Edeconsil Construções e Locações Ltda
Citada na Lava Jato tem contrato aditado pela Sinfra para R$ 67,3 milhões
Política

A Edeconsil Construções e Locações aparece em uma das planilhas entregues pelo doleiro Alberto Yousseff à Polícia Federal

A Edeconsil Construções e Locações Ltda, citada pelo doleiro Albert Yousseff em documentos entregues à Polícia Federal no início da Operação Lava Jato, assinou o quinto termo aditivo de um contrato iniciado com a Secretaria de Estado da Infraestrutura (Sinfra) desde junho de 2013.

A empresa tem como proprietário o megaempresário Fernando Antônio Leitão Cavalcante, o Fernandão. A Edeconsil é conhecida como uma das maiores doadoras de dinheiro em campanha eleitorais no Maranhão. Já a Sinfra é comandada pelo secretário Clayton Noleto, que vai disputar uma vaga na Câmara Federal nas eleições de 2018, pelo PCdoB. Pela legislação atual, se houver doações para Noleto no pleito do ano que vem, deverão todas ser feitas apenas por pessoas físicas.

operaca-lava-jato-alberto-yousseff-edeconsil

Apesar da Resenha do quinto termo aditivo, assinado no último dia 30, não especificar o objeto, foi apurado que o contrato diz respeito à execução dos serviços de pavimentação de vias urbanas no Estado do Maranhão. Como no Diário Oficial do Estado (DOE) é publicado apenas o resumo dos processos contratuais, não há informações de quantas vias serão pavimentadas, nem em quais bairros ou municípios são localizadas.

Um pedido foi feito pelo ATUAL7, por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), solicitando o detalhamento.

quinto-termo-aditivo-sinfra-edeconsil

Em consulta da reportagem à cópia do DOE de quase quatro anos atrás, foi constatado que o contrato inicial foi assinado ao valor de R$ 36,1 milhão, com vigência de 12 meses. Com o novo aditivo, o valor subiu para R$ 67,3 milhões, tendo a vigência permanecido inalterada. Em ambas as assinaturas, o nome que vai nos processos é sempre, pela Edeconsil, do representante da empresa, Fabiano Ramos Cavalcante — sócio de Fernandão em outra empreiteira do grupo, a Edeconvias Construções e Locações Ltda.

Citada na Lava Jato, Edeconsil já recebeu R$ 141 milhões do governo Flávio Dino
Política

Planilhas foram apreendidas com o doleiro Alberto Youssef. Empresa pertence ao empresário Fernando Cavalcante, o Fernandão

Citada durante as investigações da Operação Lava Jato, a empresa Edeconsil Construções e Locações Ltda já recebeu, somente nos quase 16 meses do governo Flávio Dino, o total de R$ 141.570.460,63 (cento e quarenta e um milhões, quinhentos e setenta mil, quatrocentos e sessenta reais e sessenta e três centavos). Os recursos são fruto de pagamentos por serviços supostamente prestados à Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema), por meio do Consórcio EIT/Edeconsil/PB, na interminável ampliação do sistema Italuís; e de contratos com a Secretaria de Estado de Infraestrutura (Sinfra).

A empresa, que no contrato com a Sinfra aparece com o nome fantasia Edeconsil Desmatamento Construções e Sinal, pertence ao poderoso empresário Fernando Antônio Leitão Cavalcante, o Fernandão, em sociedade com o não menos poderoso, José Thomaz Cavalcante Filho.

Flávio Dino vistoria obras da nova adutora do sistema Italuís, apontado na Lava Jato como um dos braços do esquema comandado pelo doleiro Alberto Youssef
Karlos Geromy/Secap EIT/Edeconsil/PB Flávio Dino vistoria obras da nova adutora do sistema Italuís, apontado na Lava Jato como um dos braços do esquema comandado pelo doleiro Alberto Youssef

Durante a segunda fase da Operação Lava Jato, batizada de Bidone, o doleiro Alberto Youssef entregou aos investigadores da força-tarefa da Lava Jato uma planilha com diversos valores relacionados a obras supostamente negociadas por ele e, nas quais, segundo Youssef, houve o pagamento de propina. O valor,  de acordo com o doleiro, variava entre 3% e 15% do valor de cada contrato.

Pelas informações da planilha obtida com exclusividade pelo Atual7, juntamente com a EIT Construções S/A e a PB Construções Ltda, a Edeconsil teve seu nome relacionado às obras da Caema na adutora. Os documentos mostram, por exemplo, que a proposta de Youssef foi encaminhada no dia 12 de janeiro de 2012, e que a escolha do Consórcio EIT/Edeconsil/PB ocorreu na tarde do dia 24 de janeiro daquele ano, duas semanas após o envio da proposta de Alberto Youssef aos responsáveis pela empresa. As obras de substituição da tubulação da adutora começaram dez meses depois, em novembro de 2012, e até hoje não foram concluídas.

Na lista apreendida pela Polícia, o doleiro lista não somente a empresa, como também um possível representante. No documento, está o nome de José Humberto Tavares. Pelo registro telefônico da época, o número de celular apontado na planilha registra a titularidade do engenheiro Humberto Tavares, então coordenador de obras da Edeconsil. A suspeita dos policiais é que Youssef negociava vantagens junto aos governos estaduais e depois vendia essa facilidade aos donos de empreiteiras.

“Assim, é claro o envolvimento de Youssef e seu grupo com grandes empreiteiras, e, através da planilha apreendida, pode-se deduzir que o doleiro tinha interesse especial nos contratos dessas empresas, onde de alguma forma atuava na intermediação”, registram os policiais federais em documento relacionado à Lava Jato.

Mesmo diante de eventuais ilicitudes, o governador Flávio Dino (PCdoB) tem mantido pagamentos sistemáticos ao Consórcio EIT/Edeconsil/PB e ainda contratou a Edeconsil, em separado, para cuidar de obras da Sinfra. De acordo com dados abertos consultados pelo Atual7 no Portal da Transparência, no ano passado, foram efetuados 13 repasses para a Edeconsil relacionados a serviços feitos na adutora e outros 30 efetuados pela Secretaria de Infraestrutura. Somente neste ano já foram 16 repasses, um relacionado aos serviços no Italuís, e o restante à obras da Sinfra, sendo que, somente neste mês de abril, os repasses já ultrapassa a cifra de R$ 6 milhões.

operaca-lava-jato-alberto-yousseff-edeconsil

Um ano depois de novo governo, motoristas ainda ficam atolados na MA-245
Política

Edeconsil Construções e Locações já recebeu mais de R$ 20 milhões pela obra. Secretário de Infraestrutura promete concluir a estrada até novembro deste ano

Próximo de completar aniversário de um ano em que os caminhões do Mais IDH não puderam chegar ao município de Lagoa Grande, um dos 30 mais pobres do Maranhão, para levar os serviços e ações emergências ofertados pelo programa, a situação da MA-245 ainda é a mesma: a estrada permanece completamente tomada por atoleiros e muita lama.

É o que mostra imagens enviadas ao Atual7 pelo professor Francisco da Kabé, que em abril do ano passado já havia denunciado o descaso em uma rede social.

Atolados no lamaçal, conselheiros tutelares ficam impossibilitados de continuar o trabalho
Francisco da Kabé Descaso Atolados no lamaçal, conselheiros tutelares ficam impossibilitados de continuar o trabalho

Registradas na semana passada, na terça-feira 26 e na sexta-feira 29, as novas imagens mostram de carros pequenos a caminhões atolados, além de, até mesmo, uma pickup 4x4, uma das poucas com tração suficiente para enfrentar os atoleiros e lamaçais da MA-245, com a dianteira completamente enterrada – isso mesmo que você leu, enterrada! - na estrada.

De responsabilidade da empresa Edeconsil Construções e Locações Ltda, pertencente ao poderoso empresário Fernando Cavalcante, o Fernandão, as obras de construção e pavimentação da MA-245 começaram a ser iniciadas no final do governo passado, mas foram paralisadas pelo governo Flávio Dino no início de janeiro do ano passado.

Por causa da paralisação das obras, além do prejuízo causado ao programa Mais IDH, o Maranhão foi palco de vergonha nacional, quando uma equipe de reportagem do programa "Profissão Repórter", da Rebe Globo, ao tentar chegar a cidade de Marajá do Sena, ficou atolada na estrada – que liga os municípios de Lago da Pedra e Lagoa Grande.

Nem mesmo uma pickup 4x4 conseguiu passar pelos atoleiros da MA-245
Francisco da Kabé Vergonha Nem mesmo uma pickup 4x4 conseguiu passar pelos atoleiros da MA-245

No sábado 30, quem também ficou atolado na MA-245 foi um dos representantes do próprio governo estadual, o diretor da Companhia de de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema), Davi Araújo Telles, que precisou ser puxado por um outro carro traçado para sair do local. Confortável no ar-condicionado do veículo e alheio à situação vexatória para o próprio Palácio dos Leões, Telles ainda sorriu e acenou para quem também atolou mas não recebeu a mesma ajuda.

Apesar das imagens de descaso, alcançado pelo Atual7, o secretário de Estado da Infraestrutura, Clayton Noleto, afirma que, dos 65,41 quilômetros contratados, apenas seis apresentam problema, e que o governo estadual já estaria resolvendo a situação e, "garantindo o tráfego".

Noleto afirma ainda que 31% da obra já foram executados, que "o restante a terraplanagem segurou bem" e que tudo estará concluso e entregue até novembro deste ano. Ele também detalhou que a Edeconsil já recebeu R$ 20.588.688,67 (vinte milhões, quinhentos e oitenta e oito mil, seiscentos e oitenta e oito reais e sessenta e sete centavos) dos R$ 67.445.669,91 (sessenta e sete milhões, quatrocentos e quarenta e cinco mil, seiscentos e sessenta e nove reais e noventa e um centavos) do valor do contrato.

Veja a situação de abandono da MA-245, estrada onde Caco Barcellos ficou atolado
Política

Empreiteira que garfou mais de R$ 8,5 milhões para terraplanagem e pavimentação da estrada ganhou mais R$ 4 milhões do governo Dino

Imagens publicadas pelo professor Francisco da Kabé em uma rede social mostram o porquê da equipe de reportagem do programa "Profissão Repórter", da Rebe Globo, ter desistido de, depois de conhecer a miséria extrema em Bacabal e Marajá do Sena, gravar a situação de descaso enfrentada pela população de Lagoa Grande.

Abandonada pelo governo Roseana Sarney e esquecida pelo programa "Mais Asfalto" do governo Flávio Dino, a MA-245, estrada onde o jornalista e apresentador Caco Barcellos ficou atolado, está completamente intrafegável em dezenas de quilômetros tomados de atoleiros e muita lama.

Registro da MA-225 no dia em que Caco Barcellos e a equipe do "Profissão Repórter" desistiram de chegar ao município de Lagoa Grande
Francisco da Kabé/Facebook Descaso Registro da MA-225 no dia em que Caco Barcellos e a equipe do "Profissão Repórter" desistiram de chegar ao município de Lagoa Grande

A estrada é a mesma onde, há cerca de um mês, caminhões do programa "Mais IDH" não se arriscaram a passar por medo de ficarem atolados, o que confirma o descaso também do novo governo.

Embora tenha recebido, mesmo sem terminar a obra, mais de R$ 8,5 milhões para executar serviços de terraplanagem e pavimentação nos 45 quilômetros da MA-245, a empresa Edeconsil Construções e Locações Ltda, pertencente ao empresário Fernando Cavalcante, o Fernandão, conseguiu abocanhar facilmente mais R$ 4 milhões do secretário Clayton Noleto para asfaltar apenas 18 ruas em Timon.