Profissão Repórter
Profissão Repórter mostra que crianças ainda andam de pau de arara no Maranhão
Política

Gravação foi feita em abril deste ano. Herança de Roseana, indiciada pela morte de estudantes em Bacuri foi empregada no Palácio dos Leões

Comandado pelo jornalista Caco Barcellos, o programa Profissão Repórter, da Rede Globo, que foi ao ar na noite dessa teça-feira 11, mostrou que, apesar de ter dinheiro em caixa para inchar a máquina pública com sinecuras, alugar aeronaves, sustentar satélites políticostorrar com publicidade e propaganda, o governador Flávio Dino (PCdoB) não teve qualquer sensibilidade para investir no transporte escolar da rede pública de ensino do Maranhão.

Gravado há quase quatro meses, quando a equipe de reportagem foi maltratada pelas péssimas condições das estradas do município de Marajá do Sena, o programa focou nas imagens e dados alarmantes que comprovam que alunos, a maioria criança, ainda são obrigados a enfrentar pau de arara, que é proibido por lei, e longas caminhadas para realizarem o sonho de estudar.

Apesar da mídia anilhada (anilha é sinal que se põe na perna de ave domesticada) apontar como culpa da ex-governadora Roseana Sarney (PMDB) o flagra feito desde o dia 16 de abril deste ano, portanto já com Dino no comando do Estado, parte da herança maldita da peemedebista nesse descaso foi camaradamente acolhida pelo governador Flávio Dino (PCdoB) no Palácio dos Leões.

Explica-se: em abril do ano passado, oito crianças morreram e outras oito ficaram gravemente feridas em um acidente automobilístico quando estavam sendo transportados de Bacuri a Apicum-Açu em um pau de arara usado para transporte escolar. Uma das indiciadas pelas mortes e lesão corporal dos estudantes, Célia Vitória Neri Silva, ex-secretária de Educação do município de Bacuri, foi prontamente nomeada por Dino no cargo de adjunta do Cerimonial, logo nos primeiros dias do ano.

Questionado por setores da imprensa após a revelação da boquinha suspeita pelo Atual7, o comunista chegou ao disparate de declarar que não sabia do indiciamento da subordinada, e que, comprovando, Célia Neri seria prontamente exonerada, o que não aconteceu até hoje.

Um outro fato curioso é que, informado das gravações e que, além das péssimas condições das estradas, o Profissão Repórter exibiria em rede nacional as mazelas enfrentadas pelas crianças maranhenses para chegar à escola, ainda em abril, o governador do Maranhão instituiu rapidamente, por meio de decreto, o Programa Estadual de Apoio ao Transporte Escolar (Peate), que no papel está orçado em R$ 20 milhões somente para o ano de 2015.

Estranhamente, somente agora, após a reportagem da Globo ir ao ar, é que o Palácio dos Leões resolveu divulgar os tais investimentos, para salvar a pele de cordeiro que cobre o lobo.

Veja a situação de abandono da MA-245, estrada onde Caco Barcellos ficou atolado
Política

Empreiteira que garfou mais de R$ 8,5 milhões para terraplanagem e pavimentação da estrada ganhou mais R$ 4 milhões do governo Dino

Imagens publicadas pelo professor Francisco da Kabé em uma rede social mostram o porquê da equipe de reportagem do programa "Profissão Repórter", da Rebe Globo, ter desistido de, depois de conhecer a miséria extrema em Bacabal e Marajá do Sena, gravar a situação de descaso enfrentada pela população de Lagoa Grande.

Abandonada pelo governo Roseana Sarney e esquecida pelo programa "Mais Asfalto" do governo Flávio Dino, a MA-245, estrada onde o jornalista e apresentador Caco Barcellos ficou atolado, está completamente intrafegável em dezenas de quilômetros tomados de atoleiros e muita lama.

Registro da MA-225 no dia em que Caco Barcellos e a equipe do "Profissão Repórter" desistiram de chegar ao município de Lagoa Grande
Francisco da Kabé/Facebook Descaso Registro da MA-225 no dia em que Caco Barcellos e a equipe do "Profissão Repórter" desistiram de chegar ao município de Lagoa Grande

A estrada é a mesma onde, há cerca de um mês, caminhões do programa "Mais IDH" não se arriscaram a passar por medo de ficarem atolados, o que confirma o descaso também do novo governo.

Embora tenha recebido, mesmo sem terminar a obra, mais de R$ 8,5 milhões para executar serviços de terraplanagem e pavimentação nos 45 quilômetros da MA-245, a empresa Edeconsil Construções e Locações Ltda, pertencente ao empresário Fernando Cavalcante, o Fernandão, conseguiu abocanhar facilmente mais R$ 4 milhões do secretário Clayton Noleto para asfaltar apenas 18 ruas em Timon.