteve no mesmo palanque que a ex-governadora Roseana Sarney (MDB), apoiando o seu candidato à prefeitura, o deputado estadual Neto Evangelista (DEM). No segundo turno foi a vez da aproximação com Eduardo Braide, que há quatro anos estava na mira do senador. Recentemente, ele apareceu em Imperatriz com Assis Ramos (DEM), antigo adversário.

Pelo menos dois partidos já fazem parte do projeto de Weverton para governador. O PDT e o Democratas. O DEM elegeu 11 prefeitos, dentre eles, o prefeito reeleito Assis Ramos. Também podem caminhar com Weverton o MDB e PTB.

Desvantagens

Pesa contra a candidatura de Weverton o fracasso do PDT na eleição de São Luís. A aposta do partido, Neto Evangelista, alcançou o amargo terceiro lugar. Apesar do grupo ter sido decisivo na vitória de Eduardo Braide, Weverton Rocha deve perder o controle total da prefeitura de São Luís. A incerteza do apoio de Flávio Dino, ou mesmo, sua posição nas eleições de 2022 pode ser um empecilho para os planos do senador. Flávio Dino pode apoiar Weverton? Flávio Dino vai manter a mesma posição de 2020? Flávio Dino vai ter mais de um candidato? Essas incertezas devem ser levadas em contas nos cálculos de Weverton Rocha, o PDT e o grupo do senador.

A minirreforma administrativa ameaçada por Flávio Dino (PCdoB), no Twitter, pode atingir o grupo do senador Weverton Rocha. Entre as principais pastas estão a Sedes (Secretaria de Desenvolvimento Social) e o Detran (Departamento Estadual de Trânsito) do Maranhão. São órgãos importantes que estão sob indicação do PDT. Sem espaço no governo, o terreno do caminho para o Palácio dos Leões pode ficar mais pesado.



Comentários 3

  1. Luan

    Deus livre o Maranhão desse Josemar de Maranhãozinho, o povo maranhense não merece um político como esse. Exibicionista, faz um tipo de política (politicagem), como ele mesmo gosta de mostrar, baseado na compra de votos. Espero que seja cassado e posteriormente preso.

  2. Cezar de Albuquerque

    Josimar de maranhaozinho foi fruto de uma grande armação pelo seu grande progresso na política do estado onde incomodou muitos colarinhos branco;porém tudo vai ficar esclarecido!!!!!

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