Sindeducação
Braide aperta cerco contra professores e consegue autorização na Justiça para desconto no salário de grevistas
Cotidiano

Prefeitura de São Luís também poderá contratar professores temporários. Paralisação já dura uma semana

Eleito em 2020 com forte apoio aberto do Sindicato dos Profissionais do Magistério da Rede Municipal de São Luís, à começar da então presidente da entidade, professora Elisabeth Castelo Branco, o prefeito Eduardo Braide (sem partido) apertou ainda mais o cerco contra professores da rede pública de ensino da capital que aderiram ao movimento paredista convocado pelo mesmo Sindeducação, agora sob presidência da professora Sheila Bordalo.

Após ganhar no Tribunal de Justiça do Maranhão a decretação de ilegalidade da greve, a gestão municipal logrou nesta segunda-feira (25) nova decisão liminar da desembargadora Francisca Galiza, das Segundas Câmaras Cíveis Reunidas da corte, autorização descontar no salário as faltas dos professores que participarem do movimento grevista, que já dura uma semana.

Na decisão, a magistrada também autorizou a contratação de professores temporários pela prefeitura da capital para dar continuidade às aulas já iniciadas, enquanto durar a paralisação.

“Uma vez não configurada a situação excepcional reconhecida pelo Excelso Tribunal, é possível o lançamento das faltas no período da paralisação, se assim definir o requerente”, destacou Galiza no despacho.

Como houve apenas autorização, não determinação, cabe apenas a Braide decidir se desconta ou não no salário dos professores grevistas os dias relativos à paralisação. Se levado em conta a participação em manifestações já realizadas pelo Sindeducação, cerca de três mil docentes aderiram à greve, e mobilização tende a aumentar.

Os professores da rede pública de ensino de São Luís buscam atualização do Piso Nacional do Magistério para docentes do nível médio, de 33,24%, e da repercussão em toda tabela salarial –com 36,56% de reajuste para todos com nível superior.

A proposta da prefeitura é de apenas 10,06%.

Professores de São Luís entram em greve contra descaso e ataques de Eduardo Braide
Cotidiano

Segundo Sindeducação, somente metade nas escolas do município foram reformadas e aulas iniciaram sem transporte na zona rural. Categoria busca atualização salarial de 36,56%, mas gestão municipal quer conceder apenas 5%

Professores da rede pública de ensino de São Luís entraram em greve na manhã desta segunda-feira (18) em protesto contra o que classificam como descaso com a educação municipal e ataques à categoria pela gestão de Eduardo Braide (sem partido).

Organizado pelo Sindeducação (Sindicato dos Profissionais do Magistério da Rede Municipal de São Luís), um protesto está marcado para acontecer na praça Deodoro, Centro da capital, a partir das 8 horas.

Apesar do movimento paredista encurralar apenas Braide, parte do estado de abandono da educação pública do município é herança maldita deixada pelo ex-prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PSD), que tem aproveitado do silêncio do sucessor sobre o caos recebido para entrar na disputa pelo Palácio dos Leões nas eleições de outubro.

Segundo a presidente da Sindeducação, Sheila Bordalo, somente metade nas unidades escolares da rede de ensino público da cidade foram reformadas, as aulas iniciaram sem transporte na zona rural, a alimentação escolar carece de qualidade e os alunos, até hoje, não receberam os chips e tablets prometidos pela prefeitura.

“O 14º salário, progressões e precatórios do Fundef são direitos previstos por lei. Braide não diz que envio projeto de lei atualizando a tabela para somente 889 profissionais da rede. Hoje, somos mais de 8 mil”, diz em vídeo que trata da campanha salarial deste ano dos professores.

Em repúdio a uma propaganda da gestão municipal custeada pelos cofres públicos, que acusa o sindicato de mentir para a população, ela acusa a prefeitura de tentar desmoralizar os profissionais e suas reivindicações. “Mas a realidade é a maior aliada da categoria”, defende.

O ataque também foi respondido pela professora Ana Paula Martins, secretária de Comunicação do Sindeducação.

“O prefeito anda dizendo por aí que nós estamos faltando com a verdade, que estamos mentindo sobre nossa pauta de reivindicação. Mas por que o prefeito não fala sobre os recursos do Fundeb?! Porque é através desse recursos que estamos reivindicando reajuste para toda a nossa categoria. Não é verdade que ele mandou um projeto de lei [para a Câmara de Vereadores] que contempla todos os professores e professoras”, argumentou em publicação sobre a assembleia geral que decidiu pela deflagração da greve.

Enquanto o sindicado defende a atualização da tabela salarial para toda a categoria de 36,56%, Braide tem insistido no reajuste de apenas 5%, dificultando a negociação com os professores.

Além da propaganda com ataques ao Sindeducação, Eduardo Braide também apelou ao Poder Judiciário para tentar barrar a greve. Na semana passada, atendendo pedido da PGM (Procuradoria-Geral do Município), a desembargador Maria Francisca Galiza, das Segundas Câmaras Cíveis Reunidas do Tribunal de Justiça do Maranhão, decretou a ilegalidade do movimento e determinou multa por descumprimento da decisão de 50 mil, por dia.

Apesar da ordem judicial pela suspensão da greve, o sindicato manteve o movimento paredista.

De acordo com a professora Luciana Mesquita, além dos problemas relatados por Sheila Bordalo, os docentes estão tendo de tirar do próprio bolso para manter o ensino e nem todas as escolas voltaram ao ensino presencial.

“Nas escolas que estão funcionando de forma remota, os professores estão bancando as aulas, pois os míseros 70 reais de ‘auxílio conectividade’ foram cortados. Professores que retornaram presencialmente não têm material pedagógico para trabalhar, por exemplo, principal para quadro”, postou em uma rede social.

O caos na educação pública da capital levou o Eduardo Braide a sofrer um revés no Judiciário maranhense, no início deste mês.

À pedido do Ministério Público, o juiz Douglas de Melo Martins, da Vara de Interesses Difusos e Coletivos de São Luís, determinou ao município matricular estudantes na rede municipal de ensino, no prazo de 72 horas, dando preferência às mais próximas e de modo a evitar prejuízo à vida escolar dos alunos.

De acordo com a assessoria do Tribunal de Justiça, no bojo do processo consta uma tabela com os nomes de diversos alunos que necessitam de vagas nas escolas públicas municipais.

“Inconcebível existir estudantes que ainda não tenham conseguido se matricular ou rematricular nas escolas municipais mais próximas de suas residências, seja pela obrigação pactuada e homologada por sentença judicial, seja pelas normas acima apontadas”, enfatizou o magistrado na decisão.

Wellington garante concurso na educação e valorização dos profissionais do magistério
Política

Candidato progressista também assegurou investimentos para recuperar a infraestrutura das unidades de ensino de São Luís; construir novas; oferecer merenda de qualidade aos alunos; otimizar o transporte escolar; e colocar segurança dentro das escolas

O deputado estadual e candidato a prefeito da coligação “Por Amor a São Luís”, Wellington 11 (PP), apresentou nesta segunda-feira 12, durante sabatina denominada “Roda de Conversa”, promovida pelo Sindicato dos Profissionais do Magistério do Ensino Público Municipal de São Luís (SindEducação), compromissos que ele implantará, a partir de janeiro próximo, no setor educacional.

Wellington garantiu que realizará concurso público para o cargo de professor e aumentará a capacidade constitucional de investimentos da prefeitura (de 25% para 30%) com o objetivo de executar um plano permanente de valorização salarial dos profissionais do magistério.

“Além disso, os novos investimentos serão canalizados para recuperar a infraestrutura das unidades de ensino de São Luís; construir novas; oferecer merenda de qualidade aos alunos; otimizar o transporte escolar; e colocar segurança dentro das escolas, por exemplo”, disse.

Wellington criticou fortemente o desprezo com o qual o prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PDT), que não compareceu à sabatina, trata o setor educacional, os professores e os estudantes. De acordo com ele, São Luís necessita de um gestor que tenha compromisso com a educação, que tenha coragem de dialogar com os professores e não administre somente dentro de um gabinete.

Cadeira vazia reservado ao prefeito Edivaldo Holanda Júnior, que faltou a mais um debate

“Como prefeito de nossa capital, a partir de janeiro, realizaremos um governo participativo, que estará nas ruas e que dialogará permanentemente com a classe docente. Hoje, se a educação de São Luís encontra-se em estado de precariedade, é culpa do atual prefeito, que não sabe gerir bem os recursos e não tem compromisso com a cidade. Faremos diferente. Governaremos com planejamento no setor educacional e em todas as demais áreas da administração”.

Estado de abandono

Antes da sabatina ter início, o sindicado apresentou um vídeo mostrando o verdadeiro estado de abandono das escolas municipais e a falta de valorização do atual prefeito para com os professores e alunos.

Só para citar um exemplo, 69 escolas municipais estão com sua estrutura física em estado precário e 12 estão fechadas. Os profissionais do magistério – que realizaram duas greves (em 2014 e este ano) devido ao não cumprimento de acordo firmados pelo prefeito Edivaldo Júnior – não possuem condições de trabalho e sofrem, assim como os estudantes, com atos de violência em virtude de não haver segurança nas unidades de ensino.

“A educação de São Luís, a partir de janeiro, terá um prefeito oriundo de escola pública e que sabe valorizar o setor, os professores e os estudantes”, finalizou o candidato progressista.

Direção do Sindeducação impõe, na Justiça, terceira derrota a ex-presidente da entidade
Política

Lindalva Batista requeria a destituição da atual direção e a instalação de uma junta governativa que seria presidida por ela própria

Diretores do Sindicato dos Profissionais do Magistério da Rede Municipal de São Luís (Sindeducação) estiveram no Fórum Desembargador Sarney Costa, na última quinta-feira 20, para participar de uma audiência do processo 22377/2015, ajuizado na 12ª Vara Cível, pela ex-presidente da entidade, Maria Lindalva Batista.

Na ação, Lindalva - que sequer compareceu a audiência - requeria a destituição da atual direção e a instalação de uma junta governativa que, em seu propósito, seria presidida por ela própria. Ao analisar o caso, porém, o juiz Hélio de Araújo Carvalho Filho, titular da Vara, desconheceu o pedido.

“(...) e determino a extinção do feito, considerando a falta de legitimidade da ora demandante, nos termos do artigo 267, inciso VI do CPC, extingo o presente feito sem resolução do mérito”, sentenciou o magistrado.

Não vai ter golpe

Durante a audiência, uma comitiva de sindicalistas de outras categorias e professores da base do Sindeducação se fizeram presentes no Fórum, em solidariedade a atual presidente do sindicato, Elisabeth Castelo Branco.

Presidente do Sindeducação, Elisabeth Castelo Branco não presta contas há dois anos
Política

Último relatório contábil apresentado pela atual gestão foi o de 2013, que ainda foi aprovado com ressalvas

A professora Elisabeth Castelo Branco, presidente do Sindicato dos Profissionais do Magistério da Rede Municipal de São Luís (Sindeducação), parece ter algo a esconder. Ou mesmo muito coisa.

Site do Sindeducação mostra que transparência não é muito o forte da atual presidência do sindicato
Sindeducação Cadê o dinheiro que era pra estar aqui? Site do Sindeducação mostra que transparência não é muito o forte da atual presidência do sindicato

No comando da entidade desde novembro de 2012, a última prestação de contas que Elisabeth apresentou foi a referente aos exercício financeiro de 2013, que ainda chegou a ser aprovada, porém com ressalvas. De lá pra cá, os prazos estouraram, desculpas foram dadas, a presidente passou a confundir o público como o privado, e nunca mais deu qualquer satisfação sobre as receitas e as despesas com a verba do sindicato, o que aponta para suspeitas de subtração dos recursos da categoria.

É o que percebe quem tenta acessar os relatórios contábeis referentes aos anos de 2014 e 2015 na sessão "Transparência Sindeducação", lançado no site do sindicato logo no início do mandato, sob a pregação de ética e moralidade administrativa.

Uma das movimentações financeiras furtivas diz respeito a um baile de Carnaval que deveria ter sido realizado este ano.

Apesar dos filiados já pagarem a contribuição sindical, Elisabeth Castelo Branco cobrou a quantia de 15 reais por um abadá que daria acesso à festa que, sem maiores explicações, foi cancelada, e a quantia arrecadada e o que se fez com ela nunca foi divulgada.

A falta de transparência deve chegar ao Tribunal de Contas da União (TCU) e ao Ministério Público (MP) do Maranhão, que têm legitimidade para fiscalizar se os recursos da contribuição sindical estão sendo utilizados no custeio de atividades que realmente dizem respeito ao estatuto da entidade e ao previsto orçamentariamente pela assembléia geral do Sindeducação.

No caso do MP-MA, caso seja detectada irregularidades nas prestações de contas ocultadas, Elisabeth Castelo Branco pode ser levada a Justiça por suspeita de malversação e dilapidação de patrimônio com indícios de apropriação indébita de valores pertencentes ao patrimônio do sindicato.

O caso pode terminar em cadeia.